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segunda-feira, 21 de março de 2016

Poesia, Essa Coisa de Todos os Dias.

O POLIGLOTA

Ele sabe palrar
Cacarejar
Arrulhar
Gorjear
Mugir
Vagir
Zunir 
Latir
Berrar
Miar
Bramar
Chiar
Uivar
Ladrar
Rosnar
Grunhir
Zumbir
Rugir
Balir
Zurrar
Coachar
Chilrear
Grasnar
Cricrilar
Crocitar
E também sabe
Falar
Seja a língua que for
Até já o contrataram
Para o jardim zoológico
Como tradutor.

Jorge Sousa Braga, in Poemas com Asas, Assírio & Alvim, 2001

Cristina Valadas 

quinta-feira, 19 de março de 2015

Poemas à Solta

Sábado, comemora-se o Dia Mundial da Poesia. Aqui, os poemas já andam à solta.

Miguel Ángel Díez

O pesadelo do gambozino

Esta noite sonhei
que um menino dizia
que eu não existia...

Beatriz Osés, in O Segredo do Papa-Formigas, Kalandraka, 2010.

Cristina Valadas


A MOSCA

Deus criou a mosca 
Num momento de inspiração
Mas depois esqueceu-se de nos dizer
Por que razão

Ogden Nash, in Poemas com Asas, Assírio & Alvim, 20o9

quarta-feira, 18 de março de 2015

Porque a Poesia é Coisa de Todos os Dias

No próximo Sábado celebra-se o Dia Mundial da Poesia. Porque o poema não tem dia nem hora, começamos hoje a festejar! Dia e noite, os poemas vão andar por aqui à solta! Escolham um... ou vários... para ler com as vossas crianças. Se quiserem, juntem-se à festa e deixem um aqui. Um POEMA, claro!

Danuta Wojciechowska


Os livros

É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente
inocente a toca, 
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?
É isto um livro,
esta espécie de coração (o nosso coração)
dizendo "eu" entre nós e nós?

Manuel António Pina, in Como Se Desenha Uma Casa, Assírio & Alvim, 2011


Javier Zabala

POR QUÉ NOS PREGUNTAMOS COSAS  

Las preguntas nos recuerdan
que no lo sabemos todo,
que una parte de nosotros
siempre será un misterio.
Sin las preguntas
no sabríamos esto
y seríamos idiotas.
Porque un idiota
no es el que no sabe nada
sino el que se cree que lo sabe todo.
Victoria Pérez Escrivá, in Por Qué Nos Preguntamos Cosas, Thule Ediciones, 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O SENHOR PINA

E o livro de hoje é... O SENHOR PINA.


Dia 1- Virginia Wolf, Kyo Maclear e Isabelle Arsenault, Éditions de la Pastèque.
Dia 2 - Jane, le renard & moi (versão francesa), Isabelle Arsenault e Fanny Britt, La Pastèque. 
Dia 3 - MAMÃ, Mariana Ruiz Johnson, Kalandraka. 
Dia 4- O SENHOR PINA, Álvaro Magalhães, desenhos de Luiz Darocha, Assírio & Alvim.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Senhor Pina

Esta semana estamos em festa! No próximo Sábado, os Hipopómatos celebram  o seu segundo aniversário!  Dois anos a fazer o que mais gostamos. Partilhar  livros que nos encantam e que sonhamos poderem um dia ser lidos por todos. Pequenos e grandes leitores. Hoje, a escolha só podia ser esta, O Senhor Pina!

 
«Ah e é um livro para crianças, então?»
«Quando for lido por uma criança é um livro para crianças. Quando for lido por um adulto é um livro para adultos. Os livros não são "para", os livros são.»
 

Álvaro Magalhães homenageia Manuel António Pina. Relembra-o, brincando com as palavras. Com as palavras que são dos dois e que parecem fundir-se numa identidade única. E quando um brincador relembra outro... nós calamo-nos e imaginamos: "A casa do senhor Pina estava sempre cheia de palavras (...). "Quando chegava, de manhã cedo, a empregada do senhor Pina espantava as palavras que estavam à porta, à espera. Xô! Xô! Eram centenas, milhares, milhões. E muitas delas entravam  pelas frinchas das portas, que há palavras mais hábeis que ladrões..."
 
