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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Grandes Vidas Portuguesas.



A Marquesa de Alorna e Antónia Ferreira são as senhoras que se seguem na colecção Grandes Vidas Portuguesas, editada pelo Pato Lógico em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.




Das anteriores biografias falámos aqui, referindo que esta é uma fantástica forma de apresentar aos mais novos alguns vultos da nossa história. Mas nem por isso menos cativante para os mais velhos.



Marquesa de Alorna, Querida Leonor, com texto de Luísa V. de Paiva Boléo e magnificamente ilustrado por André Carrilho, é um relato intenso e apaixonante da vida de uma extraordinária mulher, que encontrou nos livros e na cultura a fuga ao cativeiro que ainda menina lhe foi imposto.


Foram muitos os livros que D. Leonor leu nos dezoito anos de cativeiro: " Fui lendo tudo quanto achei e pude adquirir por um folheto que comprei, o qual tinha o título Bibliothèque d'un homme de gout, cheguei a adquirir 600 volumes meus, quase todos cheios de notas para meu estudo e instrução."
Verdadeira patrona das artes, Leonor, ou se preferirem, Alcipe, nome com que assinava a sua poesia, viveu uma vida muito para lá do seu tempo, o século XVIII.


A história de Antónia Ferreira, A Desenhadora de Paisagens é escrita por João Paulo Cotrim e ilustrada por Pedro Lourenço. Num mundo ao tempo dominado apenas por homens, a determinação da mulher que ainda hoje conhecemos por Ferreirinha garantiu-lhe um lugar na História.


Com uma imagem indissociável da do vinho do porto, aquela a quem chamavam a mãe dos pobres conduziu os negócios da família de forma exemplar, elevando-os a um patamar vedado à grande maioria dos homens.


Dona Antónia, a Ferreirinha, tinha uma fortuna colossal: as suas vinhas produziam 1500 pipas de vinho. em armazém repousavam mais 15 mil, centenas de acções em empresas de cá e do mundo, casas e palácios no Porto e em lisboa, armazéns enormes e o que mais tivesse jeito de ser sólido. E tinha, sobretudo, mais de 20 grandes quintas, que foi fazendo crescer comprando as pequenas da vizinhança. Com ela, os mapas não ficavam quietos. Contas feitas, a família herdou um património de perto de seis milhões de mil réis, muitos zeros que significam a possibilidade de fazer mundos e fundos.


A vida não deixou de lhe destinar alguns revezes, mas  isso não a impediu de se tornar dona e senhora do seu mundo.
Fãs destas Grandes Vidas, vamos já perguntando: próximos?

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A liberdade está a passar por aqui

Ilustração retirada do livro Romance do 25 de Abril, com texto de João Pedro Mésseder e ilustrações de Alex Gozblau.

Eu Acredito


David Machado parece determinado a aumentar o nosso índice médio de felicidade. Desta feita, numa preciosa parceria com Alex Gozblau. Eu Acredito é um daqueles livros que nos acompanha pela casa toda durante vários dias.


Eu acredito é o mote para a estrutura repetitiva do texto que, de forma metafórica e poética, a cada página desafia a memória de uma infância já vivida e desperta a magia de algo que está por acontecer.


Uma magia espelhada e redimensionada nas ilustrações de Gozblau, que nos conduzem por um universo misterioso e algo fantasmagórico. À semelhança do protagonista, nunca deixamos de procurar o que suspeitamos estar escondido.


O menino que acredita é um menino que, às vezes, parece homem.  Enverga roupas que não são de agora e vive rodeado de móveis e objectos de um indecifrável passado. Por companheiro, tem um gato preto. Com eles, visitamos um tempo que, tal como a crença, não tem idade.


O gato parece assumir papel de mero espectador, quase sempre adoptando a mesma postura do rapaz, mas há momentos em que se nos afigura a personificação da própria crença.

Eu acredito que os fantasmas acreditam que eu também sou fantasma. 

Um fantástico jogo de sombras contrasta, na perfeição, no azul escolhido por Alex Gozblau para retratar o enigmático, o inquietante, o mágico... 

Eu acredito que à noite, para adormecer, os carneiros contam pessoas.

Talvez seja essa inquietude que, ao mesmo tempo que nos impede de fechar o livro, nos recorda Edward GoreyO papel de parede, os cortinados, os móveis austeros, os retratos de parede e até alguns traços fisionómicos do rapaz...


Um livro magnífico, onde é possível acreditar que dentro do escuro há monstros, mas também há fadas. Que os peixes podem nadar até à lua.  Ou até na força do sopro dos gigantes que vivem do outro lado do mundo. 


Nós acreditamos. Em livros que genialmente nos desassossegam!