terça-feira, 29 de maio de 2018

Atlas das Viagens e dos Exploradores. As Viagens dos Monges, Naturalistas e Outros Viajantes de Todos os Tempos e Lugares

É mais uma sugestão Hipopómatos para quem anda pela Feira do Livro de Lisboa.



A capa, fortemente apelativa, já seria suficiente para não nos deixar passar por ele sem o abrir. O longo título, (adoramos títulos longoooos!) ao invés de saciar, engorda a nossa curiosidade. Sério? Monges, naturalistas e outros viajantes… Jamais conseguiríamos deixar de conhecer de perto tais exploradores. Uma vez aberto, caros leitores, esqueçam lá essas coisas de internet, goole maps e quejandos. Ninguém vai querer sair daqui sem fazer as viagens todas, guiando-se pelos vários mapas que encontra, e sem percorrer as rotas, uma a uma…da primeira à última página.


Pytheas, Giovanni da Pian del Carpini, Ibn Battuta, Jeanne Baret... Provavelmente, nunca terão ouvido falar de muitos deles. Ou, pelo menos, não tanto como de Darwin, Cristovão Colombo ou Bartolomeu Dias. Mas sim, todos têm em comum o facto de terem sido, há séculos, grandes viajantes e exploradores. As histórias destas vidas e viagens são absolutamente fascinantes. E aprendemos tanto!


As viagens são traçadas a preto e branco e entre cada uma delas há um separador de cor, digno de figurar em qualquer museu. Com ilustrações de Bernardo P. Carvalho e texto de Isabel Minhós Martins, esta é uma viagem imperdível. 



Vão, explorem o mundo de hoje à boleia de quem o desbravou. Para miúdos, para graúdos, para ler em família. Será sempre uma viagem única. É mais um livro apaixonante, com marca Planeta Tangerina.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A Nuvem. Também as há na Feira do Livro

É mais uma sugestão Hipopómatos.


Com chancela da Pato Lógico, texto da estreante Rita Canas Mendes e ilustrações, sempre fabulosas, de João Fazenda, o livro conta a história de uma nuvem que se instalou por cima de uma estrada. Aparentemente, tinha vindo para ficar. Os dias passavam e ela permanecia, acompanhando a própria estrada, como se fosse um caminho de algodão por cima do de alcatrão. O fenómeno só parecia possível porque o vento tinha desaparecido. Os pássaros também. A estranheza não demorou a generalizar-se. O espanto, as interrogações, a inquietude alastraram. Os meteorologistas questionavam-se, as autoridades inspecionavam, os especialistas apareciam... As opiniões eram muitas e a discórdia implantou-se. 


O alarido foi tanto que a estrada acabou por ser fechada. Mesmo fechada, como o comprova a dupla página sem trânsito nem transeuntes. 
Mas, um dia, tudo voltou ao normal e a montanha parecia ter parido um rato. 
Todos os que se tinham sobressaltado com o prodígio tiveram de se desadmirar, desindignar, desamedrontar ou desempolgar, e aceitar a realidade. 


A nossa sugestão é que vão até lá. Admirem-se, indignem-se, amedrontem-se, empolguem-se... o que quiserem. Mas aceitem a realidade: este é um livro para visitar.

Os Livros vão estar na rua. É a 88ª Feira do Livro de Lisboa

Começa hoje. Os livros vão estar na rua em mais uma edição da Feira do Livro de Lisboa.   Sugestões? Deixamos a primeira.

Uma Rosa na Tromba de Um Elefante



O humor percorre cada página do livro.
Uma abóbora-menina que demora tanto tempo numa viagem Porto-Lisboa que chega já senhora, uma bicicleta que atropela uma borboleta e nunca mais é a mesma, dedos que se escondem em dedais com medo de ser picados, arco-íris que são borboletas gigantes, nuvens de serpentinas, um cavalo com rabo cor de burro quando foge, um cágado que detesta sábados e adora domingos... Há toda uma parafernália de situações que desconcerta e diverte pequenos e grandes leitores.


O texto de António José Forte, poeta amante do surrealismo, conheceu a sua primeira edição em 1971 e voltaria a ser publicado em 2001, desta feita com ilustrações da sua mulher, a artista plástica, Aldina Costa. 
O livro onde o poeta acha que as bicicletas são os automóveis dos poetas, conhece, agora, nova edição pela mão da Orfeu Negro. As ilustrações são de autoria de Mariana Malhão, que faz a sua estreia na ilustração infantil. Uma paleta alegre e viva, as páginas com fundo de diversas cores e totalmente preenchidas, um "não sei quê de criança" parecem  acompanhar passo a passo a "pedalada surreal" e a cadência rimada do texto.



