Os Hipopómatos andam às voltas com lobos. Depois de termos começado a semana com o conto de Saki, onde o lobo comeu a menina impecavelmente vestida de branco, a tal que era horrivelmente boa, outros lobos se passeiam por aqui...
A verdade é que desde que Capuchinho e o Lobo foram transportados para o livro pela mão de Perrault e dos Grimm, nunca mais deixaram de fazer parte das nossas vidas. E apesar das "mil e uma versões" que deste conto se vão fazendo, continuamos a ser surpreendidos por estas duas criaturas!
Capuz cresceu e em CAPUZ E O LOBO, de José Manuel Saraiva/ Tiago Salgueiro, regressa à aldeia e ao local onde outrora existiu a casa da avó.
Sinal dos tempos, é agora uma professora desempregada. Uma mulher só e angustiada, saída de uma relação amorosa fracassada e cansada da vida cinzenta da cidade.
O reencontro com o filho do lobo mau dá-se naturalmente... mas Capuz foi em busca de algo mais...
Uma versão, no mínio curiosa e obrigatória para todos os que seguem as andanças da menina de vermelho.
Os tempos mudam e as florestas também. A menina de vermelho, com texto de Aaron Frisch( autor e editor, de 37 anos, que morreu em Janeiro último) e ilustrações de Roberto Innocenti, recentemente editado pela Kalandraka, é uma fabulosa versão adaptada aos nossos dias.
Aqui, a menina de vermelho tem nome. Sofia, uma menina bem-comportada, vive numa floresta, com poucos troncos e folhas. É feita de cimento e tijolos e cheia de perigos. A avó vive no bosque, que fica do outro lado da floresta.
A menina não esquece as palavras da mãe. Deverá ir sempre pela rua principal, onde as multidões podem ser sinónimo de segurança.Mas Sofia ainda está a aprender como funciona o mundo selvagem e pelo caminho deslumbra-se, observando as maravilhas da floresta. Música, magia e mistérios.
O bosque é o coração da floresta, um mundo cheio de cores, ruídos e tentações e é por isso que, embora não esquecendo os avisos da mãe, não resiste à sua montra preferida. Mas o coração da floresta também pode ser muito escuro e Sofia acaba por se perder.
Nas zonas mais selvagens da floresta impera a lei do mais forte e depois de se ver rodeada de chacais, esse papel parece estar reservado ao caçador.
Um motoqueiro sorridente, com dentes grandes, moreno, forte, que chega anunciado pelo ribombar de um trovão... Sofia fala-lhe da avó e da sua casinha, das bolachas e do mel que lhe leva...
Ele conhece bem a floresta e promete-lhe viagem rápida até casa da avó. Pelo caminho, o telemóvel toca, relembrando-lhe assuntos urgentes...Sofia terá de continuar a pé... E nós não contamos mais! Porque este é um livro para ver, muitas vezes!
Num registo próximo da banda desenhada, as ilustrações de Roberto Innocenti deixam-nos sem fôlego! Nada parece ter sido esquecido neste retrato de um mundo que pode ser, ao mesmo tempo, apelativo e a cores, estonteante e mágico, escuro, caótico, misterioso e perigoso. Afinal, o nosso!
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