Mostrar mensagens com a etiqueta Isol. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Isol. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A importância de se chamar Isol



Quando, em 2013, a argentina Marisol Misenta, conhecida no mundo da literatura por Isol, ganhou o prestigiado prémio Astrid Lincoln Memorial Award (ALMA),  o júri elogiou-lhe a capacidade de olhar o mundo com olhos de criança, de pôr a nu os absurdos que povoam o mundo dos adultos, de abordar os aspectos mais negros da existência com humor e leveza. 



Tais considerações continuam inquestionáveis para quem segue e admira o seu trabalho.  Em Isol há uma genial simplicidade e um humor feito de pequenas subtilezas. Em regra, ambos culminam num resultado genuinamente criativo e com  marca própria. Com um estilo inconfundível, os seus livros são, predominantemente,  narrativas visuais que nos levam de volta às ruelas e caminhos da infância, ao mesmo tempo que se revelam lugar de encontro para as crianças. 



A preferência pelos tons pastéis, os expressivos e inconfundíveis "bonecos", a candura das  personagens, as temáticas "existencialistas" onde pontifica o conflito, o binómio mãe-filho... são características indissociáveis do trabalho desta argentina que torna o livro num objecto único, onde miúdos e graúdos se divertem e, tantas vezes, se espelham.



Vida de Perros, publicado em 1997,  marcou a estreia no mundo dos livros ilustrados. Vinte anos volvidos, a sua obra encontra-se publicada em mais de 20 países. Autora do texto e da ilustração dos seus livros, Isol não recusa trabalhar em parceria, destacando-se a que vem mantendo com o poeta e escritor argentino Jorge Luján. A paixão e os percursos de ambos pela música (Isol é também compositora e cantora) são outros pontos em comum.



A recente chegada de um livro de Isol a Portugal, pela mão da editora Orfeu Negro, é motivo para festejarmos efusivamente. Esperando que Petit, o Monstro desbrave o caminho para todos os outros.  Tiner Un Patito És Útil,  Nocturno,  Abecedário...


Sendo o primeiro livro, entre nós, com texto e ilustrações de Isol, esta não é, porém, uma estreia absoluta. Mas, serão  muitos os que desconhecem que, em 2006, as Edições Asa publicaram  A História de Natal de Auggie Wren, com texto de Paul Auster e ilustrações de Isol. Que dupla! 
Curiosamente, este é um  trabalho  um pouco diferente do que nos habituámos a ver.  Isol recorre, aqui, ao uso reiterado da fotografia,  não impedindo que reconheçamos as típicas personagens e o seu cunho muito próprio. 



Petit, o Monstro, o livro que agora chega, é um bom exemplo de uma abordagem impregnada de humor, com as incongruências próprias do mundo dos adultos a dificultarem que o pequeno protagonista, um rapazito igual a tantos outros que conhecemos, se encontre a si mesmo, descubra a sua verdadeira identidade. 


Petit vive baralhado. Não sabe o que pensar porque, às vezes,  dizem-lhe que é um menino bom, mas outras há em que lhe dizem ser um menino mau. Quando brinca com o cão, quando inventa e conta histórias, dizem-lhe que é bom. Quando diz mentiras ou puxa os cabelos às meninas é mau... 


Os adultos são difíceis de entender. E não sabe o que responder à mãe quando ela lhe pergunta como um menino bom é capaz de fazer coisas tão más. Para agravar as coisas, quanto mais Petit se esforça para ser um menino bom, pior é o resultado. O rapazito chega mesmo a questionar-se se será algum tipo de monstro inclassificável
Como acaba tudo isto é o que vocês, leitores, irão descobrir. Com duas certezas:
1ª- Petit passa por longos períodos de reflexão, tentando compreender-se. 
2ª- Sendo uma história de Isol e conhecendo o papel que a figura da mãe assume na sua obra, o final não poderia ser outro. Deliciosamente hilariante.


Fica a sugestão: Isolem-se com os vossos monstrinhos, desculpem, com os vossos Petits  e divirtam-se! Também é para isso que os livros servem. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

À espera de Isol

Chegam sem manual de instruções e nem sempre os entendemos à primeira... Há alturas em que se nos afiguram quebra-cabeças de difícil resolução. Falamos de bebés! 


Nascido da sua própria experiência da maternidade, o último livro da argentina Isol é uma espécie de guia, onde a autora disseca, com sublimes doses de humor, esse misterioso ser"Le bibou", edição francesa do título original "El menino" traduz, ao longo de sessenta páginas, uma deslumbrante e genuína criatividade.