António José Forte foi também encarregado das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo percorrido Portugal numa carrinha Citroën para levar a leitura a vários recantos do país. Esperamos que o mesmo possa acontecer com o seu livro. E, já agora, se não encontrarem a rosa na tromba do elefante, não se assustem. Pode acontecer que o elefante seja branco e a rosa também.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Duarte, Tomás o Traquinas e muita Canja de Galinha


São livros ainda fresquinhos que continuam a chegar pela mão da editora Kalandraka. Duarte, uma história moral em cinco capítulos e um prólogo e Canja de Galinha com Arroz, o livro dos meses, da autoria de Maurice Sendak, completam a série de quatro pequenos livros, escritos nos anos 60, que foi distinguida pela Associação de Bibliotecas Americanas e adaptada pelo próprio autor para o musical Really Rosie de 1975. 


Em Dezembro, a propósito dos outros dois, Vida de Crocodilo, Um Alfabeto João e Mais Oito, Um Livro Para Contar, que podem ver aqui, escrevemos: Há livros que nos acompanham há tanto tempo... Quase nos esquecemos que nunca os lemos em português! Depois, há um dia em que chegam e somos inundados por uma onda de felicidade. E sim, festejamos! Muito! 



Desta vez, fizemos a festa levando Sendak à escola. Duarte é a história de um pequeno rapaz insolente e mal educado. Independentemente do seu interlocutor, a frase é sempre proferida com o mesmo fervor. Tanto faz! serve para a mãe, para o pai ou para um leão feroz...

Duarte era o nome
de um certo rapaz
que tinha por hábito dizer:
– Tanto faz!


O humor sendakiano, as rimas e a impertinência do rapaz fazem de Duarte um sucesso junto das crianças. Levámos o Duarte à escola há mais de um mês e ainda hoje os miúdos se divertem a falar dele. Na sala, havia um Duarte. Quando saiu, uma das professoras perguntou-lhe se tinha gostado, ao que ele respondeu: Muito! Em menos de cinco minutos consegui ser devorado e vomitado por um leão! 


Canja de Galinha é uma deliciosa viagem pelos meses do ano. Para cada mês, Sendak escreve um pequeno poema, que termina invariavelmente com a invocação do gosto pela canja de galinha. A repetição faz milagres e quando chega o final do ano, são poucos os que não se renderam já ao caldo da dita. Os nossos meninos sabem tudo isto de cor e salteado. Dizem uma vez, dizem duas vezes. 
E nós dizemos: Sendak sempre!


Quase em simultâneo, a editora brinda os mais pequenos com uma hilariante e divertida história, escrita por Jorge Rico Ródenas e ilustrada por Anna Laura Cantone.


Tomás, o traquinas, é um menino que adora disfarçar-se para assustar as visitas lá de casa. Dono de uma grande criatividade, em pouco tempo, o rapaz consegue virar crocodilo, leão, touro ou qualquer outra criatura, improvável de encontrarmos em casa de quem quer que seja.


Escrito em rima e ilustrado com o estilo inconfundível de Anna Laura Cantone, o livro arranca sonoras gargalhadas tanto a miúdos como a graúdos. 



Certo, certo, é que quem passa lá por casa não parece achar grande piada às traquinices do rapaz. Foi o caso da tia Roberta, que ficou duas horas de boca aberta, do veterinário, que ficou alguns dia no armário e... e... Tenham coragem e batam à porta do Tomás!


Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti... O que este rapaz não sabia é que as suas partidas tinham os dias contados. Afinal, não é assim tão difícil passarmos de assustadores a assustados. 

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Estás tão Crescida


É uma frase batida. Não há adulto que não ceda à tentação de a proferir, uma ou outra vez, junto das crianças. Para nós, a tentação é outra: os livros de António Jorge Gonçalves. São muitos os dias em que nos apetece "entrar por eles dentro" e acompanhar de perto os caminhos e as aventuras vivenciadas pelas suas incríveis personagens.



Barriga da Baleia, de que falámos aqui, marcou a sua estreia como autor de texto e ilustração. Seguiu-se Eu Quero a Minha Cabeça, um livro que ainda hoje nos faz perder a nossa... E como não há duas sem três, aí está Estás tão Crescida. Todos com a chancela  Pato Lógico. 




À semelhança dos anteriores livros, a protagonista volta a ser uma menina. Não lhe sabemos o nome, como acontece com Sari e Céu, mas esse é apenas um detalhe, já que todos a conhecem como a menina mais crescida do mundo. 


Do alto da sua ingenuidade, a menina parece ter levado a frase à letra. Afinal, adulto não mente. E fez o que lhe competia. Foi crescendo, crescendo... acabando por se transformar na menina mais alta do mundo. Mas este não aparentava estar preparado para ela. Foi mesmo necessário construir uma casa à sua medida, já que  a menina não cabia em lado nenhum...


Um dia descobriram que o seu tamanho podia ser útil. Pediram-lhe a lua e ela trouxe-a para baixo. Pediram-lhe o sol... 


Depois de nos termos enfiado na barriga da baleia com a Sari, de termos percorrido a montanha com a Céu, não nos surpreende que a menina mais alta do mundo tenha partido para a floresta. Talvez em busca do seu lugar no mundo. Talvez em busca de si mesma. 


É lá que conhece a menina mais pequena do mundo e encontra algumas respostas. Não percam a viagem!