Mostrar mensagens com a etiqueta Obrigado. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Obrigado. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Obrigado, Avó Omu!

 






















Obrigado, avó Omu! | Oge Mora | Fábula

A generosidade, o espírito de partilha e a gratidão são os pilares desta história construída pela autora como uma homenagem à sua avó. Vencedor, entre outros prémios, da Caldecott Medal, o livro encerra uma deliciosa e bela abordagem da vida em comunidade, da proximidade com os outros e do altruísmo. Mora já nos tinha encantado com Sábado, um livro de que falámos aqui























A figura da avó que cozinha um guisado vermelho, convicta de que vai ter o melhor jantar de sempre, os traços de bondade evidenciados no rosto,  a panela de enormes proporções e o livro que vai lendo enquanto a comida se apura prendem o leitor no inicio do livro, não o libertando mais. É com água na boca que seguimos o magnífico aroma que ultrapassa o espaço circunscrito da casa, invade todo o bairro e não deixa ninguém indiferente.























Talvez por isso, o leitor não se surpreenda quando um pequeno garoto bate à porta indagando sobre tão delicioso cheiro, MMMMM. Com uma panela de tão grandes dimensões, a avó Omu não teve dúvidas em partilhar com o pequeno o seu guisado. Com ele  e com todos os que lhe viriam bater à porta. Claro que só mesmo uma criança poderia desbravar este caminho, sucedendo-lhe, entre outros,  uma polícia, um vendedor de cachorros-quentes, um lojista, um taxista, um médico, uma atriz, um advogado, uma bailarina, uma pasteleira, uma artista, um atleta, e até a presidente da câmara! Com todos, Omu partilhou o seu delicioso guisado vermelho.
























Com uma estrutura repetitiva,  a autora deixa que o leitor antecipe o que lhe pode trazer a página seguinte, mas aguça-lhe a vontade de, sempre que batem,  abrir a porta de casa da avó e conhecer cada uma das personagens que se atreveu a seguir o delicioso aroma. E esta inteligente proximidade que cria com os leitores, colocando-os dentro de casa da avó, faz-se tanto com o texto como com as deliciosas ilustrações. A técnica da colagem predomina no universo de Mora e tal como em Sábado, o recurso a papéis padronizados, texturas e a recortes de livros antigos atravessam todo o livro.  O mesmo acontecendo com a diversidade racial e cultural, uma marca nos seus livros.























Depois de tanto a ver partilhar, e quando o corrupio de gente à porta termina, o leitor  não consegue deixar de sentir a tristeza desta avó, que é também já sua, quando  ela percebe que na grande panela não sobeja nada. Fazemos nossa a desilusão estampada no rosto de Omu por já não ter nada para comer daquele que iria ser o seu melhor jantar de sempre. Mas, mais uma vez, o leitor quer ficar lá por casa e festejar o grande e gratificante final que Mora encontrou para a sua história. A avó Omu teve o melhor jantar da sua vida e nós, leitores,  um livro para saborear e cheirar muitas vezes.


terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Obrigado, Miyuki!



6. Obrigada, Miyuki! | Roxane Marie Galliez e Seng Soun Ratanavanh | Orfeu Negro

Quem conhece Miyuki, sabe que a paciência não é o seu forte. Como todas as crianças, tem pressa de ver as coisas acontecerem. Depois de Espera, Miyuki de que falámos aqui, a menina e o avô estão de volta, protagonizando uma história onde se fala de meditação e onde o tempo volta à ribalta.


A pressa e os sucessivos porquês de Miyuki contrastam com a calma e a tranquilidade do avô, que aqui vemos em várias posições de meditação. À pergunta permanente da menina sobre o que é a meditação, o avô contrapõe sabiamente e silenciosamente as acções de reflexão e contemplação que a prática exigem. 




Miyuki e os leitores acabam por fazer um deleitoso passeio, pintado com as cores a que Ratanavanh já nos habituou, contemplando as abelhas, as pedras que encontram no caminho, a água, as incríveis formas das nuvens... Ainda que a voz da pequena ecoe  na nossa cabeça, o leitor não deixa de mergulhar na paz que emana desta paisagem, fechar os olhos, inspirar o perfume das rosas e, até, beber a água da chuva.