sábado, 21 de dezembro de 2019

Livros de Páginas Abertas para o Natal

São muitos e bons! Falamos dos livros que podem tornar o nosso Natal um pouco mais mágico. Trazê-los todos até aqui é tarefa herculiana nesta fase do ano. Nos últimos dias, fomos  deixando algumas sugestões. Hoje, pensando em todos aqueles que ainda andam por aí à procura de inspiração para presentes, ficam mais estas.  O melhor de tudo é entrar nas  pequenas livrarias independentes e conhecer todos os livros fantásticos que abrem as páginas ao Natal!

Urso Castanho, Urso Castanho, O que vês aqui?

Porque o Natal sem mestre Eric Carle não seria a mesma coisa, aí estão duas edições cartonadas de cantos arredondados para encaixarem nas mãos mais pequenas! 
É com imenso prazer que, pelo terceiro ano consecutivo, aqui fazemos esta afirmação.  Urso Castanho, Urso Castanho, O que vês aqui? com texto de Bill Martin Jr. e ilustrações de Eric Carle chega pela primeira vez a Portugal. Inesquecível, A Joaninha Resmungona volta a visitar-nos, desta feita em versão cartonada.


Os animais exibem-se em páginas duplas. A mestria da cor percorre-os a todo o comprimento. A técnica da repetição faz com que os mais pequenos rapidamente se apoderem da história e a contem como se a conhecessem desde sempre. 


- Urso Castanho, Urso Castanho,
O que vês aqui?
- Vejo um pássaro vermelho a olhar para mim. 
 Pássaro Vermelho, Pássaro Vermelho,
O que vês aqui?


O Urso Castanho,  um pássaro vermelho, um pato amarelo, uma rã verde, um cavalo azul... São muitos e bem coloridos, os animais que, a cada dupla página, vão passando o testemunho até à surpresa final.  Por último, a evocação de todos os animais intervenientes e das respectivas cores revela-se um delicioso jogo de memória. E também uma descoberta de sorrisos nos rostos dos mais pequenos.

A Joaninha Resmungona


O que nós gostamos desta Joaninha! Sim, é resmungona. Mas é com ela que aprendemos que a má educação nunca ganhará à amabilidade e às boas maneiras. Gananciosa, incapaz de partilhar e de agradecer, ela passeia-se pelo livro desafiando tudo e todos. Independentemente do tamanho dos animais com que se cruza, está sempre pronta para lutar com eles...


Um livro encantador, onde se viaja por terra, ar e mar, conhecendo-se os animais dos respectivos habitats. As páginas apresentam-se de diferentes dimensões, crescendo à medida que as horas do dia avançam e a história se vai desenrolando. Já tínhamos saudades da resmunguice da pequena criatura que todos devem conhecer!

Os Adultos? Nunca!
                                                                                                    
A dupla é de peso. Davide Cali Benjamin Chaud, autores já bem conhecidos (Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque... Cheguei Atrasado à Escola Porque... ) estão de volta à Orfeu Negro com mais um hilariante  livro. Os adultos nunca se portam mal. Nunca gritam, nunca dizem palavrões, nunca fazem batota, nunca falam de boca cheia, nunca arrotam... 
E nunca fazem muitas outras coisas. 




E se assim é, não há nenhuma razão para que não sejam o modelo a seguir pelos mais pequenos. Certo?   


As ilustrações de Chaud são, como já nos habituou, um hino à imaginação. Um livro bem divertido e capaz de provocar muita gargalhada neste Natal. Para ler em família. Porque, acrescentamos nós, os adultos nunca têm falta de sentido de humor...


