Os Reflexos da Henriqueta | Marion Kadi | Fábula
Vencedor do Prémio Opera Prima, em Bolonha, este é um livro singular sobre a temática do crescimento e da identidade. Pintado com cores fortes e apelativas, percorrer as suas páginas acarreta ao leitor a sensação de estar a visitar um qualquer museu.
Quando um velho leão morre, o seu reflexo fica aborrecido e desocupado. As alternativas à sua volta não são tentadoras. Não lhe apetece ser reflexo de uma flor ou de um simples pato e decide partir em busca de novos ambientes.
A viagem termina quando descobre a casa de Henriqueta, uma menina tímida que não gosta da escola. Não teve dúvidas, queria ser o seu reflexo. Sem perder tempo, surpreende-a na primeira poça de água. Como num golpe de magia, a timidez da menina cede lugar à audácia.
Na escola, o silêncio e o medo de participar na aula pertencem ao passado. Henriqueta diverte-se e diverte os que estão à sua volta. O dia foi fantástico e a menina sente-se mais forte do que nunca. Mal pode esperar pelo dia seguinte. Mas não há dias iguais... e as altas expectativas de Henriqueta viriam a sair frustradas. Entre brincadeiras de feras selvagens e rugidos na sala de aula, o descontrolo foi total. Tudo somado, a pequena foi contemplada com um senhor raspanete. Só ela, claro.
A alegria do dia anterior foi substituída por alguma tristeza. Entre pensamentos, Henriqueta duvida se o reflexo de um leão será o melhor para si. A verdade é que nem é parecida com um leão. Lembrou-se, então, do seu antigo reflexo. Esse sim, parecido com ela. Depois de muito procurar, encontrou-o escondido num lugar incrível. Afinal, não é todos os dias que o reflexo de uma menina se cruza com o reflexo de um leão. O medo é compreensível...
Desenganem-se, leitores, se pensam que Henriqueta expulsou o reflexo do leão da sua vida. Haverá divertimento maior do que viver com dois reflexos? O seu próprio e o de um leão?
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