Um Rato e um Panda protagonizam esta história sobre amor incondicional, amizade e perda. O diálogo entre os dois pontua a viagem que vão fazendo pelas estações do ano e suas intempéries. Uma viagem que evidencia e reforça os fortes laços que os unem, ao mesmo tempo que dá ao leitor a noção do decurso do ciclo da vida.
O pequeno rato formula as questões, interrogando o seu amigo sobre a força daquela união e se ela será suficientemente forte para superar todas as adversidades da vida. A cada resposta, o Panda revela a solidez da sua amizade. O afecto que demonstra é tocante. O leitor apreende-o nas respostas e nos gestos. A diferença de tamanho dos dois realça-o ainda mais. O carinho com que protege o pequeno amigo face ao vento, à chuva ou à neve, revela-se em cada abraço ou entrega de mãos.
Ainda assim, o rato vai insistindo nas perguntas, repetindo a formulação dás-me a mão se...? E se eu ficar rabugento? E se eu fizer uma coisa muito, muito má? Cada resposta do Panda soa ainda mais reconfortante, indo sempre mais além na generosidade dos seus sentimentos.
Christopher Cheng escreveu esta história na altura em que a mulher se debatia com um cancro. Sentiu necessidade de abrir o coração, partilhando os seus sentimentos sobre a forma como lidamos com a partida daqueles que amamos, mas que viverão para sempre no aconchego da nossa memória. A escolha dos personagens não fica a dever-se a um qualquer acaso, antes ao facto de serem os seus animais preferidos. King deu-lhes vida através do seu traço delicado, minimalista e sóbrio.
De mãos dadas, ilustração e texto geram uma história que é, ao mesmo tempo, plena de fragilidade e de uma força capaz de tocar leitores de todas as idades.
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