terça-feira, 2 de julho de 2019

Irmã, Ouves o Azul Profundo do Mar?


Os sete círculos furados, de diversos tamanhos, são os primeiros a despertar a nossa atenção quando olhamos a capa. As tonalidades de azul, os peixes que prolongam o vestido, as nuvens que parecem movidas a carmesim, a figura delicada da nadadora... tornam impossível passar pelo livro sem o abrir. 
Irmã, Ouves o Azul Profundo do Mar, com texto de Gilda Nunes Barata e ilustrações de José Manuel Saraiva, é uma edição da Livraria Lello, em colaboração com a Associação Portuguesa de Surdos. 


A história é habitada por duas irmãs, uma das quais surda. Uma que ouve tudo e daí escolhe o que mais lhe fala; outra que ouve tudo o que vê, tudo o que cheira, tudo o que saboreia, tudo o que toca e, claro, todo o silêncio que escuta. 
O excerto, indiciador da toada poética do livro, encontra-se na contracapa. 


A irmã narradora, a que ouve, descreve ao leitor o mundo da outra como pensa que ela o vive. A linguagem do amor prevalece ao longo do livro.
Quando há trovoadas, a minha irmã vê o céu com desenhos que imagina ser o céu a querer falar com ela. Nenhum trovão a assusta.


Com um design sóbrio e elegante, as páginas maravilhosamente ilustradas por José Manuel Saraiva vão alternando o branco do fundo com algumas das cores predominantes nas ilustrações. No final, um desdobrável dá-nos a noção da imensidão do azul profundo do mar. 


Há cinco anos, escrevíamos aqui, a propósito do  trabalho de José Manuel Saraiva e de um livros de que tanto gostamos, Juste à ce moment-là, que a maior característica das suas ilustrações é a poesia que delas sempre emana e que exerce sobre nós uma magia e um poder encantatório únicos. 


A afirmação não podia ser mais verdadeira. Em Irmã, ouves o azul profundo do mar? há uma espécie de magia estonteante. A beleza cromática e a plasticidade que sempre existem no trabalho de Saraiva deslumbram leitores de todas as idades. 


O livro é acompanhado de um magnífico cartaz, onde  encontramos um texto assinado pelo maestro José Aquino, criador do Coro da Fundação Gulbenkian. Tudo boas razões para também vocês ouvirem o azul profundo do mar.

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