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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Transparente. Livros que folhearam 2024

 





















Transparente | Mariana Rio | Livros Horizonte


Transparente marca a primeira incursão de Mariana Rio pelo universo da escrita. Com um percurso brilhante na ilustração, vários livros, prémios e distinções no currículo, Rio vem construindo, ao longo da última década, uma identidade e um mundo próprios. A conquista de um lugar no panorama da ilustração nacional e internacional está assegurada. Dona de um vocabulário gráfico inconfundível, reconhecemos-lhe o traço fino e minucioso, as paletas de cores fortes, a incessante  busca pelos detalhes e por uma certa perfeição imperfeita. Somos fãs do seu trabalho desde a primeira hora e, hoje como ontem,  continuamos a encantar-nos com a sua criatividade.   Descortinamos-lhe sempre uma certa inocência de criança que a mulher parece querer guardar. A autoria plena dos seus livros não só se adivinhava como se desejava. Esta é uma estreia preciosa e merecedora de aplausos.



       

Sou um explorador da imaginação. Gosto de sonhar acordado e de viajar pelos meus pensamentos.                                                

O começo de um livro é precioso e, tal como Maria Gabriela Llansol, Rio parece saber isso. Prende o leitor logo nas primeiras frases desta história sobre a temática intemporal da amizade. Uma temática que acaba por se desdobrar ao longo das páginas. Porque como é seu hábito, a autora conduz-nos  por várias camadas de leitura, transportando-nos para um caminho bem mais abrangente do que, eventualmente, o leitor esperaria. Amizade, autoconhecimento, sonho, realidade, mistério... a diferença, o outro...uma certa ode à vida saudável e sustentável... bem podemos escolher a árvore a que queremos trepar para nos deitarmos a pensar no tanto que este livro contém.
























O sonhador protagonista, nas suas deambulações, encontra uma floresta selvagem, repleta de vegetação, e por lá decide ficar. Há por ali toda um nova vida e ele não hesita em explorá-la. Descobre insectos enormes e flores monumentais, passa a alimentar-se de frutos, folhas, raízes e sementes, dá mergulhos no ribeiro, trepa às árvores em busca de lugares perfeitos para se deitar a pensar. Como amante e estudante da natureza, constrói o seu abrigo-laboratório neste pedaço de paraíso. Tudo o que precisa encontra-se ali. 

Um dia, tem um encontro inesperado com um ser bem diferente dele. Um ser transparente e capaz de se metamorfosear. Fica assustado. Porque, num primeiro momento, tudo o que é diferente pode causar medo. Até então, aquela paisagem era só sua! O tempo foi-se gastando e o nosso sonhador envelhecendo. Os seus pensamentos tornaram-se mais complexos e o  conhecimento de si próprio e do que o rodeava apurou-se. O reencontro com o outro já não o atemoriza. Agora, também ele consegue ser transparente. Porque o caminho de construção da amizade passa, necessariamente, pelo conhecimento de nós mesmos. Só assim estamos aptos a aceitar e a conhecer o outro e as suas diferenças. É nessa transparência que todos nos devíamos encontrar.

 























À semelhança do protagonista, acreditamos que Rio é uma exploradora da imaginação e que no seu abrigo-laboratório continuará a sonhar acordada.  Que das viagens pelos seus pensamentos de menina mulher, continuarão a surgir livros polvilhados de poesia, tanto nas imagens como nas palavras. Este é um livro poético, delicado e capaz de despertar a imaginação de leitores de todas as idades.  Uma das nossas escolhas em 2024.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Mia e o Balão


 





















11. Mia e o Balão | Komako Sakai | Livros Horizonte

Admiradores confessos da obra de Komako Sakai, em 2015 escrevíamos aqui sobre o seu mundo fascinante. Um mundo repleto de histórias que narram  factos simples da vida das crianças, com textos curtos, mas nem por isso menos poéticos, e onde os desenhos sempre captam o que de mais genuíno e belo existe na infância. 







































A expressividade e a densidade que Sakai consegue incutir nas personagens e a autenticidade com que nos mostra o que as rodeia são características maiores da sua arte. Mia e o Balão incorpora tudo isto.  A menina ganha um balão amarelo e o seu fascínio por ele é notório. Mais do que um simples brinquedo, o balão rapidamente atinge o estatuto de companheiro inseparável. Mia quer partilhar com ele as brincadeiras de rua, as refeições...vestir o pijama, lavar os dentes, ir para a cama já não são coisas para fazer sozinha. Não espantará, pois, o leitor que a pequena fique inconsolável quando o vento lhe leva o seu novo amigo para o cimo de uma árvore. Só mesmo  a promessa da mãe de o tirar no dia seguinte a consegue tranquilizar.