Contos Ao Telefone

Alegrem-se os rodarianos! Em 2020 comemora-se o centenário do nascimento de Gianni Rodari. Em  jeito de presente de Natal, a Kalandraka acaba de nos brindar com este  precioso tesouro. Não são 30, nem 40... São 70 contos! Singularmente ilustrados por Pablo Otero e que lhe valeu o  Prémio ISAAC DÍAZ PARA O MELHOR LIVRO ILUSTRADO em 2011. A geometria das figuras e das formas de Otero resulta num casamento perfeito com a brevidade dos contos de Rodari. 
Há dois anos, a Casa dos Hipopómatos iniciou um serviço de contos ao telefone. Bastava telefonar para ouvir uma dessas curtas e divertidas histórias com que o caixeiro Bianchi presenteava a sua filha todas as noites. Histórias que beberam a sua inspiração tanto nos clássicos como nos contos tradicionais. O Despaís, A Estrada de Chocolate, O Prédio de Gelado, A Estrada que não Ia Para Lado Nenhum... foram apenas alguns dos contos que, com algumas doses de nonsense, divertiram miúdos e graúdos. Uma actividade que retomaremos em 2020, agora dispondo destes 70 magníficos contos inspirados ora em contos tradicionais ora nos clássicos. 



Mas os Contos ao Telefone contados pelo senhor Bianchi também falavam de coisas tristes como a guerra. A Palavra Chorar, um dos nossos preferidos, começa assim : Esta história ainda não aconteceu, mas de certeza que vai ter lugar amanhã. Ei-la.
Vão, vão até lá e surpreendam-se!

 NINA

Benji Davies dispensa apresentações. O autor de A Baleia e O Regresso da Baleia, Olharapo,  A Ilha do Avô e o Pássaro da Avó, regressa à Orfeu Negro. Desta feita  com Nina, a girina mais pequena da lagoa. Apesar do seu tamanho, Nina parece ser a única que não tem medo do Grande Glup, o peixe mais assustador que vivia nas profundezas das águas e fazia as suas aparições na escuridão da noite. A pequena Nina não parecia acreditar muito na sua existência. Mas pelo sim pelo não, preferia andar com boa luminosidade e quando o sol se punha, escondia-se cuidadosamente atrás das rochas e das plantas. Tudo, na esperança de não ser encontrada pelo monstro Glup. À volta de Nina, a quase-rã, todos cresciam. Todos,  menos ela. 



Nina ia contando os irmãos e as irmãs girinas, que pareciam desaparecer... sem que ela soubesse para onde iam. Seria obra do  Grande Glup? Esta é uma história sobre medo e crescimento, com ilustrações deslumbrantes. Ou não fosse um livro de Benji Davies.

A Cabra Zlateh



Um Natal sem
Maurice Sendak seria sempre mais pobre. Mas a chegada de A Cabra Zlateh, o primeiro livro infantil de Isaac Bashevis Singer, escrito em 1966, e ilustrado por Sendak, enriquece todos os amantes da leitura.
Um livro muito premiado e traduzido em várias línguas, que reúne sete contos tradicionais judaicos que se desenrolam numa povoação de tolos. 
Ainda que só agora tenha chegado a Portugal, este é um livro precioso que alia o encanto da oralidade e a genialidade das ilustrações de Maurice Sendak, que aqui evocam as antigas gravuras e nos deslumbram com a riqueza dos detalhes. 
Adoramos percorrer O Paraíso dos Tolos e percorremos cada canto deste livro com o prazer de quem, finalmente, o pode ler em português.

Este é, seguramente, um livro que nos acompanha para 2020.


 Boas Festas & Boas Leituras, desejam os Hipopómatos!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

3. Natal Sem Livros? Não seria a mesma coisa...


3. ASSIM OU ASSADO

A vida é feita de escolhas. Certo ou errado? Frito ou grelhado? ASSIM OU ASSADO? 
Pouco nos importa, porque a nossa escolha de hoje seria sempre o último livro do Planeta Tangerina, com texto de Ana Pessoa e ilustrações de Yara Kono.
Foi amor à primeira vista. E talvez por se sentir amado, o livro teima em seguir-nos por todo o lado. É uma genial brincadeira entre palavras. Há as que se associam, há as que se contrapõem. Juntas, fazem-nos parar a cada dupla página para pensar no que realmente nos transmitem.  A cadência rimada confere-lhe uma quase musicalidade, como se pudesse dançar nas mãos do leitor. 
Na contracapa podemos ler: Bem-vindos a este poema feito de escolhas e alternativas. Agora ou nunca? Agora, respondemos nós. As deliciosas ilustrações de Yara Kono revelam-se uma espécie de casa perfeita, onde se aconchegam as palavras de Pessoa.  


