Olá Farol de Sophie Blackall, o livro vencedor da Caldecott Medal em 2019, chegou a Portugal pela mão da editora Fábula. Em Maio, escrevíamos aqui sobre Hello Lighthouse, a edição original que tínhamos trazido na mala depois de uma viagem pelos faróis do Canadá. Manifestávamos, igualmente, o desejo de o ver em português. Hoje festejamos e agradecemos à Fábula a chegada desta fascinante homenagem àqueles que, solitariamente, durante anos, dedicaram a vida a guardar e a assegurar o funcionamento das "casas de luz".
No rochedo mais alto de uma minúscula ilha nos confins do mundo, ergue-se um farol. Foi construído para durar para sempre, alumiando o mar com a sua luz, guiando os navios que passam.
A história apresenta-se sob a forma de relato da vida do faroleiro. Uma vida solitária que se compartimentava em pequenas e rígidas rotinas no dia a dia. Cuidar da luz, limpar as lentes, acrescentar petróleo, aparar as pontas queimadas dos pavios, pescar, pôr a mesa, escrever o "diário de bordo", escutar o vento, observar o horizonte, escrever para a mulher...
Rotinas solitárias, por vezes só quebradas por tragédias, tempestades, dias revoltosos.
Em Olá Farol, a chegada da mulher e o nascimento da filha amenizam um pouco a solidão, tornando a família numa estrutura de suporte para enfrentar o isolamento. Enquanto o texto se apresenta como um diário, através das ilustrações, Blackall transmite-nos os pormenores dos dias, a dureza da noite, o decurso do tempo, as estações do ano... os acontecimentos, as emoções. Os momentos mais íntimos ou nostálgicos surgem em forma de círculo, enfatizando o lado solitário dessas vivências.
Por último, um merecido elogio à edição da Fábula, que optou por uma capa com um toque macio e suave que nos aumenta a vontade de entrar mar dentro, visitar o farol, conhecer o faroleiro... Vão lá!
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