 
Este é um livro para saborear, cheio de frascos de mel! Claro que temos de os partilhar com o  Puff, esse outro amigo inseparável do Senhor Pina. Para sermos rigorosos, o seu herói. Aquele que aparecia e desaparecia lá de casa, sem entrar ou sair ... ou seria ao contrário?
 
 
«Por que escreves poesia?», perguntou, por fim.
«Boa pergunta, Puff. Acho que há qualquer coisa em mim que se quer transformar em palavras. Percebes isto?»
«Se não me explicares mais, acho que sim. Disseram-me que és daqueles que caçam mesmo a poesia. Mas diz-me: ela não está só nesses poemas, pois não?»
«Não, a poesia faz parte da vida. Os poemas são só oportunidades para ela.» 
 

segunda-feira, 26 de março de 2012

António Torrado, como quem diz


Este livro é, como quem diz, uma preciosidade.
Datado de 2005, a obra integra a colecção Assirinha, da Assírio & Alvim. É, como se pode ler na capa, uma colecção de versos miudinhos de António Torrado com imagens de Ana Vidigal.


Os poemas, de marcada personalidade irónica, fazem-se acompanhar de fotografias de uma boneca, nas mais diversas situações, ilustrativas do conteúdo do texto. A opção por estes elementos remete para uma infância algo longínqua, com brinquedos de época e cores fortes, numa tonalidade própria de fotografia analógica da última metade do séc. XX.




A referência explícita ao Almanaque do ano 1950 é uma viagem nostálgica a um tempo ainda bem presente, se bem que tão distante em formas de estar e de brincar.




Tem um lindo monstro, um relógio parado e até uma constipação de amor.




Este livro tem tudo para despertar em nós o gostinho pelo jogo infantil na era pré-digital.




E porque hoje é o Dia do Livro Português e o sol está para ficar, aconselhamos o seguinte: guardem este livro na mochila juntamente com o pião, os berlindes e os carrinhos de lata. Percam-se pelos trilhos da floresta e encontrem um lugar para admirar o final da tarde. Mas cuidado com as urtigas...

A Urtiga e a Mão

Dia de Verão. Hora da sesta.

Queres uma festa? - disse a urtiga à mão.
Esta, esquiva, disse que não.
Depois, que sim.
Irra!
E a sesta acabou em comichão.





quarta-feira, 21 de março de 2012

Poesia

Porque hoje é Dia Mundial da Poesia. E porque a poesia é coisa de todos os dias...

As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é, copas) e capítulos,
de flores e letras de oiro nas lombadas

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.


As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Herbáriocom poemas de Jorge Sousa Braga e desenhos de Cristina Valadas
Assírio & Alvim, 2007

Como já vem sendo hábito, no sábado, há maratona poética no CCB. Os Hipopómatos recomendam.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Amigo ou talvez não!


O TEU MELHOR AMIGO tinha-te dado
com um pau na cabeça, foi a primeira vez
que viste estrelas. Mas foi sem querer.
À segunda vez já foi a sério. Mas ele
arrependeu-se. Tu mudaste de casa
e passados dois meses já tinhas outro
melhor amigo. Seria este novo amigo
melhor do que o outro? Também te daria
este novo amigo com um pau na cabeça?
E verias estrelas? A vida logo diria.
E o teu coração perceberia quando
acontecesse o gesto perfeito do sorriso
que diz mais do que muitas palavras.
Os Poemas do Coelho Ramon é um delicioso livro de Helder Moura Pereira. 



















Para conhecermos melhor o medo da formiga ou descobrirmos que os crocodilos são animais pequenos como as lagartixas. O autor divaga sobre os atributos da bicharada, criando um animalário poético digno de qualquer prateleira de Hipopómato. 
Os Poemas do Coelho Ramon, de Helder Moura Pereira e Ruth RosengartenAssírio & Alvim, 2001








Sabemos que Helder Moura Pereira já escreveu sobre cães, gatos, elefantes, ratos…já escreveu sobre tudo menos minhocas. Porquê?


















«Acham que é bonito um poema ter minhocas?»