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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Viseu-Madrid. Viagens de Pato


Já andam a planear as férias? Já pensaram no prazer de viajar com a pequenada com estes guias desdobráveis na mão? Pôr os miúdos a reconhecer  lugares  deliciosamente ilustrados e a identificá-los no mapa? 1 mapa, 12 sítios.


São os novos livros da colecção A Minha Cidade, editada pelo Pato Lógico. Depois de Beja e Edimburgo, que mostrámos aqui, a sugestão é um pulo (ou dois...) a Viseu e Madrid.


Tal como os anteriores, os guias agora contratados são ilustradores nascidos nas respectivas cidades. Ana Seixas nasceu em Viseu  e Manuel Marsol em Madrid. É através dos seus olhos, mãos e pés que fazemos a viagem.


Ana Seixas mostra-nos a cidade onde nasceu, num percurso dominado por diversas tonalidades de verde. Apetece demorar-nos por lá. Sentar num banco no Jardim das Mães,  descobrir os recantos do Parque Aquilino Ribeiro ou caminhar pelo Parque do Fontelo, pulmão verde da cidade e lugar favorito da ilustradora. 


O teatro Viriato, a Sé, ou o Conservatório de Música são igualmente paragens obrigatórias.  Mas já agora não deixem de visitar A Casa Boquinhas, a taberna mais concorrida da cidade. Com sorte, ainda conseguem ouvir alguma tuna a dançar e a cantar.


Y Viva España! O guia é o já nosso conhecido Manuel Marsol, o vencedor deste ano do Prémio Internacional de Ilustração da Feira do Livro de Bolonha. Dele conhecemos O Tempo do Gigante e Ahab e a Baleia Branca.

Sim, Madrid nos gusta muchísimo, mas as fabulosas e belas ilustrações de Marsol, que nos levam por alguns dos seus (e nossos!) sítios preferidos, deixam-nos sem fôlego e cheios de vontade de fazer as malas! O Museu ABC, a Livraria Panta Rhe, com uma montra tão fantástica quanto lógica, o bairro de La Latina... Não, não dizemos mais, porque só mesmo indo até lá... às páginas do livro! 


Nós vamos. Muitas vezes. Saímos mundo fora, nestas viagens organizadas pelo Pato Lógico. Daí a nossa sugestão: levem os miúdos e apanhem boleia!


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O Correio Do Nosso Desassossego

Esta é uma das alturas do ano de que mais gostamos. Quase todos os dias chegam livros novos e fantásticos! É também a altura em que repetimos  uma das nossas frases preferidas: 
Este Natal, ofereçam Livros! 
Até lá, deixamos algumas sugestões.


Ahab e a Baleia Branca, da autoria de Manuel Marsol, vencedor, em 2014, do Prémio Internacional Edelvives e recentemente editado pela Orfeu Negro, é um daqueles livros onde queremos viajar


Uma viagem por um mar cheio de mistérios, de medusas, de cavernas habitadas por canibais e ilhas vulcânicas. Com piratas, naufrágios e, quem sabe, uma baleia branca... 
Moby Dick?  Sim, mas não o clássico de Herman Melville que todos conhecemos. Esta é a versão, magistralmente ilustrada, de Manuel Marsol.


Sem deixar margem para dúvidas, as apresentações são feitas logo no inicio da história: 
Sou o mais hábil caçador de baleias de todos os mares, capitão do barco Pequod e habitante da ilha de Nantucket. Tratem-me por Ahab. Toda a vida procurei a grande baleia branca. Sempre que havia notícias de Moby Dick, pois era esse o seu verdadeiro nome, lançava-me ao mar sem demoras.


Quem se lança também é o leitor, mergulhando numa história cheia de humor e de aventura, onde, ironicamente,  a criatura obcecada com a ideia de apanhar a baleia branca,  não parece enxergar o que está sempre por ali, à sua frente... 


Mas que não escapa ao leitor, que navega numa espécie de jogo hilariante que se vai estabelecendo entre o relato que o capitão faz e o que as imagens mostram.


Na versão de Marsol, de quem ainda temos presente O Tempo do Gigante, de que falámos aqui, são muitas as semelhanças com o clássico de Melville, mas o final da história é outro. 
Em entrevista, o autor afirma: Se pensarmos em caçar a baleia, nunca desfrutaremos da viagem.  
Desfrutem, e acima de tudo, não deixem de levar as crianças mar dentro e de lhes apresentar a baleia branca!


Para saberem mais sobre o autor e o livro,  espreitem a entrevista dada ao Picturebook Makers.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

O Tempo do Gigante


Será o tempo deste gigante igual ao nosso? É a primeira interrogação que nos invade quando tocamos o livro de Carmen Chica e Manuel Marsol, recentemente editado pela Orfeu Negro.



Num tempo em que matamos os dias com o tanto com que os enchemos, em que as horas das crianças se atropelam com um sem-número de actividades que lhes inventam, este é um desafiante e poético convite ao dolce far niente. Um olhar de encantamento para as pequenas grandes coisas com que nos cruzamos na passagem do tempo.



Hoje não aconteceu nada. Nem hoje. E hoje também não. São as frases iniciais do monólogo que dá corpo ao curto texto do livro. Num ritmo pausado e algo nostálgico, as palavras repetitivas indiciam nada se passar por ali, ao mesmo tempo que sugerem a solidão da gigantesca criatura.


São as ilustrações que colocam o leitor perante uma realidade diferente. Ténue ou não, o confronto é evidente. A cada virar de página, damo-nos conta da passagem dos dias, da chegada da noite, da mudança das estações... A profusão e riqueza dos detalhes das imagens permitem-nos captar as alterações da paisagem em que se movimenta o protagonista e o seu próprio envelhecimento. 


Indicador privilegiado do decurso do tempo, é a árvore que carrega na cabeça e que só ao próprio parece passar despercebida. O surgimento ou a queda das folhas, das flores e dos frutos, ou o simples poisar de um pássaro falam por si.


Num encantador jogo de proporcionalidades, a verdadeira dimensão do nosso gigante é evidenciada pelo diminuto tamanho de tudo o que o cerca e que lhe cabe na palma da mão. É assim com a casa, que parece envelhecer ao mesmo ritmo do gigante, adquirindo uma simbologia própria, com as árvores ou até mesmo com o tempo.


Perguntado sobre a origem deste gigante que carrega uma árvore na cabeça, numa entrevista que podem ler aqui, o premiado Manuel Marsol respondeu: "Yo creo que ni yo mismo lo sé de dónde viene. A mí me interesa mucho todo lo que se mueve en el ámbito de la realidad y la fantasía, en este mundo en el que no estás completamente en un mundo fantástico sino que tienes también un pie en lo real, y de ahí ese escenario que es más o menos realista y un personaje que se sale fuera de lo normal."


O que talvez nos ajude a compreender um pouco melhor este gigante de aparência bonacheirona e ar sonhador, que, por vezes, se alheia do que vai acontecendo à sua volta. Outras, nem tanto. Tudo, num tempo que é só seu, como revela o inspirador e delicioso final do livro.
Por aqui, continuamos com um pé na realidade e outro na fantasia, com a certeza de que este é um livro a que voltaremos várias vezes, revisitando o gigante.