Em jeito de parábola, ignorância e preconceito passeiam-se de mãos dadas por esta deliciosa história. Mais actual do que nunca, O Estranho, de Kjell Ringi, editado recentemente entre nós pela Bruaá, foi publicado pela primeira vez há cinquenta anos.
Um livro que, na sua essência, nos traz à memória O Homem da Lua, a genial história de Tomi Ungerer, de que falámos aqui. A propósito, escrevemos: Perante o desconhecido, o diferente, assistimos àquilo a que, em linguagem infantil, se poderia chamar o desfile de uma parada de "tótós"...
No país onde chega este estranho, de quem o leitor só vê praticamente o pé quase até ao final do livro, as coisas não são diferentes. O alvoroço e a agitação sucedem-se. O que faz um rei perante tamanha ameaça? Toma medidas, pois claro. Conselheiros, diplomatas, exército... Tudo é chamado.
As medidas tomadas pelos pequenos homens parecem ter a sua dimensão... Um guarda monta vigia durante a noite, uma caricata montanha de diplomatas enceta malogradas tentativas de diálogo e o mensageiro, enviado pelas tacanhas criaturas, nem sequer regressa... Um episódio que tem tanto de mordaz quanto de hilariante.
Nada parecia demover o estranho, que teimava em não ir embora. O rei já não tinha dúvidas. O assunto só se resolvia com intervenção militar. Chegaram as ameaças, mas nada aconteceu. Da teoria à prática foi um pequeno passo e a hora da artilharia pesada não chegou a tardar. O final da história, que vocês não resistirão a desvendar, apanha de surpresa os próprios leitores.
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