Para onde vão as coisas que perdemos? Guarda-chuvas, luvas, óculos, mochilas, chapéus e até... ursos. Onde passam a viver quando, sem querer, nos separamos delas?
Perdidos e Achados, da autora britânica Emily Rand, editado pela Orfeu Negro, conta a história de uma menina que perde o seu urso numa viagem de comboio para casa do avô.
A pequena protagonista desta história, de quem não ficamos a saber o nome, repete a pergunta a si própria depois de o seu Urso ter ficado no comboio. Não que ela não lhe dispensasse todos os cuidados. Mesmo na estação cheia de gente, ela tinha segurado o Urso com tanta força como a mãe lhe segurara a mão. Mas a confusão é muita nestas viagens, as pessoas entram e saem, entram e saem... E, quando a mãe avisou que iam sair naquela paragem... Ai, foi tudo tão rápido!
A chegada a casa do avô e os esforços dele para a animar não diminuiram a sua tristeza. O avô deu-lhe um urso que era da mãe. Mas o nosso Urso é o nosso Urso!
À noite, o sonho traz-lhe o Urso de volta. A pequena sonha com um lugar mágico onde moram todas as coisas perdidas. Repleto de objectos, é lá que encontra o casaco cor de laranja que deixou no autocarro, o gancho roxo do cabelo, a meia às riscas e a meia às bolinhas, o livro da biblioteca... E o Urso! Nós, leitores, entramos no sonho. O jogo de encontrar esses mesmos objectos no meio de uma parafernália de tralha delicia os mais pequenos.
Esta é uma narrativa predominantemente visual. É através das imagens que nos damos conta de um sem número de detalhes e bem assim da diversidade cultural que Rand escolheu para enquadrar a sua história. Autora de alguns livros de que muito gostamos, como A Dog Day ou A Little Fish, é um prazer ver os seus livros a chegar.
Depois de contar o sonho ao avô, este lembra-se que talvez saiba onde poderá estar o Urso. A secção de Perdidos e Achados, onde vão, é um lugar quase tão mágico como o que tinha visitado no seu sonho. Se estava lá o Urso? Façam o favor de se perder no livro e descobrir.
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