Escritor, pintor, escultor, designer, ilustrador, cartoonista, inventor, surrealista, activista político, defensor de causas (...) feroz moralista e "moldador de mentes infantis".
Num brilhante artigo sobre a vida e a obra de Tomi Ungerer, em 1999, The Guardian elencava-lhe desta forma as múltiplas facetas. Mais do que a colecção de diamantes Elizabeth Taylor, acrescentava.
Provocador, irreverente, rebelde, mordaz, cáustico...
São apenas algumas adjectivações indissociáveis do Homem que molda igualmente o universo da literatura infantil. Para Ungerer não há temas proibidos para a infância. As crianças devem saber que o mundo está povoado também de coisas más e estar preparadas para elas.
Os Mellops marcaram-lhe o inicio da viagem pela literatura infantil, com estrondoso êxito. Flix foi um marco e Ungerer viu o seu trabalho reconhecido da melhor forma, recebendo em 1988 o prémio Hans Christian Andersen.
É dele, o último livro editado pela Bags of Books, O Homem da Lua.
Este é um magnífico álbum ilustrado. A sua maior grandeza é a intemporalidade.
A componente de crítica social e a finissíma mordacidade, em momento algum nos permitem esquecer quem é o seu autor. Este é um livro que só Ungerer poderia ter escrito.
Um dia, o Homem da Lua decide vir à terra para se divertir. O acontecimento seria certamente merecedor de comemoração, não fora o ilustre visitante ter sido recebido por um "comité de inteligentes" e ter acabado preso.
Numa conjugação de esforços, generais, políticos, homens comuns transformam-lhe a passagem por aqui num verdadeiro inferno.
Perante o desconhecido, o diferente, assistimos àquilo a que em linguagem infantil se poderia chamar o desfile de uma parada de "tótós"...
Entre muitas outras coisas, Ungerer já foi Embaixador para a Infância e Educação e também eleito um dos "500 world leaders of influence". Em Novembro, fez 80 anos. Diz estar a trabalhar em mais de uma dezena de projectos. Que bom, dizemos nós!
Ainda criança, viu a professora escrever sobre ele, "This boy is perverse and subversive".
Haverá mais como ele?
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