Mole ou duro? Claro ou escuro? Três ou quatro? Cinema ou teatro? Bruxa ou fada? Tudo ou nada? Tarde ou cedo? Amargo ou azedo?


A decisão é vossa. Escolham! Porque Natal sem livros não é a mesma coisa... Parar ou correr? Ignorar ou Ler?     

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

2. Natal sem Livros? Não seria a mesma coisa...


2. Histórias da Mamã Ursa

Já festejámos! A premiada autora belga Kitty Crowther chegou a Portugal pela mão da Orfeu Negro. Com uma obra com mais de quarenta livros, a autora de Poka & Mine, Moi et Rien e Le Petit Homme et Dieu, entre outros, foi distinguida, em 2010, com o Astrid Lindgren Memorial Award. Na altura, o júri elogiou o profundo humanismo que percorre toda a sua obra. 
Histórias da Mamã Ursa é um bom exemplo. Apaixonada confessa por mitologia e por contos populares, Crowther, filha de mãe sueca, recupera aqui algumas histórias da tradição oral nórdica para contar aos mais pequenos na hora de deitar. 
O cenário é familiar. No quarto, o pequeno urso prepara-se para dormir e a seu lado a Mamã Ursa aconchega-o para uma bela noite de sono. A ausência de livro na mão da mãe poderia indiciar a falta do hábito de leitura da história antes de adormecer. Mas desde o início que percebemos que assim não é, uma vez que o pequenote pede à mãe que lhe conte não uma, mas três histórias! Um pedido aceite sem hesitações, até porque acompanhado de tês "por favor"... Um para cada história.



O leitor compreende rapidamente tratar-se de um ritual entre mãe e filho. O pequeno sabe bem as histórias que quer ouvir e pede à mãe que comece por aquela que diz que temos de ir dormir. Depois virá a história da menina que se perdeu com a sua espada e, finalmente, a do senhor que usava um casacão e que perdeu o sono. Em todas, Crowther utiliza os elementos característicos e identificadores do seu trabalho: os elos à mãe natureza. Comum a toda a sua obra são os animais, as plantas, a água...


A Mamã Ursa revela-se uma exímia contadora, encantando pequenos e grandes ouvintes com o relato das três magníficas histórias. A primeira fala-nos da guardiã da noite que com o seu gongo adormece toda a floresta.  A segunda apresenta-nos Zhora, uma menina que sonha encontrar a maior amora azul-escura da floresta, o que a leva a viver algumas aventuras. Por último, conhecemos Bo que, a conselho do seu melhor amigo, acaba mergulhando no grande mar, de onde regressa com o sono que lhe faltava e com uma pedra-poema... Certo é que todos acabam encontrando a estrela que os guiará até à alvorada. O mesmo acontecendo, obviamente, com o pequeno urso.


A cada final de história, voltamos ao quarto do pequeno urso, onde a cor rosa se intensifica, mostrando que não é em vão que desejamos sonhos cor-de-rosa às nossas crianças. As últimas páginas não necessitam sequer de palavras para nos revelar as razões do pedido das três histórias por parte do pequeno urso. E bem assim o segredo do talento da Mamã Ursa!
Um final à Crowther, autora de quem sempre mostramos o livro Le Petit Homme et Dieu, esse genial encontro entre um homem e Deus. 
Aventurem-se Mamãs! E sonhos cor-de-rosa.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Natal sem Livros? Não seria a mesma coisa...




Não é uma lista. São apenas algumas sugestões que deixamos para quem, como nós, não imagina um Natal sem dar e receber... Livros.

