terça-feira, 17 de dezembro de 2019

2. Natal sem Livros? Não seria a mesma coisa...


2. Histórias da Mamã Ursa

Já festejámos! A premiada autora belga Kitty Crowther chegou a Portugal pela mão da Orfeu Negro. Com uma obra com mais de quarenta livros, a autora de Poka & Mine, Moi et Rien e Le Petit Homme et Dieu, entre outros, foi distinguida, em 2010, com o Astrid Lindgren Memorial Award. Na altura, o júri elogiou o profundo humanismo que percorre toda a sua obra. 
Histórias da Mamã Ursa é um bom exemplo. Apaixonada confessa por mitologia e por contos populares, Crowther, filha de mãe sueca, recupera aqui algumas histórias da tradição oral nórdica para contar aos mais pequenos na hora de deitar. 
O cenário é familiar. No quarto, o pequeno urso prepara-se para dormir e a seu lado a Mamã Ursa aconchega-o para uma bela noite de sono. A ausência de livro na mão da mãe poderia indiciar a falta do hábito de leitura da história antes de adormecer. Mas desde o início que percebemos que assim não é, uma vez que o pequenote pede à mãe que lhe conte não uma, mas três histórias! Um pedido aceite sem hesitações, até porque acompanhado de tês "por favor"... Um para cada história.



O leitor compreende rapidamente tratar-se de um ritual entre mãe e filho. O pequeno sabe bem as histórias que quer ouvir e pede à mãe que comece por aquela que diz que temos de ir dormir. Depois virá a história da menina que se perdeu com a sua espada e, finalmente, a do senhor que usava um casacão e que perdeu o sono. Em todas, Crowther utiliza os elementos característicos e identificadores do seu trabalho: os elos à mãe natureza. Comum a toda a sua obra são os animais, as plantas, a água...


A Mamã Ursa revela-se uma exímia contadora, encantando pequenos e grandes ouvintes com o relato das três magníficas histórias. A primeira fala-nos da guardiã da noite que com o seu gongo adormece toda a floresta.  A segunda apresenta-nos Zhora, uma menina que sonha encontrar a maior amora azul-escura da floresta, o que a leva a viver algumas aventuras. Por último, conhecemos Bo que, a conselho do seu melhor amigo, acaba mergulhando no grande mar, de onde regressa com o sono que lhe faltava e com uma pedra-poema... Certo é que todos acabam encontrando a estrela que os guiará até à alvorada. O mesmo acontecendo, obviamente, com o pequeno urso.


A cada final de história, voltamos ao quarto do pequeno urso, onde a cor rosa se intensifica, mostrando que não é em vão que desejamos sonhos cor-de-rosa às nossas crianças. As últimas páginas não necessitam sequer de palavras para nos revelar as razões do pedido das três histórias por parte do pequeno urso. E bem assim o segredo do talento da Mamã Ursa!
Um final à Crowther, autora de quem sempre mostramos o livro Le Petit Homme et Dieu, esse genial encontro entre um homem e Deus. 
Aventurem-se Mamãs! E sonhos cor-de-rosa.

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