quarta-feira, 24 de abril de 2013

O TESOURO L-i-b-e-r-d-a-d-e


Há muitos anos, num país muito distante vivia um povo infeliz e solitário, vergado sob o peso de uma misteriosa tristeza.

As pessoas, quando se encontravam, nos cafés, nos empregos, na rua, falavam baixo, como se alguma coisa, um segredo terrível, as amedrontasse.
No País das Pessoas Tristes, as pessoas não podiam fazer o que queriam nem podiam dizer o que pensavam ou sentiam. E também não podiam conhecer outros povos, vivendo fechadas no seu país, como se ele fosse uma prisão.
Havia polícias por toda a parte que as perseguiam e lhes batiam se elas não dissessem nem pensassem o que eles queriam que dissessem e pensassem.
Os meninos do País das Pessoas Tristes não podiam ouvir as músicas, nem ver os filmes, nem ler os livros e as revistas de que gostavam... Nem sequer podiam beber Coca-Cola, porque a Coca-Cola também era (ninguém sabia porquê) proibida!
As raparigas e os rapazes não podiam conversar nem conviver. Elas não podiam vestir calças nem andar sem meias e eles eram mandados para horríveis guerras  em países longínquos e obrigados a matar gente que não conheciam e que nunca lhes tinha feito mal nenhum, e muitos deles morriam lá ou regressavam loucos ou estropiados. 
No País das Pessoas Tristes, tudo isto acontecia porque alguém tinha roubado o maior e mais valioso tesouro que aquele povo tinha... A Liberdade.
Mas um dia, as pessoas decidiram reconquistá-lo. Era o dia 25 de Abril. Esse dia passou para sempre a chamar-se o Dia da Liberdade.
Depois de Manuela Bacelar e Evelina Oliveira, nesta edição da Assírio &Alvim, é Pedro Proença quem ilustra O TESOURO, de Manuel António Pina. O Tesouro de todos nós.


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