 1. O Cão de Milu 

Da autoria da húngara Mariann Máray, esta foi a obra vencedora do XII Prémio International de Compostela para Álbuns Ilustrados, organizado pela editora Kalandraka em parceria com município de Santiago de Compostela.
Nesta história, Milu não é nome de cão, mas sim de uma menina que gosta tanto dos amigos de quatro patas que deseja fortemente ter um. Pouco lhe interessa o tamanho, a cor, o feitio... Milu quer um cão!
Um dia, ao regressar a casa, cruzou-se com uma "bola grande e peluda" e não teve dúvidas de que aquele seria o seu cão. A cerimónia do batismo foi imediata. Peluche, assim lhe chamou Milu, saltou de alegria com a boa notícia. A partir desse momento, tornaram-se inseparáveis, partilhando jogos, brincadeiras, pescarias... Como todos os cachorros, Peluche adorava brincar. E adorava a dona. O tempo foi passando e o cão de Milu crescia a olhos vistos. O que não a espantava,  já que o seu cão era dono de uma voraz apetite, comendo tudo o que os cães normalmente comem, e ainda frutos do bosque e... mel!


Para sermos rigorosos, nada em Peluche espantava a menina. Nem o facto de ele caminhar sobre duas patas nem o facto de ele não ladrar. Porque ela sabia que o seu cão era mesmo especial! Ainda assim, estava na hora de uma visita ao veterinário.


Na sala de espera, Peluche pareceu causar uma assustadora sensação. Milu não entendeu o porquê das estranhas reacções, quer dos humanos ali presentes, quer dos outros animais, já que o seu cão era a criatura mais dócil e tranquila que ela conhecia. Mas o pior estava para vir.  O diagnóstico do veterinário terá sido tão inesperado para a menina quanto para Peluche. Segundo o entendido, tratava-se de um animal muito perigoso. 

 - Nunca reparaste que não é um cão?
    Este animal é um urso!


Um livro que se destaca pela narrativa textual simples e directa, enriquecida pela beleza da linguagem pictórica que se espraia por ilustrações de duplas páginas, capazes de nos fazer pensar que visitamos um qualquer museu. Máray parece celebrar a cor, apresentando-a aos leitores como se de um festim se tratasse. Tons vermelhos, laranjas, rosas, azuis... cores fortes e vibrantes  que se misturam numa harmonia incomum e resultam numa multiplicidade cromática estonteante. 
O júri do Prémio Compostela, que tivemos o privilégio de integrar, destacou ainda uma certa estética naif como forma de proximidade ao universo infantil.  


Esta é uma história de amizade incondicional. Todos nós, os que temos um animal de estimação, conseguimos rever-nos neste sentimento profundo que Milu sente por Peluche. Afinal, todos os nossos animais são mesmo especiais. E o Peluche? Perguntam vocês a esta altura. 
Abram o livro e descubram como irá ele passar o Natal depois de ter sido enjaulado no Zoo. 
Apenas vos dizemos que o final desta história é tão simples quanto genial. Tal como deveria ser a vida. Simples e genial.

domingo, 8 de dezembro de 2019

Há Festa na Casa dos Hipopómatos!


Catarina Correia Marques

A Casa dos Hipopómatos comemora, este fim de semana, o 4º aniversário! Sábado e domingo, das 11 às 19h, vamos ter histórias, workshops, iguarias várias & livros a preços hipopomatizados. Consultem a agenda e venham! Estamos à vossa espera para cantar os Parabéns aos Hipopómatos.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Um Milhão de Rebuçados ou a história de um livro sem tosses


São tão bons, tão bons, que até se vendem nas farmácias! Os livros? 
Não, os rebuçados. Mas bem poderiam, ou melhor, deveriam ser ambos. Porque os milhões de rebuçados que a editora Pato Lógico decidiu desenrolar no livro recém editado são mesmo muito bons! 
Apetece dizer : REBUÇADOS E LIVROS À VENDA NAS FARMÁCIAS, JÁ! 
Os primeiros são amigos do peito. Os últimos, do coração.


