Os mais novos não o conhecem. Nunca o viram e, muito provavelmente, não ouviram falar dele. Na verdade, é uma espécie em vias de extinção. Ou, como se diz nesta história, um mamífero raro, ainda mais do que o tigre-de-bengala, o rinoceronte-branco ou aquela pessoa-que-escreve-cartas-de-amor. Vestido a rigor, com o típico capacete branco que lhe granjeou a alcunha de "cabeça de giz", luvas brancas a evidenciar o frenético gesticular de mãos e braços, apito na boca, eis o polícia sinaleiro.
Do alto do seu "trono" era dele a responsabilidade de orientar o trânsito. Veículos ou peões, todos obedeciam à sinaléctica, confiando-lhe a sua própria segurança. Falamos de um tempo em que as máquinas de três cores, vulgo semáforos, ainda não tinham sido inventadas. Hoje, já não nos lembramos das ruas sem elas e os polícias sinaleiros foram desaparecendo. São muito poucos os que existem. Quase nenhuns.
Que o diga o agente Simões, o polícia sinaleiro desta história. A chegada dos semáforos ao seu cruzamento deixou-o sem emprego e mudou-lhe a vida por completo. Ainda pensou declarar guerra ao inimigo, mas atrapalhar o trânsito não era coisa para ele. Mas desenganem-se os que pensam que o nosso agente se deixou abater. Não podia ficar de braços parados e foi em busca de nova ocupação. Afinal, a vida é feita de recomeços e de novas oportunidades. Foi assim que o agente Simões se viu a dirigir uma orquestra e, imaginem, até um farol... mas nada daquilo era para ele. O que, a esta altura, Simões não suspeitava era que lhe estivesse destinada uma missão muito maior, a de salvar o mundo.
STOP é uma história divertida e cheia de humor, que ao mesmo tempo nos faz acreditar em recomeços, em persistência e determinação, em "não baixar os braços". As magníficas ilustrações de Pratt, no seu traço inconfundível, espraiam-se pela páginas em brilhantes arranjos de tamanhos e perspectivas, dando-nos uma visão quase cinéfila da vida e das peripécias reservadas ao sinaleiro Simões. Texto e imagens complementam-se com mestria.
Sim, o nosso polícia sinaleiro acabou por salvar o mundo, conquistar o seu lugar na história, tornar-se um herói mundial. E, mais importante, assegurar a continuidade dos sinaleiros já que hoje percorre o mundo, de Alpalhão a Brooklyn, conhecendo-lhe os cruzamentos todos.
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