quinta-feira, 26 de abril de 2018

Ficção Visual. Roger Mello expõe em Sintra

Roger Mello, autor e ilustrador brasileiro vencedor do Prémio Hans Christian Andersen, em 2014, expõe, pela primeira vez em Portugal, um conjunto de 23 originais, representativo de parte da sua obra, incluindo Meninos do Mangue e João por um Fio.


A exposição estará aberta ao público até dia 5 de Maio, na Casa dos Hipopómatos |Biblioteca Municipal de Sintra, de terça a domingo, das 11h às 17h. E também a visitas de escolas, mediante marcação.


Acerca da sua obra, o júri do Prémio Andersen afirmou que permite "explorar a história e a cultura do Brasil sem subestimar a habilidade da criança de reconhecer e decodificar fenómenos e imagens culturais". E sempre permitindo que elas, as crianças, sejam "guiadas pela imaginação".



Com uma forte ligação à cultura popular e à história do Brasil, a obra de Roger Mello é igualmente prolífera em elementos intertextuais de outras culturas, como a indígena e a africana. Na já vasta obra que possui, com mais de cem livros publicados, esta intertextualidade assume papel predominante, contribuindo fortemente para catapultar o trabalho do autor para uma riqueza imagética que deslumbra públicos de todas as idades. Uma relação entre culturas e povos. Entre palavras e imagens, formas, cores e texturas diversas e maravilhosas. Com uma estonteante diversidade de técnicas e de materiais, a  arte do premiado autor transporta-nos para um universo singular e belo. De difícil catalogação, aparentando uma incessante busca por caminhos novos, a sua  grandeza maior parece ser mesmo essa.  A de ser, a um tempo, irrepetível e única.
Única é também esta oportunidade de, pela primeira vez, poder contemplar e apreciar  um conjunto significativo de originais do ilustrador, poder ver e manusear alguns dos seus livros. Estranhamente, ao contrário de outros autores vencedores deste prémio maior, Roger Mello não tem qualquer livro editado no nosso país. E como gostaríamos de o ver por cá!

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Um Dia de Neve


Em 1962, Ezra Jack Keats surpreendeu a América com o livro Um Dia de Neve, o primeiro álbum ilustrado na história da literatura infanto-juvenil em que o protagonista é um menino afro-americano. O sucesso rapidamente passou fronteiras.  No ano seguinte, o livro venceu  a Medalha Caldecott e foi arrecadando sucessivos prémios. O mais importante de todos, pensamos, foi ter-se transformado num livro imprescindível em qualquer biblioteca e ser hoje  considerado um clássico da literatura. 


"My book would have him there simply because he should have been there all along.”

As palavras são do próprio Keats. Mas o que, provavelmente, ele  não saberia é que, mais de 50 anos volvidos, a diversidade continua a ser um dos temas prementes na literatura infanto-juvenil, persistindo a pergunta:  porque são tão poucos os heróis, os príncipes e as princesas  de outras raças?



O livro mostra a forma como Pedro, o pequeno protagonista, se diverte num dia de neve intensa. A genuína alegria de uma criança que  brinca e se encanta com a própria descoberta, deslizando, rolando, inventando caminhos, desenhando pistas. Pedro faz bonecos de neve, anjos, pássaros...



O encanto é tal que até volta para casa com os bolsos mais cheios. Pelo sim pelo não, decide levar um bocado de neve. Claro que no dia seguinte o bolso está vazio, mas em contrapartida as brincadeiras serão partilhadas com um amigo. 


Antes de começar a história, podemos ler  que o autor se  inspirou nas fotografias de um rapaz afro-americano que recortava da revista Life. Keats usou a técnica de colagem, lançando mão de diferentes papéis com origem em vários países, materiais como uma borracha a servir de carimbo, uma escova de dentes molhada em tinta-da-china para salpicar as páginas ou pedaços de tecido estampados, naquela que foi também uma revolução para o próprio autor no modo como fazia livros.


O precioso livro chegou, recentemente, a Portugal, pela mão da Orfeu Negro. Festeje-se!