Antes mesmo de referir o nome, a grande maioria já os reconheceu. Os tons vermelho e azul, o rosto a tossir... Sim, são os rebuçados Dr. Bayard. Avulsos ou em pacotinhos, acompanham-nos há  décadas, transportando uma mensagem que já vem do tempo dos avós e dos pais:
Não sofra mais, experimente os rebuçados peitorais.


Com texto de Inês Fonseca Santos e ilustrações de Marta Monteiro, o livro surge no âmbito da comemoração dos 70 anos dos rebuçados do Dr. Bayard e desenrola muitos rebuçados para nos contar a história da incrível amizade que deu origem ao nascimento destes amigos do peito.


Para revelar tudo ao leitor, Fonseca Santos escolheu um sortudo petiz que vive na rua da fábrica dos rebuçados Dr. Bayard, uma rua com cheiro e sabor a rebuçados. À boleia da sua bicicleta e dos muitos rebuçados que vai saboreando, conhecemos Álvaro Matias,  o grande responsável por estarmos aqui hoje a falar dos rebuçados, e o médico francês Dr. Bayard.   O acaso apresentou-os numa mercearia ali para os lados de São Bento. O primeiro deixara a aldeia para trás e chegara a Lisboa em busca de uma vida melhor. O segundo fugira dos horrores da guerra e procurara refúgio entre nós. Uma amizade improvável noutra qualquer altura? Talvez. Mas, partilhando o pouco ou muito que tinham, tornaram-se amigos inseparáveis. 

                                                                                                                                        
Com o fim da guerra, o médico pode finalmente, voltar a França. Não sem que antes entregasse ao amigo português uma lata onde se via desenhado um senhor a tossir. Lá dentro, a receita dos rebuçados capazes de eliminar todas as tosses. E foi essa receita, sem quantidades especificadas, que Álvaro Matias tornou num projecto de vida. Seu e da família.


O livro revela todo o percurso das bolinhas medicinais. As tentativas, as experiências diversas, as primeiras maquinetas inventadas por Álvaro, a venda de porta a porta... o sucesso dos nossos amigos do peito, o aperfeiçoamento dos métodos, as primeiras máquinas a sério vindas de Itália. Uma gigantesca viagem que culmina na Fábrica que hoje produz Um Milhão de Rebuçados por dia e onde trabalham 16 pessoas. Entre elas, um filho e dois netos de Álvaro Matias. Ah, e porque o pequeno vizinho da fábrica é mesmo curioso até ficamos a saber os ingredientes... ou quase todos.


Um livro que prende o leitor do princípio ao fim. As palavras cativam-nos, desvendando, de forma magnífica, uma história que poucos saberiam. As deliciosas ilustrações de Marta Monteiro, com a exclusiva paleta de cores do invólucro dos rebuçados, acrescida do dourado associado ao ditos, fazem-nos percorrer cada recanto do livro com água na boca. 


Deixem-se de tosses! Não sofram mais, saboreiem o livro e os rebuçados peitorais. Do Dr. Bayard.


E não saímos dos domínios da editora Pato Lógico sem vos dizer que  a colecção   Grandes Vidas Portuguesas já conta com mais dois títulos. Sim, saem aos pares!


Sophia de Mello Beyner Andresen. Quem era Sophia?  com texto de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada e ilustrações de Sara Feio. 
Carmen Miranda. Eu Fiz Tudo Pra Você Gostar de Mim, com texto de Tito Couto e ilustrações de Sofia Neto. Podem ler mais sobre a colecção e outras biografias aqui e aqui.

domingo, 24 de novembro de 2019

Parabéns!

Parabéns aos vencedores do sorteio! Aguardamos  que nos enviem as moradas para podermos enviar os livros. Obrigada a todos os que passaram por cá e nos deixaram palavras tão carinhosas. Obrigada, mais uma vez, à editora Kalandraka.


