À noite, na floresta | Sarah Cheveau | Orfeu Negro
Entrar na floresta, ao cair da noite, não é para todos. Intuímos, por isso, que a protagonista que relata tamanha aventura é, no mínimo, destemida. A coragem é contagiante e por entre mistérios e riscos imprevisíveis, o leitor sente-se desafiado a acompanhá-la. Uma incursão misteriosamente bela, delineada em tons escuros e marcada pelo encontro com alguns dos magníficos habitantes desta floresta.
Árvores e mais árvores, pegadas, silhuetas... tudo se mistura na mescla de tons escuros que pintam a noite por ali. Um esquilo, uma raposa, uma lebre, um texugo, uma corça e, para culminar, o desassossego da aparição de um enorme javali. O suspense aumenta na proporção da crescente proximidade. O desfecho revela-se ao leitor como um sonho em forma de poema escrito e ilustrado.
A poesia e a singularidade do livro reside, acima de tudo, na inovadora técnica de Chevau para ilustrar o livro: o uso de carvão vegetal. De acordo com a autora, "um pauzinho descascado e queimado dentro de um recipiente dá um pedaço de carvão vegetal, que é uma ótima ferramenta para desenhar". A paleta de cores, nas suas diferentes tonalidades de castanhos e negros, resultante das diversas essências da madeira depois de queimada, conduz a um resultado sublime. E para que o leitor não tenha dúvidas, a autora brinda-nos com a inclusão de um mostruário de algumas das ferramentas utilizadas, de uma lista das cores de essências de madeira e de um maravilhoso herbário.
Numa narrativa predominantemente visual, beleza e poesia andam de mãos dadas a reboque de uma técnica inovadora que nos fascina e faz ter vontade de meter mãos ao trabalho! Sem dúvida, uma das nossas escolhas para este ano de 2025.
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