segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Porcos, Galinhas e Outros que Tais. É o Regresso dos Contos Tradicionais



Casa de palha, casa de madeira, casa de pedra e tijolo... Cada casa a seu porco! Um preguiçoso, outro um pouco mais trabalhador e um terceiro, muito trabalhador. Todos conhecemos o enredo. Para além dos laços de sangue, os três irmãos têm em comum o mesmo inimigo, o lobo.


Oriundos dos contos populares, estes protagonistas há muito que nos povoam as histórias, continuando a fazer as delícias dos mais pequenos. 


A estrutura repetitiva, a recompensa do trabalho e do esforço do mais aplicado dos três irmãos, a derrota infligida ao lobo, a capacidade de ludibriar o matreiro inimigo são algumas das características deste conto popular que contribuem para cativar os seus destinatários. Estes rapidamente absorvem a história e repetem-na vezes sem conta.


A versão agora editada pela Kalandraka é uma adaptação de Xosé Balesteros (de quem lembramos outras como O Coelhinho Branco e Os Sete Cabritinhos), com ilustrações do também já nosso conhecido Marco Somà (A Rainha das Rãs Não Pode Molhar Os Pés e A Galinha Ruiva).
Com uma paleta de cores quentes e fortes, o ilustrador preenche o imaginário dos leitores com a sua prole de animais humanizados de grande expressividade e o recurso a um infinito e incrível número de elementos com que enriquece os espaços domésticos e os ambientes campestres onde, por regra,  estas narrativas se desenrolam.


O que nos lembra, de imediato, o livro agora novamente editado pela Kalandraka, A Galinha Ruiva. Sobre ele, escrevemos aqui, há três anos.


Sim, continuamos a gostar muito desta Galinha d'armas! Até porque o que não falta por cá é gente à espera de comer o produto do trabalho dos outros...

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Miffy! Miffy!

via pinterest

A notícia da morte de Dick Bruna deixou-nos um sentimento de estranha tristeza. Também morrem, as pessoas como ele?  Talvez não, se pensarmos que nos deixou... a Miffy! É com ela, que vos desejamos Bom Fim de Semana. Até sempre, Dick!


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O Pequeno Mi viaja até Sintra!


Amanhã, sábado, às 15.30h, a Rachel Caiano e o Sandro William Junqueira vão estar na Casa dos Hipopómatos, na Biblioteca Municipal de Sintra, para apresentar A Grande Viagem do Pequeno Mi e inaugurar a Exposição de Ilustrações.
Apareçam, mesmo que chova!  O Mi não se intimida nem com tempestades de bolotas!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Leituras de Fora. What Color Is The Wind?


We can't see the wind, we hear what it brings.
We can't hear the wind, we see what it brings.

What Color Is The Wind? é o livro em destaque, esta semana, na Casa dos Hipopómatos.


Uma ou outra vez acontece-nos andar com um livro ao colo vários dias... e continuar a
pensar que tudo o que possamos dizer ou escrever sobre ele é pouco! É necessário contemplar, demoradamente, o que temos nas mãos. É preciso tocar, sentir!
Este é um desses livros. Da autoria de Anne Herbauts, autora que seguimos incondicionalmente e que tanto gostaríamos de ver por cá, a história tem como protagonista um rapaz cego que vai perguntando a cor do vento  a diferenciados interlocutores com que se cruza:  o cão, o lobo, a janela, a chuva... Para cada um, a resposta é, obviamente, distinta.


It has a color, says the dog. It is pink, flowery, pale white.

Diversas técnicas e materiais, uma multiplicidade de formas em relevo, ainda que suave e delicado, sobreposições, recortes...  são elementos que geram surpreendentes e inimagináveis resultados.  Que, se fecharmos os olhos e passarmos os dedos,  nos deslumbram e desconcertam pela beleza e singularidade do efeito alcançado.


 No, says the wolf, the wind is the dark smell of the forest.

Profundo, poético, filosófico, belo... Um livro que nos faz pensar e nos transporta para lá das palavras e das imagens. Venham até cá, também queremos perguntar-vos:  What color is the wind?


The little giant asks a bird,   
What color...
But  the bird has flown away.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ké Iz Tuk? Uma língua para aprender


A princípio estranha-se. Depois entranha-se. Ké Iz Tuk? Ké Iz Tuk? Ké Iz Tuk?
Se a pergunta parece estranha, a resposta não lhe fica atrás... Mei nazé


É uma história estranha? Sim.
Louca? Sim.
Divertida? Sim.
Irresistível? Sim.
E não conseguimos deixar de pensar o quanto Carson Ellis, a sua autora, se deve ter divertido a concebe-la. 


O frutuoso diálogo decorre entre dois insectos. Na origem, está uma pequena planta que brota da terra e que parece despertar a curiosidade de ambos. Mas a língua em que as criaturas  se exprimem não nos é familiar. É nova! E o grande desafio que se coloca aos leitores, independentemente da idade e do tamanho, é o de tentar decifrar o que vão dizendo.


Enquanto isso, a planta vai crescendo e preenchendo o extenso espaço em branco com que se iniciou a história, evidenciando o óbvio contraste com os minúsculos  animais que ocupavam uma pequena parcela da página direita. Paralelamente, a página esquerda abriga um tronco, aparentemente habitado por uma vizinhança culta e prestável, sendo  igualmente cenário para outros enredos que piscam o olho à sagacidade e à atenção do leitor.


A enigmática linguagem vai fluindo ao ritmo das soluções encontradas para a escalada que os nossos empreendedores decidiram iniciar. Provavelmente, tudo teria corrido de forma diferente não fosse esse perigo conhecido de todos, que dá pelo nome de... Nhareto Nhacoso!


O dia e a noite sucedem-se tal como as diversas fases do ciclo da vida. A planta que brotara da terra cresce, transforma-se e acaba por morrer, dando lugar a uma outra. A lagarta que conhecemos  no inicio do livro e o atravessa todo no seu casulo, é agora uma borboleta bailarina que celebra a noite na companhia de um charmoso músico.  



Não hesitem! Ponham as imaginativas crianças a falar esta língua e surpreendam-se com os resultados!  Ké Iz Tuk?  Mei tapu genial!


Distinguida há poucos dias com a Caldecott Honor Medal, Carson Ellis agradeceu no seu site  o prémio recebido. O Caldecott Committee justificou desta forma a distinção:
"A diverse community of anthropomorphic bugs is intrigued by an unfurling sprout. Carson Ellis deftly depicts the mysteries of life in an imaginary, natural world. Through intricate details and the witty humor of a made-up language, “Du Iz Tak?” is a treasure trove of visual and linguistic literacy."