Nem sempre é fácil os pais reconhecerem os seus erros, mas esse não é, definitivamente, o caso dos pais da Pokko. Esta é uma simpática família de rãs que vive num cogumelo de fazer inveja a qualquer um. Compreensivelmente, o que menos precisam é de chamar a atenção de terceiros. Mas quando há filhos em casa é preciso entretê-los e a Pokko não é excepção. A verdade é que nem sempre se acerta e a oferta de um tambor à pequena não terá sido a decisão mais sensata. As coisas não tinham corrido bem anteriormente quando tinham cedido com a fisga, o lama, o balão... mas nada que se comparasse ao tambor! Pokko tamborilava dia e noite, a torto e a direito. Desta feita, o pai não tinha dúvidas. Este era o maior erro de todos. A mãe não se mostrava tão segura, mas todos sabemos que quando se lê avidamente um livro nem sempre somos os melhores ouvintes do que se passa lá fora...
Esta é uma história divertida e hilariante, não sendo necessário avançar muitas páginas para que pequenos e grandes leitores criem uma forte empatia com a família. Pouco tradicional, acrescente-se. O pai é rei na cozinha e o resto da casa também aparenta ser ser por sua conta, já que à mãe não parece sobrar muito tempo da sua actividade de leitora compulsiva.
Depois de uma conversa com o pai, a pequena Pokko revela-se compreensiva sobre a necessidade de se afastar um pouco de casa. Acaba por se embrenhar na silenciosa floresta, onde tamborilar é quase imperioso para não se sentir sozinha. Subitamente, Pokko tem atrás de si uma banda e uma multidão que só quer celebrar e festejar a vida. A pequena rã revela-se uma chefe da banda de grande gabarito. Não só pelos dotes artísticos mas também pela maturidade e coragem com que impõe a sua liderança. Porque foi ela que pôs o lobo em sentido! Ali na floresta, num momento difícil da história em que o lobo decide comer o coelho, Pokko enfrenta-o sem hesitações : Comes mais alguém e sais da banda!
As ilustrações de Forsythe seduzem os leitores do princípio ao fim do livro. A paleta de cores, a maravilhosa representação dos espaços interiores onde apetece morar, a floresta onde queremos entrar... são detalhes que tornam a história num verdadeiro colírio para os olhos. Uma história em que não chegamos ao fim sem nos lembrarmos de Jon Klassen e do seu Este Chapéu Não é Meu. Não só pelo momento de reviravolta em que o lobo come o coelho mas também pelas semelhanças de cenário em que o mesmo ocorre.
Vão até lá e descubram como acaba o passeio da Pokko pela floresta! Ela bem merece que apreciem a sua arte. Até o pai já se rendeu. A mãe? Só mesmo vendo!
Em tempos de pandemia, bem precisamos de música e alegria. Levem as crianças e juntem-se à festa!
Por tudo isto, hoje não podemos deixar de sugerir que este Natal ofereçam Livros e Tambores!
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