Poucas coisas serão susceptíveis de fascinar tanto uma criança como um mundo repleto de regras invertidas, onde cada imagem se revela uma situação de non-sense, incentivando-a a participar num incrível jogo de verdade/mentira.
Coelhos que apontam a arma aos caçadores,
cavalos que montam os jóqueis,
bebés que dão comida à boca das mães,
ratos que caçam gatos,
animais da selva que vivem nos pólos e vice-versa,
bombeiros que apagam inundações com fogo,
aviões que flutuam no mar,
barcos que circulam nas estradas,
carros e comboios que voam nos céus...
São apenas alguns exemplos da parafernália de situações bizarras que habitam O Mundo ao Contrário, imaginado pelo alemão Atak, que o Planeta Tangerina acaba de editar.
Num mundo onde tudo está trocado, são os três porquinhos que se apresentam com um apetite voraz para devorar o pobre lobo que, na mesma página, parece condenado a trocar de papel com a Capuchinho Vermelho.
Uma dança de papéis a que não ficam imunes muitos outros heróis da criançada, como Bart Simpson, Sponge Bob, Darth Vader, Batman, Snoopy ou Popeye. Um mundo pintado com uma estonteante paleta de cores, aparentemente vivido ou sonhado por um pequeno mickey mouse, que o atravessa ao longo de todas as páginas como um guia que conduz pequenos e grandes leitores. Sigam-no!
Num livro só de imagens ( a excepção é a inclusão de um Rap do Mundo ao Contrário no inicio), Atak oferece-nos um mundo desconstruído onde a hilaridade não impede a reflexão sobre a ordem natural das coisas.
Há dois anos, desconhecíamos a existência de Atak, pseudónimo de Hans-Georg Baber. Foi-nos apresentado, de forma algo surreal, por um livreiro americano, na Feira de Frankfurt. Depois de um frutuoso diálogo, o simpático homem não nos deixou sair, literalmente, sem trazer na bagagem Topsy Turvy World, a edição inglesa, ligeiramente diferente, publicada pela Flying Eye Books.
Um livro onde as coisas se invertem logo na página do título. Experimentem! |
Na companhia dos mais pequenos, revisitámos o livro vezes sem conta. As mesmas que agradecemos em pensamento ao livreiro que o catalogou de obrigatório. Até por se tratar de um daqueles livros que nunca temos certeza de alguma vez ver por cá... Pulámos de alegria e ficámos virados ao contrário quando soubemos da novidade do Planeta Tangerina! Obrigatório? Nem que para isso tenham de fazer o pino!
Sem comentários:
Enviar um comentário