Aí está algo que nos fascina: casas. Gostamos de as observar, de as fotografar, de imaginar como são por dentro. Como se fosse um jogo, buscamos pormenores que nos revelem os segredos de quem as habita. Quando viajamos, trazemos na bagagem centenas de fotografias de casas. Há dias em que nos entretemos a escolher aquelas onde gostaríamos de viver.
Coincidência ou não, o livro de Didier Cornille, recentemente editado pela Orfeu Negro, chegou-nos às mãos quando estávamos de partida para Espanha. Lemos a introdução: A arquitectura parece complicada, mas vais ver que é absolutamente fascinante. Não perdemos tempo. Metemos mãos à obra e trouxemo-lo na mala.
Para nos fascinar, o autor escolheu onze casas contemporâneas projectadas por alguns dos mais célebres arquitectos do mundo. Começamos por entrar na Casa Schröder, a mais antiga das onze. Foi construída pelo arquitecto Gerrit Rietveld, em 1924 e é uma casa onde tudo é móvel.
Numa abordagem simples e cativante, casa a casa, Didier vai falando dos motivos que originaram a construção, da localização, dos materiais, da forma como foram utilizados...
Durante a viagem, as comparações tornam-se inevitáveis. Enquanto nos demoramos na bela Andalucía, vamos olhando as casas, procurando semelhanças, conversando sobre materiais...
Entramos em Granada a falar de Siza Vieira, uma vez que a sua arquitectura merece destaque no livro. A magnífica Casa Beires, na Póvoa do Varzim, e o Pavilhão de Portugal são algumas das obras escolhidas.
Entramos em Granada a falar de Siza Vieira, uma vez que a sua arquitectura merece destaque no livro. A magnífica Casa Beires, na Póvoa do Varzim, e o Pavilhão de Portugal são algumas das obras escolhidas.
Coincidência ou não, ao chegarmos a Alhambra damos de caras com uma exposição do arquitecto português. Não admira que o espanto tenha sido bem audível.
A explicação é simples. Siza Vieira é o arquitecto responsável pela construção de La Nueva Puerta de la Alhambra, cujo projecto começará a ser executado no próximo ano.
Gostamos de casas. Gostamos de coincidências.
E gostamos muito do poema de Mario Benedetti, ésta es mi casa, que termina assim: Y yo no sabré dónde guarecerme porque todas las puertas dan afuera del mundo.