E os vencedores são:
Susana Corvas - Estamos Todos na Sarjeta com João e Rui de Maurice Sendak
Sandra H. - Agora Não, Tiago de David Mckee
Joana Rita - Urso Castanho, Urso Castanho, O que vês aqui? de Bill Martin Jr. e Eric Carle
Daniela Ferreira-Cornelius de Leo Lionni
Susana Moura - Chico - Chorão de Maurice Sendak
Catarina Valente Cornelius de Leo Lionni

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Hipopómatos em Festa II


aqui vos dissemos que sábado comemoramos o 8º aniversário do blogue. Que queremos festejar com todos vocês que, ao longo destes anos, nos seguem e nos fazem ter vontade de continuar. 
Com a amável colaboração da editora Kalandraka que se associou à nossa festa, sorteamos não cinco, mas 6 fantásticos livros. De segunda a sábado, um livro por dia. Felizes por poder anunciar:
Estamos Todos na Sarjeta com João e Rui de Maurice Sendakacabadinho de chegar a Portugal, mas com um lugar cativo na nossa casa há muitos anos.
Chico - Chorão de Maurice Sendak
Agora Não, Tiago de David Mckee
Cornelius de Leo Lionni ( 2 exemplares )
Urso Castanho, Urso Castanho, O que vês aqui? de Bill Martin Jr. e Eric Carle
Já conhecem as regras. Para se habilitarem, basta que deixem aqui o vosso comentário ( sobre o blogue, livros...). O único requisito é que sejam seguidores inscritos. Contamos com todos. Porque queremos continuar a dar-vos boleia...

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Hipopómatos em Festa!


Foi assim que, há 8 anos, nasceu o blogue dos Hipopómatos. Mais precisamente no dia 23 de novembro. Esta semana, queremos festejar com vocês, que ao longo destes anos nos seguem e nos fazem ter vontade de continuar. Sorteamos 5 livros. Para se habilitarem basta que deixem aqui o vosso comentário ( sobre o blogue, livros...). O único requisito é que sejam seguidores. Contaremos com todos. Porque continuamos a querer dar-te boleia...

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

De Coração Aberto e Cabeça Desanuviada... nas Novidades da Fábula


Bem podem as pernas ser longas e o coração estar aberto a tanta novidade. Depois, é tudo uma questão de cabeça... São muitas as novidades com que, mês após mês, a Fábula brinda os seus leitores. A americana Corinna Luyken, autora de O Livro dos Erros, está de volta com mais dois livros. O Meu Coração, de que é autora de texto e ilustração e O André Semeão Não Tem Um Cavalo, onde assina as ilustrações. A colecção Pé de Pato, agora com um figurino de capa dura, revisita-nos com mais dois títulos: Sou do Tamanho do Que Vejo, Antologia de Poesia de Fernando Pessoa, com ilustrações de Jaime Ferraz A História do Esperto e Outras Histórias de Ana Castro Osório, ilustrado por Luís Manuel Gaspar. A dupla Nadine Brun-Cosme (autora de Lobo Grande & Lobo Pequeno) e Aurelie Guillerey, que já conhecemos de Papá das Pernas Longas, volta com Artur e as Pessoas Muito Apressadas.



Ainda colada às nossas mãos está a novidade mais recente, A Tua Cabeça é como o Céu de Bronwen Ballard e Laura Carlin, ilustradora  premiada e com um trabalho que muito gostamos. The Iron Man, com texto de Ted Hughes, talvez seja o seu livro mais conhecido, mas The Promise, King of the Sky, ambos em parceria com Nicola Davies ou A World Of Your Own, em que assina texto e ilustração, são alguns dos livros fantásticos que habitam a Casa dos Hipopómatos. Foi, pois, com a cabeça bem azul e sem nuvens que festejámos a sua chegada.



A tua cabeça é como o  céu. 
Às vezes está azul e sem nuvens. 
Outras vezes está nublada, 
e tempestuosa 
e escura 
e prestes a rebentar.
Muitas vezes
está só
um bocadinho cinzenta.

