sexta-feira, 28 de junho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Nícomedes, o careca
Não sabemos se tem a ver com o facto de o Verão ter chegado, mas a verdade é que Nícomedes, que até tinha uma bela cabeleira, ficou completamente careca.
E sabem o que é que ele fez? Lógico, o que muitos carecas fazem!
Só que, quando Nícomedes pôs uma peruca, apareceu-lhe...um cabeleireiro em cima da cabeça. Lógico! Não? Bom, talvez a lógica não exista nesta fabulosa e surrealista história da conhecida dupla Pinto & Chinto (David Pintor e Carlos López).
De forma divertida e hilariante, em cima da cabeça de Nícomedes vão surgindo as situações mais absurdas e impensáveis de poderem acontecer em cima... de qualquer cabeça!
E de cada vez que Nícomedes lança mão de novo recurso para ocultar a sua calvície, a página seguinte revela ao leitor as visitas mais inusitadas, assistindo-se a um desfile capaz de arrancar as mais sonoras gargalhadas! Assim é quando põe serpentinas e lhe aparece um casal que gostava muito de festas ou quando se lembra de usar esparguete e lhe aparece um senhor que gostava de comer...
Recentemente editado pela Kalandraka, este será, certamente, um livro condenado ao sucesso junto dos mais pequenos. Um texto curto, inteligente, cheio de humor, com uma estrutura repetitiva ( Nícomedes e o seu gato estão presentes em todas as páginas) e em que as situações de nonsense são magistralmente ilustradas por David Pintor.
Certo é que Nícomedes acabou por ter uma ideia e, não obstante lhe ter aparecido um cobrador da luz, levou-a avante.
A brilhante ideia foi pôr uma espinha de sardinha na cabeça! Para quê?
Perguntem ao gato de Nícomedes, que esteve presente ao longo de toda a história.
Mandaria a lógica que contássemos o final. Mas, por absurdo que possa parecer, apenas garantimos que hoje não se nota nada que Nícomedes é careca! E até tem um ar muito moderno...
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
OUTRA VEZ!
Outra Vez! É também o que nos apetece dizer sempre que chegamos ao fim de um livro de Emily Gravett. Somos consumidores compulsivos dos seus livros, somos gravettianos assumidos! Quando nos pedem para escolher um livro da autora, dizemos TODOS!
A criatividade de Gravett não parece conhecer limites. A imaginação prodigiosa que revela em cada história, faz-se acompanhar de grandes doses de inteligência, humor e um q.b. subversivo, que legitima, muitas vezes, um certo paralelismo com a obra de Lane Smith.
Com Gravett, o próprio conceito de livro parece reinventado. Capa, contra-capa e guardas são minuciosamente construídas e contêm tantos detalhes quantos os das páginas que nos vão sur-pre-en-den-do até culminar com a rendição!
Os livros são povoados por animais, quase sempre, os protagonistas das histórias. Para além dos fabulosos desenhos, as colagens parecem ocupar um lugar predominante na obra da autora, que revela um certo fascínio por incluir e brincar com elementos pouco habituais.
Páginas rasgadas, buracos, postais, cartas, mapas, artigos de jornais, bilhetes... tudo é possível coexistir num livro gravettiano! Essa coexistência, que se intui meticulosamente pensada, engloba o próprio design do livro, capaz de deslumbrar pequenos e grandes leitores.
O genial Wolves, primeiro livro de Emily Gravett, editado em 2005, deu-lhe acesso directo à prestigiada Kate Greenway Medal. Prémio que voltaria a ganhar em 2008, com o Grande Livro dos Medos do Pequeno Rato, entre nós também com chancela da Livros Horizonte. Apesar de uma carreira ainda curta, Gravett conta já com muitos outros prémios e é, justamente, uma das autoras mais aclamadas e acarinhadas pela crítica internacional.
Outra Vez! introduz-nos uma temática bem conhecida, na hora de ir para a cama. Existirá alguma família que, no momento de contar ou ler a história, não tenha vivido esses momentos inolvidáveis consubstanciados num "outra vez"?
sábado, 15 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Este Alce é de Oliver Jeffers
A chegada de um novo livro de Oliver Jeffers é sempre um motivo de festa. E graças à Orfeu Mini, num curto espaço de tempo, chegaram dois. Depois de Presos, seguiu-se Este Alce é Meu, o magnífico livro vencedor do Prémio Irish Book Awards 2012 (na categoria júnior).
