Nem tudo o que parece é.
É, talvez, o primeiro pensamento que nos ocorre quando começamos a ver o fabuloso livro que Istvan Banyai publicou em 1995 e que a Kalandraka trouxe recentemente para Portugal.
ZOOM é um livro só de imagens. Muito mais do que isso, é também um desafio permanente, um jogo que aceitamos jogar da primeira à última página, onde o factor surpresa é inesgotável.
O desafio consiste em adivinhar o que será cada uma das imagens que vamos vendo. A surpresa está no virar da página, quando somos confrontados com a representação seguinte que, em regra, ultrapassa a imaginação do leitor. Um livro onde cada página põe em causa a que a antecede. E tudo o que o próprio leitor possa ter pensado.
Há uma parte do desafio que cedo assimilamos. Cada imagem é apenas parte de um todo que se vai revelando nas páginas seguintes. Mas, ainda assim, a forma como esse todo se agiganta e nos surpreende não nos permite estar suficientemente preparados para as descobertas futuras.
Porque a imagem da página virada era apenas uma parte do cenário que nos é revelado na outra, e na outra, e... em ZOOM não há certezas. Apenas a de que a página subsequente deitará por terra a que a antecedeu. Apesar disso, somos impelidos a arriscar o palpite.
Mesmo somando sucessivos falhanços, não resistimos ao prazer de jogar! A esta altura, já nos espantámos com o galo, que mais não era do que um pequeno habitante de uma grande quinta. Com as duas crianças que, de protagonistas, evoluíram, rapidamente, para mero brinquedo de outra. Com esta, que acaba reduzida a simples capa de revista nas mãos de um jovem, a bordo de um cruzeiro... Que, afinal, se revela uma ínfima parte de um cartaz publicitário exibido numa grande cidade…
O jogo desdobra-se num plano paralelo, em que pressentimos estar a ser conduzidos para um universo cada vez maior. À boleia de Banyai, iniciamos uma dinâmica viagem por diversos cantos e culturas do mundo, estando longe de imaginar o seu terminus. E muito menos, que o nosso guia tenha pensado em tudo, assegurando, desde logo, o regresso. É que ZOOM também permite uma leitura invertida, podendo percorrer-se os mesmos lugares, do fim para o princípio do livro.
O final? Ah, absolutamente fantástico! Dizemos mais, planetário! Cósmico...
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