quinta-feira, 22 de março de 2018

Começa numa Semente.



Começa numa semente. Mas o que será, mais à frente? Uma raiz, um rebento, algumas, poucas folhinhas.
Podia ser apenas mais um livro informativo. Sobre árvores, sobre a natureza. No caso, sobre uma espécie específica, a acer pseudoplatanusvulgarmente conhecida como "bordo", cujas sementes são apelidadas de  "helicópteros" pelo facto de rodopiam no ar, ao cair. 


Mas o resultado do encontro entre o texto de Lara Knowles e as ilustrações de Jennie Webber é muito mais do que isso. Uma encantadora e poética abordagem sobre o ciclo da vida,  o papel das árvores no ecossistema, a sua relação com a natureza. 



Página a página assistimos ao crescimento da semente. Acompanhamos o seu percurso desde o momento em que cai na terra até à idade adulta, em que se transforma numa árvore grandiosa. 
Como pode uma plantinha (assim tão pequenininha) tornar-se uma árvore GIGANTE, por demais impressionante?! 


O decurso do tempo é algo intimamente ligado ao seu crescimento e as ilustrações de Webber, com recurso à técnica da gravura, meticulosamente feita à mão, dão-nos conta disso mesmo, revelando a passagem das várias estações do ano. 

Demora muitos verões, outonos e primaveras.


Tão fascinante como o crescimento da árvore é o da vida em seu redor, proporcionando ao leitor o espectáculo da diversidade que ela consegue abrigar. 
Crescem fortes os seus ramos, que dão sombra e abrigo: uma casa onde os animais se sentem fora de perigo.É mais do que uma árvore. É um mundo maravilhoso, com multidões de bichinhos, esquilos e passarinhos, besouros e bicharocos.


Vencedor do prémio Margaret Mallett (Não-ficção infantil), o livro foi recentemente editado entre nós pela Booksmile. Espreitem, espreitem, agora que chegou a Primavera!

quinta-feira, 15 de março de 2018

Sonho


No sonho não há impossíveis. O trabalho de Susa Monteiro parece dizer-nos isso mesmo. 
A dimensão onírica da história é revelada ao leitor através de soberbas e belas ilustrações, dignas de figurar em qualquer museu.


Pintada com cores fortes e intensas, a selva é o cenário que acolhe o sonho. Aqui, observamos cada árvore, tocamos os frutos, impregnamo-nos de todos os cheiros.


Com o azul a predominar no universo dos sonhos, as cores misturam-se numa espécie de  festim aos olhos do leitor. O sonhador respira liberdade. O sonho pula e avança. 


Por entre cometas e estrelas, pelas profundezas do mar, por ilhas encantadas, vulcões, terra por desbravar. Uma viagem feita a dois. E onde a autora parece querer deixar ao leitor  a interpretação de toda a simbologia que a história comporta.


As cores, os rostos, os animais pintados por Susa invocam-nos algumas obras de Paul Gauguin de que tanto gostamos. Mas não nos deixam esquecer que esta é uma ilustradora portuguesa. É nossa!


O destino revela-se uma casa misteriosa habitada por pinturas pré-históricas que, depois de visitadas, parecem ganhar vida própria e reconhecer a essência da liberdade.


Sonho é o novo título da colecção Imagens Que Contam, editada pelo Pato Lógico. Segundo a editora, um espaço de liberdade criativa para ilustradores contadores de histórias. As regras estão definidas: uma narrativa contada exclusivamente através de imagens ao longo de 32 páginas (incluindo guardas), um título com uma palavra apenas e a reinterpretação do logótipo da editora.


Este é um sonho que não nos larga há alguns dias. Um sonho que continuamos a sonhar.