Em Dezembro, a propósito das nossas escolhas de 2013, falámos aqui de Jon Klassen. Confessámos a nossa admiração pelo seu extraordinário trabalho e a imensa vontade de o ver traduzido entre nós.
Agora estamos em festa, pá. Porque Jon Klassen já está entre a nossa gente, trazido pela Orfeu Negro.
Chapéus há muitos, nós sabemos, mas este é especial! Diferente, vermelho e pontiagudo... QUERO O MEU CHAPÉU é um livro hilariante, finamente construído e inteligentemente desconcertante. Integra a espécie, tão nossa conhecida, "Outra Vez"...
Este urso de aparência bonacheirona e doce perdeu o seu chapéu e decide perguntar, a cada um dos animais que vai encontrando, se o viram. Independentemente da resposta obtida, revela-se um urso polido e educado, a todos agradecendo.
Com uma estrutura simples e de repetição ao nível do texto, as ilustrações espelham a sobriedade que caracteriza o estilo de Klassen em todos os seus livros.
Num fundo sépia, a cor castanha do protagonista apenas rivaliza com o vermelho do seu chapéu e a fúria que sente quando, algumas páginas volvidas, se apercebe que foi enganado.
A magistral expressividade das personagens, centralizada nos olhares que encontramos a cada página, seria só por si suficiente para contar uma boa parte da história.
A ingenuidade, a distracção, a “mentirinha atabalhoada” e o não ver o que está mesmo à frente dos olhos fazem parte das vivências dos mais pequenos, que facilmente os detectam.
O movimento é agora o inverso e o confronto inevitável. Como inevitável parece ser a pressa que as crianças têm em descobrir o que se segue depois deste frente a frente... É aqui que vocês entram. Não percam esta fabulosa história, cujo final já vimos rotulado de inusitado, irónico, hilariante, cínico...
Nós, que não resistimos a uma boa sessão de gargalhadas com a criançada, agradecemos o end com uma certa pitada de Edward Gorey... E mal podemos esperar pelo próximo chapéu... É que a Orfeu já reservou a viagem para o livro THIS IS NOT MY HAT, com que Jon Klassen ganhou a Caldecott Medal o ano passado.
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