Ballard, a autora do texto, é psicóloga e acredita que a prática do mindfulness ajuda as crianças a lidar melhor com os seus pensamentos, a entender com mais naturalidade o que lhes passa pela cabeça, compreendendo que até os sentimentos mais negativos são normais. Tanto, quanto o céu estar azul, cinzento ou negro. Para quem ainda não ouviu falar de mindfulness, podemos dizer, de forma simples, que se trata de uma "prática mental", com origem no budismo, que ensina as pessoas a lidar com os pensamentos e as emoções, levando-os a entender que nem todos se virão a concretizar, de nada valendo o sofrimento por antecipação. Como escreve Ballard, que no fim do livro deixa algumas propostas para os adultos praticarem com as crianças, quando praticamos mindfulness começamos a perceber que embora os nossos pensamentos possam parecer reais, não são mais do que meros pensamentos, e não precisamos de segui-los sempre para onde nos tentam levar.


Na linguagem metafórica e algo poética que estrutura todo o livro, a cabeça é como o céu e os pensamentos são como as nuvens. As brancas, fofinhas e bonitas correspondem, obviamente, aos pensamentos positivos. As frases são inteligentemente escolhidas. “Olha o que eu consigo fazer”, que tantas vezes ouvimos às crianças é um dos exemplos apontados. Ao contrário, quando pensamos algo como “Eu não percebo nada disto" ou “ Nunca vou conseguir fazer isto bem”, os pensamentos são como nuvens chuvosas, escuras e feias.


Os destinatários estão identificados à partida. Tratados por tu, tudo lhes é explicado num discurso directo e de proximidade. 
Ou então podes experimentar este truque inteligente . Quando um pensamento parecido com uma nuvem chuvosa aparecer na tua cabeça , podes dizer: "Oh! É um pensamento que parece uma nuvem chuvosa". E depois repara em todos os pensamentos parecidos com nuvens brancas e fofinhas.



Afinal, cada pensamento é só um no meio de centenas e milhares de outros pensamentos que podemos ter.  Se se trata de uma nuvem chuvosa, talvez a possamos deixar flutuar para longe até desaparecer... São várias as sugestões para lidar com o que pode vir a transformar-se num problema. Há pensamentos grandes e barulhentos, pensamentos pequenos e silenciosos, pensamentos rápidos e apressados, e outros um bocadinho assustadores... Talvez o truque seja mesmo ver o céu todo para podermos escolher quais os pensamentos a que queremos prestar mais atenção.



O trabalho de Carlin tem sempre algo de nostálgico, de infinitamente contemplativo e este não foge à regra. Aguarela, acrílico, lápis de cor, são alguns dos materiais que utiliza na obtenção de paletas de cores que têm tanto de suaves quanto de harmoniosas. Os jogos de sombras e os desenhos algo difusos, em jeito de esboço, parecem ter o dom de nos levar por uma infância que não queremos largar.
Queiram ou não praticar mindfulness, com ou sem crianças, com maior ou menor meditação, este é um livro onde devem entrar. E onde vale a pena demorarem-se.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Muitas e boas! São novidades com chancela Kalandraka

Entre reimpressões e novas edições, são muitas as preciosidades com que a Kalandraka brinda os seus leitores ao longo deste último mês. Elencamos apenas algumas, mas voltaremos a falar de todas.


Luxo! Maurice Sendak chega duas vezes. Estamos Todos na Sarjeta com João e Rui e A Cabra Zlateh e Outras Histórias, sete contos tradicionais judaicos contados por Isaac Bashevis Singer e ilustrados por Sendak, já andam pelas livrarias. Uma fantástica edição dos Contos ao Telefone (70) de Gianni Rodari, magistralmente ilustrada por Pablo Otero. Os mais pequenos são contemplados com mais duas fantásticas histórias de Eric Carle. Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?, o delicioso livro feito em parceria com  Bill Martin Jr. e a inesquecível Joaninha Resmungona que volta em versão cartonada. Virginie Aladjidi e Emmanuelle Tchoukriel, os autores dos Inventários Ilustrados, regressam com um deslumbrante  compêndio sobre a diversidade do planeta. 

