Às vezes, os pássaros sorriem-nos. Acontece sempre que abrimos um livro como The Lion And The Bird. Não são muitas as palavras usadas pela autora, Marianne Dubuc, mas é imensa a história que nos conta. Daquelas que dão vontade de ser criança.
Um livro feito de silêncios, de pausas. De coisas simples e grandiosas como a amizade e a generosidade. Mas também de solidão e sabedoria, que atravessam as quatro estações do ano.
Um livro feito de silêncios, de pausas. De coisas simples e grandiosas como a amizade e a generosidade. Mas também de solidão e sabedoria, que atravessam as quatro estações do ano.
Num dia de Outono, quando trabalhava no seu jardim, um som chama a atenção do leão para um pássaro que caíra ferido. Decide tratá-lo. Quando acaba, o resto do bando já vai longe. É o inicio de uma bela amizade.
Juntos enfrentarão o rigoroso Inverno que se avizinha e o nosso leão revela-se um exímio anfitrião.
O seu acolhedor lar passa a ser também o do amigo recém-chegado. Partilha é agora a palavra de ordem. Este leão de bom coração parece pensar em todos os detalhes para proporcionar conforto ao visitante.
Detalhes que Dubuc nos revela através das ilustrações. Com uma simplicidade deslumbrante, quase infantil, que nos rouba sorriso atrás de sorriso. As soluções encontradas para o amigo, quer a caixa junto à lareira, quer o chinelo onde dorme, dizem bem da ternura e do desvelo do leão para com o pássaro.
E nós, como gostaríamos de ouvir a história que o leão lê ao pássaro! Imaginamos-lhe a sonoridade da voz grave e calma, ritmada pela sabedoria e pela experiência da vida.
Lá fora, o Inverno trouxe a neve. Mas, nem por isso, os dois amigos deixam de usufruir de momentos magníficos. Winter doesn't feel all that cold with a friend.
Perante a separação iminente, que conduzirá o amigo a novos voos e lhe retornará a solidão dos dias,
o sábio leão profere apenas uma frase: "Yes," says Lion. "I know."
À medida que o pássaro se afasta, desaparecendo no horizonte, o leão vai ficando cada vez mais pequeno. Adivinhamos-lhe a tristeza do vazio deixado pelo amigo, as recordações, o regresso à solitária rotina dos seus dias. Tudo isto, através do jogo de perspectivas, dos espaços brancos em redor, da sóbria paleta de cores, brilhantemente explorados pela autora.
Brilhantismo e simplicidade andam aqui de mãos dadas. Através da cor das árvores, do tempo da colheita ou do simples cair de uma folha, conseguimos prever a proximidade de cada nova estação.
Ao longo de um Verão, cujos dias teimam em passar lenta, lentamente, a cara do leão vai deixando transparecer sentimentos. Quase conseguimos ouvir-lhe os pensamentos. Esperança, incerteza, saudade, expectativa...
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