A abordagem é feita a duas vozes, reflectindo as reações dos adultos e também as do pequeno e estranho ser que, de repente, surge nas nossas vidas, mudando-as radicalmente. A chegada do bebé, que desembarca nu e aos gritos, anunciando-se ao mundo, é o grande acontecimento.



As interrogações são muitas. As dúvidas também. De onde vem o bebé, será que ele sabia para onde vinha quando iniciou a sua viagem ou terá chegado a nossa casa por mero acaso?


A única certeza que temos é que o recém-chegado não se faz acompanhar de manual de instruções. Por sorte, vem equipado com vários apetrechos que, com o decurso dos dias, vamos aprendendo a conhecer e a manusear. Estes são, apenas, alguns exemplos: 


Uma poderosa sirene que alerta quando ele tem falta de alguma coisa. O seu funcionamento tanto pode indiciar que é necessário dar-lhe de comer, como adormecê-lo, tratar-lhe da higiene, ou brincar com ele e acarinhá-lo. Divertido mesmo, é tentar adivinhar a resposta certa cada vez que o alarme toca.


Uma válvula situada na parte inferior da cara, que utiliza para mamar, evidenciando fome várias vezes ao dia. Na parte superior, localizam-se duas janelas, com diversas utilidades e entre elas e a válvula, dois buracos que são túneis por onde entra e sai o ar. De cada lado da cabeça, situa-se uma protuberância em forma de caracol que, apesar de poderem confundir-se com duas alças são radares sônicos  de grande complexidade.


O imaginativo estudo anatómico deste ser totalmente articulado prolonga-se por várias páginas, numa brilhante e magistral composição gráfica.



Com requintada subtileza , Isol vai pondo em evidência a intensidade da presença do bebé, a mudança de hábitos que introduz na vida dos que o recebem, a forma como nos rendemos a estas criaturas, passando a vivenciar , com grande naturalidade, situações, no mínimo, bizarras.


De forma hilariante, a autora exemplifica como os pais fazem figas para que  a Boa Fada do Cocó, que visita habitualmente o bebé, não se esqueça de passar lá por casa... E relembra essa espécie de amnésia de que somos atacados e que nos impede de lembrar como era a vida antes da sua chegada. 


Sim, rendemo-nos ao menino de Isol! Esse ser misterioso, que traz um nó parecido com o de um balão, que reflecte as nossas emoções como um espelho, que fala uma língua totalmente diferente, que acredita poder ser invisível, e que um dia descobre que as pessoas grandes que o cercam também já foram bebés.


A aparente simplicidade dos bonecos de linhas direitas, desenhados no que parece ser papel kraft (totalmente reciclado e biodegradável), o imaginativo e deslumbrante jogo de linhas e cores, onde sobressai o traço a caneta, retratam de forma única a essência do pequeno ser. Um fabuloso livro para leitores dos 0 aos 100!


Vencedora do prémio ALMA em 2013, Isol conta já com mais de duas dezenas de livros editados. O fascínio que sentimos pela sua obra faz-nos acreditar que não demorará muito mais a chegar a Portugal.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Os Sonhos de ISOL



É um receituário de sonhos! Variados e fáceis de fazer... não demoram mais do que cinco minutos.  Recomenda-se um por noite. 
As receitas são da autoria de ISOL, a argentina que acaba de ser distinguida com o prémio ALMA, a maior distinção na área da literatura infantil e juvenil. 
    
   
Porque um sonho aborrecido é uma noite desperdiçada, este é o seu contributo para pequenos grandes sonhadores. Para que possam sonhar... dia e noite.
           
Os sonhos brilham e transformam-se no escuro. À noite, enchem-se de seres fantásticos que durante o dia não os habitam, como sempre acontece neste mundo mágico e misterioso.  

Através do uso de um material florescente, reactivado com alguns minutos de luz, ISOL concebeu onze sonhos que ganham outra dimensão quando apagamos a luz. E ainda há o décimo segundo, aquele que o sonhador mais desejar e que pode criar na página em branco com que o livro termina.

NOCTURNO, Recetario de sueños, tem um formato próprio para colocar na mesa de cabeceira, bem junto dos nossos sonhadores. Depois, é só fechar os olhos e entrar sonho dentro... Como desejamos que ISOL continue a fazer,  partilhando connosco toda a sua genialidade.