 



































Com um texto curto, são as ilustrações, com fundos minimalistas, que nos revelam as emoções de Mia em cada momento da estreita ligação que estabelece com o balão. A cada vinheta podemos sentir o afecto da pequena e as diversas formas como o manifesta. Através delas, e com a genial simplicidade que a caracteriza, a autora conta-nos uma história passível de ser vivida por qualquer criança.






















A propósito do seu livro Hannah's Night, que podem ver aqui, escrevemos que Sakai revela um profundo conhecimento do mundo interior das crianças, conseguindo através das ilustrações transmitir pensamentos e sentimentos, como se estivessem envoltos numa película transparente.  
O balão? Abram o livro e vejam se a mãe de Mia precisa de ajuda.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

A Mentira
























A Mentira, com texto de Catherine Grive e ilustrações de Frédérique Bertrand, publicada entre nós pela Livros Horizonte, é uma história predominantemente gráfica sobre um tema indissociável do universo infantil. Expressões como mentir é feio ou não se deve mentir, tantas vezes utilizadas pelos adultos na educação das crianças, nem sempre evitam os narizitos de Pinóquio. Esta é a altura da vida em que as inverdades andam quase sempre de mão dada  com a imaginação e um grande poder inventivo.

No caso desta história, não há necessidade de grandes discursos acerca da mentira ou do valor da verdade, já que as autoras optaram por uma representação gráfica da própria mentira, das proporções que ela pode tomar e bem assim do peso angustiante que pode acarretar para a criança. Surgindo, inicialmente, sob a forma de um pequeno ponto vermelho, ela vai crescendo e multiplicando-se ao longo das páginas do livro até atingir dimensões gigantescas. A menina que aqui surge como dona da mentira conta-nos que ela terá nascido num dia igual a tantos outros e que as palavras que lhe deram forma terão saído sozinhas. Um cenário nosso conhecido...







































Assim que nasce, a mentira revelava-se incómoda. Espera pela dona em todos os cantos da casa e segue-a por todo o lado fora dela. No quarto, na casa de banho, na rua, na escola, a mentira não a larga nem lhe dá descanso. Mesmo quando a menina a manda embora, ela volta. Ainda que tente  não olhar para ela, sabe que ela lá está. Vive angustiada e tem alturas que até imagina empurrá-la do cimo de uma montanha...
























O leitor vai acompanhando o crescimento da mentira, do seu peso. Primeiro, pelo aumento do tamanho. Num segundo momento, pela multiplicação da mesma, desdobrando-se em vários tamanhos. Ela torna-se omnipresente. Todos sabemos que a cada dupla página, ela se tornará maior. Os mais pequenos vão absorvendo as dimensões que ela vai ganhando e as proporções que atinge na vida da pequena dona. Proporções tantas vezes insignificantes aos olhos dos adultos, mas quase sempre gigantescas para a criança.

Com um texto curto, é, sobretudo, através das imagens que o leitor vai assimilando o crescimento e o peso da mentira na vida da sua dona. A cor vermelha não terá sido escolhida ao acaso e é passível de várias associações. Desde logo, a evocação do universo de Yayoi Kusama e das suas famosas bolas. A própria capa traz-nos à memória uma outra, a de Kusama: Infinity, The Life & Art Of Yayoi Kusama. Somos fãs do trabalho de Frédérique Bertrand e ficamos felizes quando vemos os seus livros por cá. Este é precioso para leitores de todas as idades.

O que aconteceu à mentira? Nada que uma boa dose de coragem, uma conversa com os pais sobre a verdade da mentira e um alfinete não resolvam... Boas e verdadeiras leituras!

sexta-feira, 3 de junho de 2016

EU GOSTO DE TI. E TU?


O primeiro bilhete de amor. Aquele que escrevemos e que, quase sempre, acaba por ficar no bolso, na  gaveta, na mochila... 



O primeiro desgosto de amor... que muitas vezes ainda encontra consolo no ombro da mãe. As feridas do coração  que o tempo e uma nova paixão sempre acabam por sarar. Uma inteligente e doce abordagem de um tema inesgotável, o primeiro amor


Amanhã, às 15 horas, na Casa dos Hipopómatos, na Biblioteca Municipal de Sintra, os autores Inês Almeida e Nicholas Carvalho fazem a apresentação do livro. E prometem algumas surpresas! Estamos à vossa espera!