É sobejamente conhecida a paixão hipopomata pelo trabalho de Oliver Jeffers, de quem já falámos aqui e aqui. As suas histórias são inteligentes, desconcertantes, hilariantes e têm, quase sempre, finais surpreendentemente geniais. Este Alce é Meu, de que temos a versão inglesa, não foge à regra. É mais um livro fabuloso. Depois de encontrar um alce, este rapaz não tem a mínima dúvida de que ele é seu, que lhe pertence. Rapidamente se imbui do espírito de dono do animal, não resistindo a essa tendência tão tipicamente humana de tudo etiquetar. O alce ganha nome, Marcel.
Segue-se a leitura do Manual de Regras de Um Bom Animal de Estimação, de forma a que não restem dúvidas sobre o papel de cada um. O grau de complexidade varia de regra para regra. E se há algumas exequíveis, como a de não fazer muito barulho quando o dono ouve música, outras há em que a desobediência de Marcel não se faz esperar...
No meio das peripécias e planos de uma relação nem sempre pacífica, o rapaz acaba por fazer uma terrível descoberta...
Mas a partilha não parece ser o forte do rapaz, que inicia então um atribulado regresso. Felizmente, o nosso alce decide voltar e dar cumprimento à regra 73... Um acordo acaba por selar o que parece ser o inicio de uma bela amizade... Porque é disso que falamos, de amizade, de partilha, de posse...
Um livro fabulosamente ilustrado, com um registo bem diferente do que estamos habituados. O minimalismo, tantas vezes usado por Jeffers, cede lugar a paisagens deslumbrantes. As montanhas, planícies e rios do californiano Alexander Dzigurski são o cenário escolhido para as aventuras do rapaz e do alce.
No final, fica apenas uma certeza, Este Alce é de Oliver Jeffers!
sexta-feira, 7 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
O Fantástico Mundo de Jimmy Liao
Os livros de Jimmy Liao falam de percursos de vida, dos caminhos que se escolhem ou não, da transitoriedade e finitude da vida. De sentimentos, sonhos, medos, perdas... Afinal, coisas simples de todos os dias.
As personagens que cria não têm nomes, podendo ser qualquer um de nós. As histórias decorrem em lugares que existem em qualquer parte do mundo. As palavras são parcas porque os desenhos de Liao não deixam nada por dizer. Em todos os livros, autênticas novelas gráficas, a arte acontece. Através dela, o autor consegue expressar tudo o que tem para comunicar e partilhar com o mundo.
Liao é mestre em pintar sentimentos ou estados de alma. A solidão, a melancolia ou a esperança chegam até nós, leitores, através de um simples jogo de cores ou de uma carruagem vazia. O sentido ou dessentido da vida é o fio condutor que nos prende sofregamente a cada livro que descobrimos.
Hoje escolhemos Desencuentros, editado na vizinha Espanha pela editora Barbara Fiore (com vários livros publicados do autor) e cujo título em inglês é Turn Left Turn Right.
Desencuentros relata a história de dois jovens vizinhos que vivem lado a lado numa grande cidade, mas que nunca se encontram. Nos seus percursos de todos os dias, um vira invariavelmente à esquerda e o outro à direita. Como acontece com tanta outra gente que, vivendo no meio de ruidosas multidões com que se misturam todos os dias, se sente sozinha.
Um dia, a magia e o amor acontecem. Os dois jovens encontram-se e as suas vidas recuperam a luminosidade que a melancólica rotina lhes havia roubado. Parecem conhecer-se desde sempre, vivem momentos únicos e trocam números de telefone. Através do detalhe e da minúcia das ilustrações, os leitores vão-se familiarizando com os protagonistas, os seus hábitos de vida, os seus gostos, os seus sonhos. Mas também com as suas angústias e tristezas!
A segunda parte do livre é uma busca incessante de um pelo outro, o regresso aos mesmos sítios onde se tinham encontrado, agora já transformados em cenários tristes e inóspitos. O leitor vai acompanhando o desencontro permanente de dois seres que, vivendo lado a lado, continuam a virar um, à direita e o outro, à esquerda.
O final do livro? Os finais das histórias de Jimmy Liao não são, por regra, felizes. Tudo se passa como, afinal, na vida. São capazes de nos fazer reflectir. A nós, às crianças e jovens que sejam contemplados com a sorte de os ler.
Os seus livros estão impregnados de poesia. Desencuentros começa com um poema de Wislawa Szymborska, a polaca vencedora do Prémio Nobel em 1996.
A intertextualidade é outra das caracteríticas da obra de Liao. Para além de múltiplas referências à cultura oriental, encontramos permanentes pontes que nos transportam até Van Gogh, Matisse ou Magritte, a outras histórias e ilustradores.
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