Mostrar mensagens com a etiqueta Marta Monteiro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Marta Monteiro. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Um Milhão de Rebuçados ou a história de um livro sem tosses


São tão bons, tão bons, que até se vendem nas farmácias! Os livros? 
Não, os rebuçados. Mas bem poderiam, ou melhor, deveriam ser ambos. Porque os milhões de rebuçados que a editora Pato Lógico decidiu desenrolar no livro recém editado são mesmo muito bons! 
Apetece dizer : REBUÇADOS E LIVROS À VENDA NAS FARMÁCIAS, JÁ! 
Os primeiros são amigos do peito. Os últimos, do coração.


Antes mesmo de referir o nome, a grande maioria já os reconheceu. Os tons vermelho e azul, o rosto a tossir... Sim, são os rebuçados Dr. Bayard. Avulsos ou em pacotinhos, acompanham-nos há  décadas, transportando uma mensagem que já vem do tempo dos avós e dos pais:
Não sofra mais, experimente os rebuçados peitorais.


Com texto de Inês Fonseca Santos e ilustrações de Marta Monteiro, o livro surge no âmbito da comemoração dos 70 anos dos rebuçados do Dr. Bayard e desenrola muitos rebuçados para nos contar a história da incrível amizade que deu origem ao nascimento destes amigos do peito.


Para revelar tudo ao leitor, Fonseca Santos escolheu um sortudo petiz que vive na rua da fábrica dos rebuçados Dr. Bayard, uma rua com cheiro e sabor a rebuçados. À boleia da sua bicicleta e dos muitos rebuçados que vai saboreando, conhecemos Álvaro Matias,  o grande responsável por estarmos aqui hoje a falar dos rebuçados, e o médico francês Dr. Bayard.   O acaso apresentou-os numa mercearia ali para os lados de São Bento. O primeiro deixara a aldeia para trás e chegara a Lisboa em busca de uma vida melhor. O segundo fugira dos horrores da guerra e procurara refúgio entre nós. Uma amizade improvável noutra qualquer altura? Talvez. Mas, partilhando o pouco ou muito que tinham, tornaram-se amigos inseparáveis. 

                                                                                                                                        
Com o fim da guerra, o médico pode finalmente, voltar a França. Não sem que antes entregasse ao amigo português uma lata onde se via desenhado um senhor a tossir. Lá dentro, a receita dos rebuçados capazes de eliminar todas as tosses. E foi essa receita, sem quantidades especificadas, que Álvaro Matias tornou num projecto de vida. Seu e da família.


O livro revela todo o percurso das bolinhas medicinais. As tentativas, as experiências diversas, as primeiras maquinetas inventadas por Álvaro, a venda de porta a porta... o sucesso dos nossos amigos do peito, o aperfeiçoamento dos métodos, as primeiras máquinas a sério vindas de Itália. Uma gigantesca viagem que culmina na Fábrica que hoje produz Um Milhão de Rebuçados por dia e onde trabalham 16 pessoas. Entre elas, um filho e dois netos de Álvaro Matias. Ah, e porque o pequeno vizinho da fábrica é mesmo curioso até ficamos a saber os ingredientes... ou quase todos.


Um livro que prende o leitor do princípio ao fim. As palavras cativam-nos, desvendando, de forma magnífica, uma história que poucos saberiam. As deliciosas ilustrações de Marta Monteiro, com a exclusiva paleta de cores do invólucro dos rebuçados, acrescida do dourado associado ao ditos, fazem-nos percorrer cada recanto do livro com água na boca. 


Deixem-se de tosses! Não sofram mais, saboreiem o livro e os rebuçados peitorais. Do Dr. Bayard.


E não saímos dos domínios da editora Pato Lógico sem vos dizer que  a colecção   Grandes Vidas Portuguesas já conta com mais dois títulos. Sim, saem aos pares!


Sophia de Mello Beyner Andresen. Quem era Sophia?  com texto de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada e ilustrações de Sara Feio. 
Carmen Miranda. Eu Fiz Tudo Pra Você Gostar de Mim, com texto de Tito Couto e ilustrações de Sofia Neto. Podem ler mais sobre a colecção e outras biografias aqui e aqui.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Um Dia de Loucos, Trinta Ossos Duros de Roer


Há coisas da bruaá! É o que nos apetece dizer quando pomos as mãos neste magnífico livro com que a editora acaba de nos presentear. Um Dia de Loucos, Trinta Ossos Duros de Roer, da autoria do filósofo alemão Walter Benjamin, é aqui ilustrado por Marta Monteiro, num registo inconfundível e fabuloso a que já nos habituou. 


Walter Benjamin, filósofo e ensaísta alemão de origem judaica, de quem sempre lembramos o magnífico Berlin Childhood Around 1900, dedicou alguns anos à rádio, onde mantinha um programa para crianças, cujos textos viriam mais tarde a ser compilados. Um Dia de Loucos foi a história transmitida na Rádio de Frankfurt em 6 de Julho de 1932.


Hilariante, divertido e muitas vezes sem sentido... O aviso chega logo no inicio: na história que vamos ler, muita coisa não bate certo. Mas daremos todos por isso?


15 erros, 15 perguntas. É o que temos de encontrar. A esta altura, já devem estar munidos de lápis e papel, mas não esqueçam que a cabeça é fundamental. Porque, segundo o autor, nesta história o mais importante é pensar.


Com um início surreal, a história começa a desenrolar-se a partir de um enigma que Bruno pensa só conseguir desvendar com a ajuda do amigo António, um Professor Distraído, grande fã das adivinhas e que acaba sempre por resolvê-las.

