Em dia de aniversário da avó, a família reúne-se. Todos sabem o quanto ela fica feliz quando os vê juntos. Ainda assim, há momentos em que a avó consegue, ao mesmo tempo, parecer um pouco triste, surpreendida e até preocupada.
A curiosidade da pequena neta perante o mistério é grande. Mas a avó explica-lhe que isso se deve às linhas que lhe marcam o rosto. É lá que guarda todas as memórias. Os porquês próprios da infância persistem. Como será possível que linhas tão pequenas consigam ter espaço para tantas memórias...
O livro dá inicio a uma viagem por um outro livro, o rosto da avó. As linhas assemelham-se a um fio condutor que serve para cozer umas às outras as histórias da sua vida.
As páginas vão-se alternando. A cada pergunta da neta sobre uma linha diferente, segue-se o acontecimento vivenciado pela avó num tempo mais longínquo.
O tempo das primeiras descobertas, das amizades que se celebram num piquenique à beira-mar, do primeiro encontro com o amor, das primeiras despedidas... De forma terna e comovente, à pequena vai sendo transmitido o conhecimento das várias etapas de que se fez a vida da avó. Conhecimento de que o leitor se torna cúmplice ao ouvir as histórias que as linhas desenhadas no rosto albergam.
As deliciosas ilustrações, com uma paleta de cores que parece escolhida para acompanhar a ternura do texto passo a passo, estabelecem uma estreita relação com as histórias que vão sendo narradas na primeira pessoa. O resultado culmina numa simbiose perfeita: o relato de uma vida.
Este é o terceiro livro de Simona Ciraolo, editado entre nós pela Orfeu Negro. A família, os laços, as emoções são temáticas comuns e que já nos tinham tocado em Quero Um Abraço, de que falámos aqui e em O Que Aconteceu À Minha Irmã, que podem ver aqui. Ficamos, claro, à espera do próximo!
Ah, e por favor, não passem indiferentes pelo jardim de catos da avó!
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