Discórdia, da autoria de Nani Brunini, é o nono livro da colecção Imagens que Contam, editada pela Pato Lógico. A colecção nasceu, há cerca de oito anos, como um espaço de liberdade criativa para artistas visuais, em que cada convidado é desafiado a imaginar uma narrativa contada exclusivamente através de imagens.
Brunini aceitou o desafio e o resultado é uma magnífica narrativa visual à volta de um tema que nos envolve a todos. Brasileira de nascimento, tendo vivido em vários lugares como São Francisco e Londres, a autora terá vivenciado de perto as divergências de opinião de amigos e familiares acerca de acontecimentos como a chegada de Trump e Bolsonaro ao poder ou o Brexit. Na vida, muitas vezes, as diferentes posições são elevadas a um extremo que conduzem ao corte de relações e a zangas intermináveis. Foi esse o ponto de partida para esta discórdia.
O que começa por ser uma opinião diferente de duas pessoas, vai-se transformando numa acesa celeuma. A cada lado das duplas páginas vão chegando novos partidários que contribuem para a gigantesca polémica. O pequeno formato das personagens dispostas no vazio branco das páginas, acentua ainda mais o enorme ruído que se vai gerando. Sem necessidade de palavras, ele chega ao leitor através da nuvem que se foi instalando, pintada com as duas cores da controvérsia. A cada virar de página, as posições surgem mais extremadas, sugerindo que chegámos a um ponto em que os argumentos da cada um já não são audíveis. Querem saber quem ganha e quem perde? Se há vencedores e vencidos? Abram o livro e ouçam o barulho ensurdecedor que por lá se faz.
Não deixem de o fazer com as crianças porque este é um livro para todas as idades. Os temas que inspiraram a autora ( podem ver aqui a entrevista que deu ao blogue Letra Pequena) podem ser do mundo dos adultos, mas assistir a esta discórdia fará bem a leitores de todas as idades e tamanhos. Afinal, como diz o Pato, Discórdia é um livro para quem está cansado de gritaria. E não estamos todos?
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