Qual é a coisa, qual é ela, 
o camponês vê-o muitas vezes, o rei poucas, e Deus nunca? 


Bruno decide, então, ir ter com o amigo, que deveria estar na escola. O percurso que se pensava curto e o encontro que se julgava quase imediato são substituídos por uma série de desvios e peripécias que o próprio vai narrando e que dão origem,  a cada dupla página, a um novo enigma, a uma nova adivinha. E desengane-se o leitor adulto, se os pensa de fácil resolução.



A cada nova pergunta, Bruno responde invariavelmente da mesma maneira: Pois é, isso também eu gostava de saber. E o dia, esse, foi mesmo de loucos! 


Um delicioso livro/jogo que encantará miúdos e graúdos, pronto a ser consumido nos serões em família que se avizinham. 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Amores de Família

AVISO AO LEITOR: ESTE LIVRO CONTÉM UM ABC DOS DEUSES.



Há encontros felizes. Roubamos a frase a Carla Maia de Almeida para falar da sua parceria com Marta Monteiro, de que resultou Amores de Família, o livro recentemente editado pela Caminho


Um álbum de família(s), onde se retrata com arte e subtileza a diversidade que hoje caracteriza esta instituição. Recompostas, monoparentais, com pais do mesmo sexo, de substituição ou adoptivas, as famílias deste livro têm em comum os afectos e as vivências de todos os dias.


Depois do êxito de Irmão Lobo(atravessado pela história de uma família em desagregação), Carla Maia de Almeida volta à temática da família, com uma abordagem que surpreende pela originalidade. As famílias deste livro são  inspiradas nos principais deuses e deusas da mitologia greco-latina, que a autora considera muito parecidos, afinal, com os humanos (tirando os poderes sobrenaturais).


Texto e ilustração fundem-se numa sóbria harmonia, resultando num livro singular e de poética beleza. Os textos curtos e magníficos,  dispostos lateralmente a cada página, cedem a largueza da dupla página às ilustrações de Marta Monteiro, que nela se espraiam como retratos vivos do dia a dia de cada uma destas famílias.


Usufruindo do fundo branco, os tons quentes e apelativos, com predominância  do azul e do laranja, ilustram na perfeição os afectos de que as palavras dão conta e as múltiplas histórias do quotidiano destas famílias, que podem ser encontradas em qualquer parte do mundo.


É um livro para ler em família. Várias vezes! A cada leitura, deleita-nos ver a forma como os mais novos vão descobrindo as subtilezas e revelando sinais de identidade com esses pais, mães, tios e avós, que têm tudo menos nomes vulgares

Para adormecer, O Pai Neptuno conta cavalos-marinhos. Quando se zanga, levanta uma tempestade em casa que faz os barcos pequenos sentirem-se ainda mais pequenos. Assim que acalma, a maré baixa.


Energética e superorganizada (a Mãe Minerva), adora fazer listas de compras e planear as refeições da semana, seguindo os conselhos da roda dos alimentos. Com ela, as crianças sabem que nunca hão de encontrar comida de plástico na mochila.


O glossário existente no final do livro, certamente, tranquilizará os menos familiarizados com estas "coisas de deuses". Ao mesmo tempo que nos chama a todos para outra... e mais outra leitura! Procurando um lugar, escolhendo os nossos deuses...


E relembrando outros livros e outras famílias que ainda hoje fazem parte da nossa memória. Nos anos 80,  Jorge Listopad escreveu no seu Álbum de Família:

16 desenhos
7 homens e 7 mulheres
Mais um casal
Mais 1 anjo
Esta é a minha família.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

SOMBRAS

 Hoje, a escolha é... SOMBRAS.


 Dia 1- Virginia Wolf, Kyo Maclear e Isabelle Arsenault, Éditions de la Pastèque.
Dia 2 - Jane, le renard & moi (versão francesa), Isabelle Arsenault e Fanny Britt, La Pastèque. 
Dia 3 - MAMÃ, Mariana Ruiz Johnson, Kalandraka. 
Dia 4- O SENHOR PINA, Álvaro Magalhães, desenhos de Luiz Darocha, Assírio & Alvim.
Dia 5- THE DARKLemony Snicket e Jon Klassen, Orchard Books.
Dia 6- O livro do ano, Afonso Cruz, Editora Objectiva.
Dia 7- FOG ISLAND, Tomi Ungerer, Phaidon.
Dia 8- IRMÃO LOBO, Carla Maia de Almeida e  António Jorge Gonçalves, Planeta Tangerina.
Dia 9- Le ChaperonJimi Lee, Grandir.
Dia 10- A menina de vermelhoAaron Frisch e Roberto Innocenti, Kalandraka.
Dia 11- OUVRE CE PETIT LIVRE (versão francesa), Jesse Klausmeier e Suzy Lee, Kaleidoscope. 
Dia 12- ESTE ALCE é MEU, Oliver Jeffers, Orfeu Negro.
Dia 13- THE DAY THE CRAYONS QUIT, Drew Daywalt e Oliver Jeffers, Harper Collins.
Dia 14- UMA ONDA PEQUENINA, Isabel Minhós Martins e Yara Kono, Planeta Tangerina. 
Dia 15- THE SUN IS YELLOW Kveta Pacovska, Tate. 
Dia 16- O Dia em Que O Senhor  Bonifácio Ficou em Casa Doente, Philip e Erin Stead, Editorial Presença.
Dia 17- HERE I am, Patti Kim e Sonia Sánchez, Capstone.
Dia 18- SOMBRAS, Marta Monteiro, Pato Lógico.