Quando, no verão passado, nos cruzámos com Hello Lighthouse, de Sophie Blackall, pensámos que só podia tratar-se da cereja no topo do bolo. Tínhamos acabado de percorrer a região da Nova Scotia, no Canadá, e visitado alguns dos mais de 160 faróis que por ali existem. Entre eles, Peggy’s Cove ou Peggy's Point, considerado o mais famoso e fotografado. O livro pareceu-nos uma bela homenagem a todos os que, de forma bem solitária, durante anos, dedicaram a vida a guardar e a assegurar o funcionamento daquelas "casas de luz".
Visitar um farol por dentro significa viajar no tempo e imaginar a vida daqueles que viveram confinados a espaços tão pequenos e isolados. Percebemos as rotinas dos seus guardiões, conhecemos os espaços onde passavam os dias e as noites, onde dividiam a vida com as famílias. Uma vida contada ao pormenor no diário de bordo de cada faroleiro.
Desta feita, tivemos direito a uma visita guiada por Sophie Blackall, magnificamente ilustrada e extraordinariamente bem documentada. As rotinas e os factos relatados revelam a dimensão da abnegação destes guardiões e das suas famílias, não deixando ninguém indiferente.
A chegada de um novo faroleiro, os arranjos e ajustes que faz, a solidão de um tempo que custa a passar, a chegada da mulher, o nascimento do filho, as estações do ano...são detalhes descritos primorosamente por Blackall, que nos faz viver cada um deles de forma singular.
Hello Lighthouse viajou do Canadá para Sintra em agosto, passando a ter lugar de destaque na Casa dos Hipopómatos. Em Janeiro, ficámos imensamente felizes por saber que tinha sido o livro vencedor da Caldecott Medal.
Esta é a segunda vez que Blackall vence a Caldecott Medal, tendo, em 2016, arrecadado a distinção com Finding Winnie : The True Story of the World's Most Famous Bear, um livro que todos os fãs de Winnie deviam conhecer. Será que, um destes dias, atravessa o oceano?
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