O leitor experimenta uma ávida vontade de chegar ao final do livro. Tem pressa em saber como termina a história, depois de acompanhar Tomás, o pequeno protagonista de 12 anos, na grande viagem que este decide empreender. O ritmo da narrativa é intenso, a sucessão de acontecimentos é vertiginosa, como se na vida do rapaz tudo acontecesse num abrir e fechar de olhos. Sentimos um intenso desejo de estar ao seu lado nos medos que sente e admiramos-lhe a determinação e a coragem com que os vai enfrentando. Enquanto vive os acontecimentos presentes, o leitor vai sendo informado do passado através dos pensamentos do rapaz, expressos em itálico em páginas alternadas. Não Te Afastes, o último livro de David Machado, é uma história fantástica que não nos abandona a cabeça por muitos e muitos dias.
Tudo começa com a fuga de Tomás. A morte do pai, que acredita ser culpa sua, fá-lo deixar a mãe e partir para longe dos amigos. "Onde eu estou acontecem sempre coisas más" é um pensamento recorrente que o leva a querer afastar-se de quem tanto ama. O rapaz vê a sua crença reforçada quando, chegado à cidade, o país é atingido por um furacão. Sozinho, desesperado, com saudades de casa e da mãe, enfrenta um catastrófico cenário de destruição onde todos os perigos são possíveis. Com uma coragem quase incomum para a sua idade, Tomás vai ultrapassando o impossível na luta pela sobrevivência. É nesse trajecto que se dá o encontro com um pequeno rinoceronte, acabando ambos por entender que juntos terão mais probabilidades de sobreviver. O precioso amigo acabará por ter um papel determinante no regresso a casa e o muito que vivem juntos leva Tomás a perceber que talvez as coisas más que acontecem à sua volta não sejam responsabilidade sua.
Não Te Afastes é um exímio exemplo de proximidade entre o jovem leitor e o livro. Apetece pedir: Próximo!
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