Feijão e a Avó | Karen Hesse e Charlotte Voake | Orfeu Negro
Esta é uma história de cumplicidade entre avó e neto que encantará os leitores mais pequenos. Uma cumplicidade tão forte que resiste até às condições adversas do tempo. Ainda que o dia se apresente sombrio e ventoso, os dois aventuram-se numa ida à praia. E quem não gostará de, fora de época, chegar a uma praia vazia, procurar conchas, fazer castelos na areia, fugir das ondas ou correr pelas dunas?
Uma narrativa predominantemente visual atravessada por um mar em tons cinzas e castanhos que evidencia o dia sombrio e ventoso. Espraiando-se na imensidão das duplas páginas, nele sobressaem as figuras dos dois protagonistas. As cores fortes da indumentária de avó e neto, por contraste com as cores pálidas do cenário, captam a atenção do leitor assim que a história se inicia. Os confortáveis agasalhos que vestem dizem-nos que são daqueles que não se deixam intimidar pela chuva dos dias.
A cumplicidade entre os dois é óbvia. Não precisam de muito para se divertir. Fazer castelos de areia, brincar com a espuma, observar os pássaros... podem ser entretenimentos maravilhosos. Ainda que molhados, atravessar as dunas e vencer "alguns perigos" pode tornar-se uma daquelas sensações que perduram e se tornam memórias indeléveis da infância.
O curto texto em rima ajuda à toada deste passeio à beira-mar, que se revela, ao mesmo tempo, destemido e saborosamente relaxante. Pelo que já conhecemos desta avó, sabemos que ela jamais se esqueceria da cereja no topo do bolo. O descanso merecido é acompanhado de uma pausa para um lanche, onde não faltam as bananas e uns apetitosos bolinhos que deixam o leitor com água na boca.
E como estes são os dias que muitos de nós aproveitam para passear os amigos de 4 patas na praia, pelo meio, Feijão ainda ganha novos amigos. As magníficas ilustrações de Voake transmitem-nos a imensidão do mar e das emoções experienciadas pelo menino. Na praia de enormes dimensões, habitada por pássaros indiferentes ao tempo e pelas poucas pessoas com que se cruzam, o passeio à beira-mar é algo de único. À semelhança dos laços e das cumplicidades entre avó e neto.
Este é um dia que vai ficar na memória do pequeno Feijão. Um dia repleto de emoções, de sensações indizíveis que não caberão todas nas conchas que leva consigo, mas que terão lugar cativo no seu coração. Aventurem-se, a praia é mesmo grande.
Sem comentários:
Enviar um comentário