quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Os Tesouros do Leopoldo





Os Tesouros do Leopoldo | Deborah Marcero | Fábula

Leopoldo é um colecionador. Passeia-se com os seus frascos, recolhendo pequenas coisas que vai encontrando aqui e ali. Malmequeres, folhas ou pedras em forma de coração... Coisas que nos podem parecer comuns, mas que para o pequeno e simpático coelho representam tesouros que perpetuam a memória das coisas  e dos momentos maravilhosas que preenchem os seus dias.







































Como todos os colecionadores é um excelente observador. E, quando o pôr do sol pintou o céu da cor do doce de cereja, não hesitou um segundo em ir até à praia, levando consigo todos os frascos que conseguia. Foi lá que conheceu a Clementina e, em jeito de celebração de uma nova amizade, ofereceu-lhe um dos muitos frascos que tinha enchido com a luz cor de cereja. O frasco brilhou a noite toda e a memória do magnífico pôr do sol encheu o quarto e o coração da pequena. 





















Os dois amigos passaram a colecionar juntos. Agora, coisas diferentes. Coisas difíceis de agarrar, como o arco-íris, o canto dos pássaros, os campos de tulipas, as lutas de bolas de neve, as suas sombras que se estendiam pelos dias compridos de verão... Coisas que não pareciam caber dentro dos frascos. Mas que, de alguma forma, cabiam. 







































Os dias assim partilhados são, repentinamente, assombrados pela notícia da partida de Clementina. A família ia mudar-se para outra cidade. A tristeza da separação dos dois amigos deixa o coração de Leopoldo como um frasco vazio. Até que, numa noite de estrelas cadentes, decide voltar a encher os seus frascos. Porque os amigos não se esquecem, o de Clementina segue por encomenda e Leopoldo recebeu outra na volta do correio. Os dois percebem que, ainda que distantes, podem continuar a partilhar as pequenas grandes coisas da vida e a amizade.




































Marcero constrói uma deliciosa narrativa sobre a amizade, onde a simplicidade dos desenhos se contrapõe à riqueza da paleta de cores e a uma encantadora proliferação de detalhes. Segundo a autora, uma espécie de “comic technique”, onde, com grande mestria, ela faz  coexistir ilustrações que se alongam por páginas inteiras e outras que se seccionam numa espécie de vinhetas que nos fazem querer tocar os frascos um a um. 
Uma história com um delicioso final, a provar que a vida é mais bonita quando partilhada e que os amigos... são mesmo para colecionar. 



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