 

De volta está também Jimmy Liao. A chegada de mais um dos seus livros (e que livro!)   não nos permite esquecer que até há alguns anos a sua obra era quase desconhecida em Portugal. Ainda hoje, são muitos os que entram pela nossa Casa e se deslumbram, pela primeira vez, com os seus livros. Noite Estrelada e Esconder-se Num Canto do Mundo,  os últimos dois livros do autor editados entre nós, contribuíram grandemente para aumentar  o número de leitores incondicionais de Liao. Mais ou menos conhecedores, todos têm novamente razões para se deleitar. Ainda que chegue com algum atraso,  O Som das Cores é, como os outros, um livro intemporal. 


No ano em que o meu Anjo se despediu de mim à entrada do metro, perdia aos poucos a visão. 
Assim se apresenta ao leitor a jovem protagonista que, na madrugada do seu décimo quinto aniversário, se determina a empreender uma viagem no metro da grande cidade onde vive. Esse é o inicio do livro, mas também o de uma grande viagem onde  imaginação e realidade parecem fundir-se em todos os caminhos que a jovem ousa trilhar.


Não sabemos o nome da personagem ou o lugar onde ela vive, mas ficamos a conhecer a cegueira e a solidão que lhe atravessam a vida. 
Quando a sua obra ainda não existia por cá, escrevemos aqui acerca do Fantástico Mundo de Jimmy Liao, dizendo que ele fala de percursos de vida, dos caminhos que se escolhem ou não, da transitoriedade e finitude da vida. De sentimentos, sonhos, medos, perdas... As personagens que cria não têm nomes, podendo ser qualquer um de nós. As histórias decorrem em lugares que existem em qualquer parte do mundo.


Sozinha no meio de multidões, a rapariga deambula por entre várias carruagens e estações. São muitos os perigos que se podem cruzar com quem não vê e muitas as metáforas visuais que Liao utiliza para os transmitir aos leitores. A dimensão dos perigos é evidenciada pelas proporções gigantescas do que vai surgindo, mas também pelas ausências... A partir de agora, o caminho faz-se a dois tempos. O das memórias e o da imaginação. A viagem é, acima de tudo, interior.


Sonho e realidade são os guias que a conduzem a lugares onde os cheiros e os sons são pintados de todas as cores. O pomar de onde espera que as maçãs sejam tão vermelhas quanto as cerejas, as costas da baleia de onde pode contemplar um céu azul de que já não se lembra... 
Ao entardecer, quem me irá recitar um poema junto à janela? E quando a alegre multidão se for, quem virá aquecer o meu quarto vazio?
Como em todas as histórias de Liao, a par da solidão e da tristeza, a força, a coragem e a liberdade coexistem nos caminhos que traça.
A tristeza de ontem já está esquecida. Tudo o que pode ser esquecido é insignificante.


A cada saída de estação, existe um turbilhão de desafios à sua espera. Um olhar mais atento leva-nos a concluir que Liao não a deixou sozinha. No meio de um mundo de gigantescos perigos, uma pequena criatura parece ter sido ali colocada para, a uma distância segura, zelar por ela. A cada página, tentamos descobri-la. Porque tememos pelo desfecho desta história inacabada.
Liao é mestre em pintar sentimentos ou estados de alma. A solidão, a melancolia ou a esperança chegam até nós, leitores, através de um simples jogo de cores ou de uma carruagem vazia. O sentido ou dessentido da vida é o fio condutor que prende, sofregamente, miúdos e graúdos a cada um dos seus livros. 


Jimmylianos de corpo e alma, reafirmamos a nossa paixão pelos sua obra repleta de poesia, de uma estonteante beleza e com uma forte dimensão onírica. O Som das Cores é dedicado a todos os poetas, termina com palavras de Rainer Maria Rilkee e, à semelhança de Desencontros,  começa com as de Wislawa Szymborska, a polaca vencedora do Prémio Nobel em 1996.

É uma grande fortuna
não sabermos com precisão
em que mundo vivemos.