terça-feira, 9 de outubro de 2018

Gigantescas pequenas coisas I




Que bom é regressar de férias, olhar para os últimos meses do nosso mercado editorial e, em jeito de balanço,  pensar que há um bom número de razões para os mais pequenos sorrirem. 
São livros, senhores, são livros! E devem chamar a atenção de pais, professores e educadores porque são ferramentas maravilhosas para ajudar as nossas crianças a crescerem mais felizes.


Da Kalandraka continuam a chegar, sempre aos pares, os livros cartonados do mestre Eric Carle. De 10 Patinhos de Borracha, falámos aqui, quando, em 2014, a editora nos brindou com a chegada do livro em formato grande. Baseada na notícia de um naufrágio de uma carga de milhares de bonecos de borracha, Carle criou esta história que encanta miúdos e graúdos. Agora, chega o formato pequeno e cartonado, bem à medida das mãos pequeninas e até de uma ou outra dentada. Mas essa é também uma forma de leitura.



O segundo livro,  A Aranha Muito Ocupada, é uma estreia. Ainda que muitos anos depois da sua publicação, os mais pequenos podem, agora, festejar a chegada da simpática aranha a Portugal. Eles e nós!


A aranha parece ser o mais novo habitante da quinta, para ali levada pelo vento. Os restantes animais não resistem a sociabilizar com ela, convidando-a para passear, brincar, comer... mas tecer uma teia não é tarefa fácil e a nossa aranha tem uma vida bem ocupada.




Os animais, a cadência repetitiva, as cores fortes e brilhantes são apenas alguns dos elementos da obra deste autor com que já nos familiarizámos. Mas, cada livro de Carle reveste-se invariavelmente de um elemento surpresa que o torna único aos olhos da criança. Neste caso, o fio de seda de que é feita a teia da aranha  e a sua textura em relevo prendem não só os olhos, mas também os dedos dos pequenos leitores. 


Todos diferentes, todos iguais. São assim os bebés do mundo. Mas, independentemente do lugar onde nasçam, raça ou etnia a que pertençam, todos têm algo em comum: dez dedos nas mãos, dez dedos nos pés. 


Com frases curtas e rimadas, o texto de Mem Fox assemelha-se a um poema e é ilustrado de forma simples e magistral por Helen Oxenbury. É certo que a versão portuguesa não consegue manter, em absoluto, a mesma cadência que a original oferece, mas este continua a ser um livro delicioso que encanta pequenos e grandes leitores.


Em lugares diferentes, a um mesmo tempo, há dois bebés que nascem. Apesar das muitas diferenças, todos têm dez dedos nas mãos e dez dedos nos pés. A estrutura repetitiva cativa os mais pequenos para a contagem. Não só dos dedos como também do número de bebés que vai engrossando o grupo. Os bebés de Oxenbury, num estilo a que já nos habituou na  sua vasta obra, cativam leitores de todas as idades. E, de certo modo, fazem-nos sempre lembrar o inesquecível livro  de Jean Claverie e Michelle Nikly, A Arte do Penico. Dele  falámos aqui.


A surpresa está guardada lá mais para o final do livro, apanhando desprevenidos miúdos e graúdos. Sem que o leitor suspeite, a história tem uma narradora especial... Já o "consumimos" muitas vezes desde que chegou e a reação dos meninos é, também ela, comum:  "outra vez"!

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