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Le Renard et L'Aviateur. Leituras de Fora


Le Renard et L'Aviateur, com texto de Luca Tortolini e ilustrações de Anna Forlati, editado pelas Éditions Notari, é uma história maravilhosa sobre a confiança e a amizade que podem pautar o relacionamento entre os homens e os animais.


A história é narrada por uma raposa que nos conta a sua ligação com um amigo muito especial, um aviador de nome Antoine. Passando-se numa época de guerra, desde logo intuímos que a história é inspirada na figura de Saint-Exupéry, ele próprio piloto de guerra.


O encontro dos dois acontece quando o avião de Antoine tem um acidente e irrompe pela floresta, atingindo a raposa. A desconfiança inicial desaparece quando o animal, habituado a ser maltratado no seu próprio habitat, recebe os cuidados e a atenção do aviador. A amizade e a confiança saíram reforçadas e os dois partiram à descoberta do mundo. Em momento algum, a raposa duvidou do seu amigo, continuando à sua espera, mesmo quando ele já não pôde voltar.


As ilustrações de Anna Forlati são de uma beleza extraordinária. A paleta de cores escolhida parece abraçar o texto poético de Tortolini, provocando no leitor um estonteante  desejo de apanhar boleia.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A Orquestra. Uma Volta ao Mundo à Procura dos Músicos



Música, maestro! É tudo o que não podemos dizer quando, a uma semana de um grande concerto, os músicos da orquestra decidem ir todos de férias. Os simpáticos postais que vão escrevendo elucidam sobre o seu paradeiro: Islândia, Tóquio, Egipto, Istambul, Porto, Abidjan... E esclarecem o leitor sobre quem é quem, depois de este ter visto, nas guardas do livro, os músicos e os respectivos  instrumentos musicais que tocam.


O subtítulo deixa antever um pouco do que nos aguarda, uma vez aberto o livro. Mas o desafio é de monta. Chloé Perarnau, a autora deste álbum, recentemente editado entre nós pelo Planeta Tangerina, propõe-nos uma dupla descoberta. A dos lugares por onde passamos nesta volta ao mundo e a dos músicos que por lá se passeiam. 


Um concerto sem músicos não é possível.  Determinado, o maestro segue no encalço dos  seus 22 magníficos.  
Reuni-los a tempo do grande concerto é a tarefa a que se propõe. Com ele seguem o seu assistente, um divertido pássaro amarelo e os leitores.  Começa aqui uma espécie de jogo bem ao jeito do conhecido Onde está o Wally.


A cada dupla página deste álbum de grande formato corresponde um lugar, recheado de múltiplos e maravilhosos detalhes identificativos. As pessoas, as roupas, as casas, os monumentos, os animais, os letreiros, a língua em que estão escritos...  levam-nos a querer adivinhar onde estamos, mesmo antes de ler o postal. Aposto no canto superior esquerdo,  a sua leitura acaba por ser determinante para sabermos que músico ou músicos procuramos.


Para os mais pequenos, o livro revela-se um jogo cheio de encantos e desafios infindáveis que desemboca no concerto final. Chegado o grande dia, assistimos, então, ao espectáculo. Nós e o público, composto por pessoas e animais de todas as paragens por onde andámos. E, claro, o dito pássaro amarelo.



Encontrar os 22 músicos espalhados pelo mundo não é tarefa fácil. Nem para o maestro, nem para os leitores. Por isso, as guardas finais acolhem as soluções dos desafios que ao longo do livro são lançados. Agora sim, podemos dizer: Música, maestro! E aplaudimos de pé.


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Dia do Livro Infantil. Oferecemos Boleia!

Viajamos através do único meio capaz de nos levar a qualquer lado, o LIVRO. 



                                                        Fátima Afonso                                                                             Reinis Petersons

Hoje, celebra-se o Dia Internacional do Livro Infantil. O mesmo em que Hans  Christian Andersen nasceu.
Aqui, onde o Livro Infantil é coisa de todos os dias, estamos em festa! Juntem-se a nós e celebrem.