Filipe só quer um abraço! Mas, na sua família, os mais pequenos devem dar o exemplo, o que quer dizer ficar sossegado, e acreditar que um dia, vai subir na vida. Pelo menos, é o que dele espera a ilustre família.
Filipe não podia achar tudo isto mais errado. Não queria ser exemplo para nada e mostrava-se pouco interessado em subir na vida. Tudo o que ele queria... era um abraço!
O escândalo rebentou. Público e espinhoso. A família de Filipe cobriu-se de vergonha e ele percebeu que aquele não era mais o seu lugar.
Um livro com uma forte componente visual, onde as ilustrações contam uma parte significativa da história. Texto e imagens mantêm uma encantadora cumplicidade que se espelha nas subtilezas e no humor que os desenhos de Simona Ciraolo vão revelando. Exemplo disso é o facto do leitor cedo perceber que Filipe é um cato, sem que o texto alguma vez o mencione.
Um inteligente jogo que começa na capa e se estende às geniais guardas, que dão guarida à árvore genealógica da ilustre família e registam uma amizade, que parece perdurar bem para lá do final do livro.
As expressões corporais e faciais ou o fabuloso pormenor da flor cor de rosa que o pequeno Filipe tem na cabeça (sim, porque ele é um cato), e que desaparece nos momentos mais difíceis da vida, farão as delícias dos mais pequenos, que adoram partir à descoberta de cada detalhe.
Escusado será dizer que o nosso pequeno lutador continuou a ser objecto de rejeição até aprender a coabitar com a sua própria solidão. Mas continuava a querer o seu abraço! Um dia fez a descoberta que mudaria a sua vida e as flores na sua cabeça multiplicaram-se.
Tal como o Filipe, os Hipopómatos adoram abraços. Por isso, agradecem à Orfeu Negro este e outros abraços que não esquecem.
Ilustração do Livro Burros, de Adelheid Dahimène & Heide Stollinger, editado em 2009.
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