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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Esta História Não é Sobre Uma Gatinha

 












Esta História Não É Sobre Uma Gatinha | Randall de Sève e Carson Ellis | Fábula


O título deixa o leitor, no mínimo, curioso. Se a história não é sobre uma gatinha, o que faz esta bichana de olhos doces e ar de Calimero a olhar-nos fixamente na capa? Ainda que informados sobre o seu não protagonismo e, antes mesmo de abrir o livro, aos olhos do leitor ela já assumiu o papel principal.













Ao abrir o livro, o leitor dá por si numa zona residencial onde as casas quase se colam umas às outras e as rotinas dos moradores se adivinham. Os detalhes estão todos por ali. Carros e bicicletas estacionados às portas, caixotes do lixo...




À medida que percorre as ruas, ou melhor, as páginas, vai ficando a saber sobre o que não reza a história. Já sabemos que não é sobre a gatinha. Também não é sobre o cão que parou quando ouviu a gatinha miar, nem sobre as pessoas que passeavam o cão, nem sobre todas as outras que se solidarizaram para salvar a gatinha faminta e suja, assustada e sozinha, que miava tristemente, precisando de um lar.






















Com uma estrutura acumulativa, vivendo da repetição e acrescentando sempre novos elementos  a cada virar de página, a história vai prendendo o leitor e aguçando-lhe a curiosidade. Não só por saber o destino da faminta e assustada gata mas, acima de tudo, sobre o que será, afinal, esta história. Sério, não é mesmo sobre esta gatinha?














O leitor acompanha todas as diligências que se sucedem para a operação de resgate. Desde o inicio que percebe que o pequeno animal se encontra debaixo de um carro, ainda que o texto não lho diga expressamente. Torce para que todas e cada uma das pessoas que vão chegando sejam bem sucedidas. E exulta quando a pequena gata é retirada dali, alimentada e até... baptizada. 













A história pode não ser sobre a gatinha, mas é, seguramente, sobre o poder que ela tem de transformar uma comunidade de pessoas praticamente desconhecidas num grupo de bons e unidos vizinhos. Porque é do espírito de entreajuda, de solidariedade e de generosidade que fala esta história. A diversidade que atravessa o grupo é revelada ao leitor pelas magníficas ilustrações de Carson. E deixa-nos a pensar que, nos dias que correm, precisamos de mais gatinhas como esta para abrir as portas dos bairros e conhecermos aqueles com quem partilhamos lugares e rotinas de vida.













De uma dupla de autoras bem conhecidas e premiadas, este é um livro capaz de reunir e cativar leitores de todas as idades. Somos fãs do trabalho de Carson (quem não se lembra do seu Ké Iz Tuk) e congratulamo-nos-nos por a ver chegar até nós através de diversas editoras. Mas como na vida, nem tudo nesta história é simples. O que irá acontecer, agora, a esta gatinha? São muitos e de vária ordem os obstáculos elencados por cada um dos seus novos amigos. Conseguirá ela uma família que a adopte? Cabe ao leitor visitar este bairro de gente boa e descobrir o desfecho desta deliciosa história. Miau!


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ké Iz Tuk? Uma língua para aprender


A princípio estranha-se. Depois entranha-se. Ké Iz Tuk? Ké Iz Tuk? Ké Iz Tuk?
Se a pergunta parece estranha, a resposta não lhe fica atrás... Mei nazé


É uma história estranha? Sim.
Louca? Sim.
Divertida? Sim.
Irresistível? Sim.
E não conseguimos deixar de pensar o quanto Carson Ellis, a sua autora, se deve ter divertido a concebe-la. 


O frutuoso diálogo decorre entre dois insectos. Na origem, está uma pequena planta que brota da terra e que parece despertar a curiosidade de ambos. Mas a língua em que as criaturas  se exprimem não nos é familiar. É nova! E o grande desafio que se coloca aos leitores, independentemente da idade e do tamanho, é o de tentar decifrar o que vão dizendo.


Enquanto isso, a planta vai crescendo e preenchendo o extenso espaço em branco com que se iniciou a história, evidenciando o óbvio contraste com os minúsculos  animais que ocupavam uma pequena parcela da página direita. Paralelamente, a página esquerda abriga um tronco, aparentemente habitado por uma vizinhança culta e prestável, sendo  igualmente cenário para outros enredos que piscam o olho à sagacidade e à atenção do leitor.


A enigmática linguagem vai fluindo ao ritmo das soluções encontradas para a escalada que os nossos empreendedores decidiram iniciar. Provavelmente, tudo teria corrido de forma diferente não fosse esse perigo conhecido de todos, que dá pelo nome de... Nhareto Nhacoso!


O dia e a noite sucedem-se tal como as diversas fases do ciclo da vida. A planta que brotara da terra cresce, transforma-se e acaba por morrer, dando lugar a uma outra. A lagarta que conhecemos  no inicio do livro e o atravessa todo no seu casulo, é agora uma borboleta bailarina que celebra a noite na companhia de um charmoso músico.  



Não hesitem! Ponham as imaginativas crianças a falar esta língua e surpreendam-se com os resultados!  Ké Iz Tuk?  Mei tapu genial!


Distinguida há poucos dias com a Caldecott Honor Medal, Carson Ellis agradeceu no seu site  o prémio recebido. O Caldecott Committee justificou desta forma a distinção:
"A diverse community of anthropomorphic bugs is intrigued by an unfurling sprout. Carson Ellis deftly depicts the mysteries of life in an imaginary, natural world. Through intricate details and the witty humor of a made-up language, “Du Iz Tak?” is a treasure trove of visual and linguistic literacy."