terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A Galinha Ruiva


Chegou A Galinha Ruiva, da Kalandraka. A adaptação do conhecido conto tradicional inglês,  cuja versão mais conhecida entre nós é a de António Torrado,  é da autoria de  Pilar Martinez e ilustrada por Marco Somà. 



Com uma estrutura narrativa simples, baseada na repetição, a história dá corpo ao velho ditado quem não trabuca não manduca. Uma galinha que vive no campo com os seus filhotes encontra uns grãos de trigo e decide semeá-los. 


Para isso, pede a ajuda dos vizinhos: um cão preguiçoso,  um gato dorminhoco e um pato muito malandro. Pouco dados a essas coisas do trabalho, todos recusam colaborar.
A cada etapa do crescimento e transformação dos grãos de trigo, a história repete-se e a Galinha acaba por fazer tudo sozinha. 



Claro que quando o pão fica pronto e o cheiro invade a quinta... eles aparecem! Mas a galinha não tem memória curta e o pão reverte integralmente para as barrigas da casa. 



As ilustrações de Marco Somà, que recentemente ilustrou  A Rainha das Rãs Não Pode Molhar Os Pés, para a Bruaá, traduzem uma linha sequencial do seu trabalho, com semelhanças óbvias entre os dois livros.



A mesma estética é agora utilizada pelo ilustrador para retratar a vida no campo. Com uma predominância de tons ocres, não faltam  os utensílios e a maquinaria típicos da paisagem campestre, dos quais destacamos a fabulosa máquina de semear. 
Também aqui os protagonistas são personagens humanizadas e as ilustrações  estão repletas de magníficas peças de mobiliário e decorativas, desta feita, características da vida no campo. O uso  de elementos comuns aos dois livros parece-nos, aliás, assumido.



O que não falta por cá é gente à espera de comer o produto do trabalho dos outros... Definitivamente, gostamos muito desta Galinha d' armas!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

El ladrón de palabras

Como as cerejas...  As palavras, do último livro de que falámos, levaram-nos a reabrir um outro de que muito gostamos.   

Esta é a versão espanhola do livro com o título original Le petit voleur de mots , da autoria da ilustradora francesa Nathalie Minne. A similitude entre os dois livros reside na temática, girando ambos à volta das palavras e do amor. 

Este é o pequeno ladrão de palavras que à noite, quando a lua ilumina o caminho,  munido do seu equipamento, parte para a cidade em busca de novas palavras para a sua colecção.
Em cima dos telhados, o solitário rapaz  espera que elas saiam pelas chaminés, alegres e ainda quentes do calor dos lares. As que mais gosta são as das histórias que se contam às crianças. E como as palavras sobem depressa e se desvanecem no silêncio da noite, às vezes adormece.
Depois da colheita, regressa ansioso por analisar o resultado. Na sua cabana, as palavras brincam e cantam. Há palavras doces, verdes, roxas de raiva, gordas, estrangeiras e até algumas tão compridas, que é impossível pronunciá-las...
É um ritual festivo, em que se escondem, trepam os móveis, sobem as paredes... Dançam polca, salsa, chachachá e até uma valsa... 
O passo seguinte é classificá-las e guardá-las em frascos, para depois experimentar algumas receitas. Apesar da pouca prática, vai-se habituando às quantidades e consegue mesmo construir algumas histórias que conta aos animais do bosque. 
O inevitável acaba por acontecer e, uma noite, é surpreendido por outro rapaz. O uso de uma palavra de óbvia dificuldade para si, obrigado,  desencadeia o inicio de uma amizade. 

Tudo se  complica, porém, quando se apaixona. Será que o nosso ladrãozeco guarda  palavras de amor? Saberá onde colhê-las? 
Poesia, sensibilidade, ternura, são alguns dos ingredientes que encontramos na receita desta "história lunar", como atesta o próprio rosto das personagens. Um livro de grande formato, em que o texto apenas parece complementar  as  magníficas ilustrações de dupla página.  De tonalidades fortes, com o vermelho a atravessar todas as páginas, nelas é perceptível um profícuo trabalho de colagem.

