Mac Barnett e Jon Klassen estão de volta. Pela mão da Orfeu Negro, a dupla de Uma Aventura Debaixo da Terra e de Triângulo regressa, agora, ao Quadrado!
Geometricamente falando, este é o segundo livro. Do primeiro, Triângulo, falámos aqui. Na altura, a propósito de Klassen, relembrámos o que tínhamos escrito em 2013: Enquanto ilustrador, Klassen é portador de um estilo inconfundível. Minimalistas, as suas ilustrações parecem conter apenas o essencial para nos encantar e deixar incondicionalmente à espera do próximo livro. A utilização de uma paleta de cores, onde predominam, em regra, os tons terra, sépia e negro é outra das suas características. Mas é, sobretudo, o humor desconcertante que quase sempre expressa nas suas ilustrações, que encanta pequenos e grandes leitores.
Hoje, voltamos a dizer que os mais pequenos têm razões para sorrir.
O Quadrado é já nosso conhecido. As crianças não terão esquecido o susto causado pelas partidas que o brincalhão do Triângulo lhe pregou. Desta feita, temos oportunidade de o conhecer um pouco melhor e ficamos a saber que ocupa o tempo na sua gruta secreta, tirando blocos de pedra que empurra até ao topo da colina. Depois, empilha-os, obtendo verdadeiras obras de arte. Um trabalho maravilhoso que não passa despercebido à sua amiga Círculo.
O Quadrado não sabe sequer o que é um escultor, mas a sua amiga acha que é isso que ele é. Mais, conhece-lhe as aptidões e considera-o nada mais nada menos que um génio. Por isso, encomenda-lhe um trabalho específico. Mais uma vez, o Quadrado está em apuros. De natureza diferente, é certo. A verdade é que não se sente capaz de executar o trabalho que a amiga Círculo lhe pede, duvidando de si mesmo e vendo a perfeição, que sempre almeja, longe do seu horizonte.
Sem querer antecipar o resultado final, sempre diremos: espectacular! Sim, concordamos com a Círculo. Este Quadrado é um génio. Vão de férias? Levem-no que ele pode ser uma ajuda preciosa! Os miúdos agradecem.
O Lobo, O Pato & O Rato.
Uma história pronta a ser devorada, mesmo em férias
Um dia, pela manhã, um rato encontrou um lobo e foi logo engolido.
Mau, mau! Isto mais parece o final do que o começo da história. Bom, depois de séculos de histórias, se há algo que já aprendemos é que quando metem lobos são sempre imprevisíveis. Esta não foge à regra. Neste caso, até a pequena criatura foi surpreendida depois de já ter previsto o próprio fim. Por isso, se estão à espera de fazer o percurso pelas tripas da fera, esqueçam lá isso.
Para seu (e nosso) enorme espanto, o que o rato encontra é uma barriga esmeradamente limpa, organizada a rigor e com uma decoração invejável. O responsável? Um pato bon vivant, amante de alta cozinha, de bom vinho e de música. Antes que perguntem: sim, é morador!
Para seu (e nosso) enorme espanto, o que o rato encontra é uma barriga esmeradamente limpa, organizada a rigor e com uma decoração invejável. O responsável? Um pato bon vivant, amante de alta cozinha, de bom vinho e de música. Antes que perguntem: sim, é morador!
Ainda mal refeito do espanto e já apaparicado com um belo pequeno almoço de boas vindas, o rato não aguentou de tanta curiosidade. Cama, mesa, toalha, compota???
- Nem imaginas as coisas que se encontram na barriga de um lobo.
Nem ele, nem nós, leitores.
Klassen é igual a si próprio, com o estilo a que já nos habitou. Minimalista, com uma paleta de cores que já nos é familiar e sobretudo com esses olhos que possuem todas as suas personagens...
Os detalhes são maravilhosamente hilariantes. Placa de fogão topo de gama, um fantástico conjunto de facas, lps, aparelhagem... O rato estava rendido.
Claro que nem tudo é perfeito. Ter uma ou duas janelas dava jeito. Mas depois de o pato esclarecer que tinha sido engolido mas não pretendia ser comido, estava mais do que decidido.
O argumento final, esse foi de peso. Esta vida era muito melhor e mais despreocupada do que a que tinha lá em cima, sempre com medo de ser engolido por um lobo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. O rato decidiu ficar e festejaram a preceito.
A música e a dança provocaram um tal tumulto que o pobre lobo quase morria de dores de estômago. O pato não se fez rogado, tinha a cura para as dores da fera, um remédio antigo indicado para acalmar as dores: um pedaço de bom queijo. E um jarro de vinho! E umas velas de cera de abelha. O jantar foi um luxo e o brinde, claro, foi à saúde do lobo!
O único senão foi que o remédio não surtiu qualquer efeito... e os gemidos do lobo acabaram por captar a atenção de um caçador que passava por perto. Mau, mau! Até o pato previu o fim.
Mas o rato manteve o firme propósito de defender a casa. Afinal de contas, não seria justo, ainda agora comemorava a decisão de ali morar... A coragem, a determinação e a solidariedade foram grandes e o caçador acabou por fugir a sete pés.
Nesta fábula bem moderna, com um final de fazer inveja a Esopo, tudo acaba bem! Mais do que bem... Ao que parece, a dança passou a ser uma constante da vida naquela casa e o senhorio ainda hoje continua a uivar para a lua! Não deixem de dar um pulo até lá!
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