Muitas vezes nos apetece escrever, depois de entrar num dos seus livros, que Oliver Jeffers é um autor de outro planeta. Ainda a levitar, hoje, é ele quem nos chama à Terra. Aqui Estamos Nós é uma espécie de guia ilustrado-manual de boas vindas-kit de sobrevivência. Assumindo a sua condição de pai, Jeffers conversa com o filho, de dois meses de idade, dando-lhe as boas vindas e apresentando-lhe o lugar onde chegou.
Partindo da premissa de que há muito para ver e fazer aqui na Terra, inicia o filho e os leitores numa visita guiada. Uma viagem predominantemente visual que nos deslumbra pela genial simplicidade com que é construída, atento o seu primeiro destinatário. Mas não se deixem enganar, é para todas as idades.
A terra e o mar, a diversidade de pessoas e animais, o respeito e os cuidados a ter consigo e com o que o rodeia, o corpo, o tempo... A riqueza e a multiplicidade de factos e de detalhes que encontramos, os conselhos, as sugestões, as notas de humor, o respeito pela diversidade, a crença na humanidade desembocam a uma só voz na mesma reflexão: Nunca estamos sozinhos na terra.
Alegremente surpreendidos, aqui e além, por um estilo diferente do que estamos habituados, como é o caso da dupla página dedicada aos animais, algo estilizada e enciclopédica, as ilustrações e a própria paleta de cores escolhida encantam-nos a cada virar de página. Entre a imensidão azul do espaço e a Ponte de Brooklyn (bairro onde o autor reside), Jeffers ilustra o planeta de várias perspectivas e conta ao filho o que pode esperar e o que pode fazer por ele. Respeito, consideração e tolerância são valores herdados do pai do próprio Jeffers que, certamente, espera que norteiem a vida do filho.
- Há pessoas de todas as formas, tamanhos e cores. Podem parecer diferentes, fazer coisas e sons diferentes, mas não te deixes enganar, somos todos pessoas.
- Também há animais. Com formas, tamanhos e cores diferentes. Eles não falam, mas isso não quer dizer que não devamos tratá-los bem.
O humor nunca está ausente nos livros de Jeffers e este não é excepção. O leitor não consegue deixar de rir quando, por exemplo, o pai remete a conversa sobre o mar para um pouco mais tarde, para quando o bebé aprender a nadar. Ou quando um papagaio põe em causa a máxima de que os animais não falam. "Eu falo", diz a divertida criatura.
Vais descobrir montes de coisas sozinho. Só não te esqueças de deixar apontamentos para as outras pessoas.
Nós descobrimos esta paixão pelo trabalho de Oliver Jeffers, pela forma genial como ele ilustra a vida e usa pedaços dela. É esse apontamento que partilhamos com vocês.
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