Em 1962, Ezra Jack Keats surpreendeu a América com o livro Um Dia de Neve, o primeiro álbum ilustrado na história da literatura infanto-juvenil em que o protagonista é um menino afro-americano. O sucesso rapidamente passou fronteiras. No ano seguinte, o livro venceu a Medalha Caldecott e foi arrecadando sucessivos prémios. O mais importante de todos, pensamos, foi ter-se transformado num livro imprescindível em qualquer biblioteca e ser hoje considerado um clássico da literatura.
As palavras são do próprio Keats. Mas o que, provavelmente, ele não saberia é que, mais de 50 anos volvidos, a diversidade continua a ser um dos temas prementes na literatura infanto-juvenil, persistindo a pergunta: porque são tão poucos os heróis, os príncipes e as princesas de outras raças?
O livro mostra a forma como Pedro, o pequeno protagonista, se diverte num dia de neve intensa. A genuína alegria de uma criança que brinca e se encanta com a própria descoberta, deslizando, rolando, inventando caminhos, desenhando pistas. Pedro faz bonecos de neve, anjos, pássaros...
O encanto é tal que até volta para casa com os bolsos mais cheios. Pelo sim pelo não, decide levar um bocado de neve. Claro que no dia seguinte o bolso está vazio, mas em contrapartida as brincadeiras serão partilhadas com um amigo.
Antes de começar a história, podemos ler que o autor se inspirou nas fotografias de um rapaz afro-americano que recortava da revista Life. Keats usou a técnica de colagem, lançando mão de diferentes papéis com origem em vários países, materiais como uma borracha a servir de carimbo, uma escova de dentes molhada em tinta-da-china para salpicar as páginas ou pedaços de tecido estampados, naquela que foi também uma revolução para o próprio autor no modo como fazia livros.
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