Deixamos aqui uma das receitas do rapaz:

2 palavras doces
3 palavras molhadas
1 palavra picante
2 palavras quentes


Experimentem  e vejam o que conseguem...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A grande fábrica de palavras

Já o conhecíamos, mas nunca tínhamos lá estado. Desta vez, viajámos até ao país da grande fábrica de palavras, um lugar onde as pessoas quase não falam. Tudo, porque é preciso comprar e engolir as palavras para as poder pronunciar.

Assim, aos pobres pouco mais resta do que as desinteressantes palavras que vão encontrando no lixo, enquanto as crianças tentam apanhar as que são levadas pelo vento. 
Neste país, onde falar sai caro e há palavras que raramente são ditas, há um rapaz apaixonado que gostaria de dizer as palavras certas... mas que só consegue reunir algumas.
"Cereja, poeira, cadeira". Conseguirá ele transformá-las numa declaração de amor?
Uma abordagem sensível e poética sobre o valor das palavras e o uso que lhe damos. Mas não só...
Editado pela Paleta de Letras, ao texto de Agnès de Lestrade, escritora e jornalista francesa, juntam-se as magníficas ilustrações da argentina Valeria Docampo. Uma viagem em tons sépia e castanhos, onde o contraste é assegurado pela vermelhos e laranjas. 


Porque aqui as palavras são caras, não contamos mais... O melhor será darem um pulo até lá...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Roald Dahl

Aos três anos de idade, Matilda aprendeu a ler sozinha a olhar para os jornais e revistas que andavam pela casa. Aos quatro anos, já conseguia ler bem e depressa, e começou naturalmente a sentir uma grande vontade de ter livros. O único livro existente nesta casa tão instruída era qualquer coisa chamada Cozinha Fácil que pertencia à mãe e, depois de o ler de uma ponta à outra e aprender todas as receitas de cor, Matilda chegou à conclusão de que desejava algo mais interessante.


- Papá, será que podía comprar-me um livro? - pediu ela.
- Um livro? - espantou-se ele. - E pra que queres tu o raio de um livro?
- Para ler, papá.
- Qual é o problema da televisão, que diabo? Temos uma bela televisão com um ecrã de doze polegadas e, agora, vens pedir-me um livro! Estás a ficar mimada, minha menina!

Matilda não teve muita sorte com os progenitores... Enquanto a mãe vai jogar bingo com as amigas e o pai, vendedor de automóveis em segunda mão, se entretém a enganar os clientes, a menina é deixada sozinha em casa. 
Rapidamente aprende o caminho da biblioteca. Aos quatro anos e três meses, a lista dos livros que já devorou é impressionante! Que lista!!! Mas ainda lhe sobra tempo para se desforrar daqueles adultos imbecis e todo-poderosos... Descubram como!

Matilda é um livro hilariante, cáustico, subversivo, como são todos os livros de Roald.   Talvez seja  essa a razão do êxito junto dos mais jovens. Mesmo os que não têm hábitos de leitura, não resistem a este mundo povoado de adultos sem escrúpulos, capazes das maiores crueldades! 

Charlie e o Grande Elevador de Vidro, escrito na sequência de Charlie e a Fábrica de Chocolate, é o mais recente livro do autor editado pela Civilização. As ilustrações são, claro, de Quentin Blake. Mais Roald Dahl aqui.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Gatafunhando

Rua da Trombeta, 1 D, Bairro Alto. Não tem que enganar, fica entre a Rua da Rosa e a Rua da Atalaia. Lá dentro, há um espaço cheio de alma e... de livros! É a nova casa da Gatafunho!

Também saltitam por lá fadas, duendes e contadores de histórias. Ontem, estava de serviço "o pior contador de histórias do mundo", o Rodolfo Castro. Motivos mais do que suficientes para ir até lá!


Em tempo de incertezas, apetece-nos dizer Obrigada à Gatafunho. Por existir, por arriscar e persistir!


Ficámos tão encantados com o espaço e com as histórias do nosso contador preferido que quase nos escapava esta surpresa, um cantinho para o calendário dos Hipopómatos! Que felizes ficámos...

 Este é, sem dúvida, um espaço para conhecer e habitar...