Como as cerejas? Hoje é mais como as ondas... Rebuscámo-las na prateleira porque, de repente, sentimos uma enorme saudade de Virginia Woolf e uma imensa vontade de a reler! Tudo por culpa desta Virginia Wolf.
O carácter depressivo da escritora, que a levaria ao suicídio em 1941, e a forte relação de cumplicidade que manteve com a irmã, a pintora Vanessa Bell, são factos conhecidos. Com uma temática pouco usual (mas cada vez mais necessária) na literatura infantil, a história escrita por Kyo Maclear e ilustrada por Isabelle Arsenault, aborda as perturbações de Virginia, vividas e relatadas pela sua irmã Vanessa.
A silhueta de lobo, o mau humor acompanhado dos gemidos e uivos que vai soltando, a necessidade de isolamento, o desinteresse e alheamento, a escuridão e a tristeza em que se embrenha são sublimemente evidenciados pelo traço e pela paleta de cores escolhida por Arsenault. O cinza e o negro são as cores predominantes enquanto a jovem descreve os sintomas de irmã.
Todos os esforços de Vanessa para resgatar a irmã do "woolfish mood" se revelam infrutíferos. Por isso, quando Virginia lhe fala de Bloomsberry, um país imaginário, não hesita em usar a arte para conseguir o seu objectivo.
Decide criar esse lugar, pintando "docemente" nas paredes do quarto de Virginia o que esta parece ter na cabeça. A subtileza e a doçura que Arsenault imprime às ilustrações tornam-se agora mais evidentes.
O cinza cede o seu lugar a uma paleta de cores alegres e quentes, que acompanha Virginia no lento mas crescente abandono da tristeza a que tinha sucumbido. Em Blomsberry -nome cuja semelhança com Blomsbury, o grupo de intelectuais fundado pelas irmãs, não parece mera coincidência...- há pássaros e flores azuis e um campo repleto de espaço. Porque Virginia havia dito que "os lobos adoram vagabundear".
Agora que foram apresentados a Virginia (Woolf) Wolf.
Virginia e Vanessa. ( Foto extraída da internet)
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