Anda por aí um elefante chamado Ernesto que é propriedade de Mr. Anthony Browne. Confessamos que já sentíamos a falta deste reencontro e saudamos o seu regresso, como habitualmente, pela mão da editora Kalandraka.
Ernesto é um elefante bebé que vive com a mãe e o resto da manada. Todos os dias caminham, comem, bebem e à noite dormem. O pequeno é feliz assim, mas não deixa de se questionar se a vida é só isto. A sua curiosidade leva-o a interpelar a mãe quando, um dia, passam perto de uma selva. As reacções maternas perante selvas e florestas são sobejamente conhecidas. A mãe de Ernesto não foge à regra e explica-lhe que aquele não é um lugar para elefantes bebés.
Mas nós, leitores, sabemos que Ernesto não será o último a ceder a estas tentações. Até porque, como é típico da pequenada, ele já não se considera um elefante bebé. E com a coragem própria de quem se sente um crescido, aventura-se mesmo selva dentro. Ao fascínio inicial da novidade, segue-se rapidamente a desorientação. O pequeno elefante sabe que está perdido! E o pior é que ninguém se mostra disponível para o ajudar. Entre os animais mais fortes e possantes, só colhe antipatia e indiferença. É assim com o gorila, com o leão, com o hipopótamo... O pequeno só quer voltar a encontrar a sua mamã, mas ninguém quer saber disso. Ninguém se importa com o seu desespero. O medo apodera-se de Ernesto e o choro não tarda a chegar.
Em jeito de fábula, a ajuda vem de onde menos se espera. Nem Ernesto acredita na capacidade do pequeno e bem-educado rato que lhe oferece generosamente os seus préstimos para o ajudar a encontrar o caminho de volta. Mas é graças a ele e a essa manifestação de solidariedade que acaba por reencontrar a sua mamã e voltar à vida feliz. E saibam os leitores que o pequenito herói, aquele delicado ratinho, ainda reune no seu leque de qualidades a da humildade, não sendo dado a grandes protagonismos.
Um livro magnificamente ilustrado, onde as personagens exibem uma expressividade que só Browne parece conseguir. Uma história que os pais lhe contavam quando era pequeno e uns primeiros desenhos ainda guardados terão estado na origem deste novo livro, que aplaudimos. Agora que todos sabemos que as aparências iludem, agarrem nas crianças e aventurem-se pela selva. Mas fiquem atentos, porque também elas se podem deslumbrar nesta selva browneana, repleta de apetecíveis frutos, doces de fazer crescer água na boca, chupa-chupas e muitas outras iguarias.
Sem comentários:
Enviar um comentário