Cuando la brisa matinal los acaricia,
ellos dejan caer dos hojas tiernas.
Assim começa o poema de Mario Benedetti, ilustrado por Javier Zabala e editado pela editora catalã Libros Del Zorro Rojo. O livro integra a extraordinária colecção infantil intitulada Libros de Cordel, que reúne nomes grandes da Literatura, como Frederico Garcia Lorca, Eduardo Galeano ou Saramago, ilustrados por nomes igualmente conhecidos.
Alguns têm edição em português, pela mão da Kalandraka e da Caminho.
O poema é uma espécie de ode às árvores, uma reflexão carregada de sensibilidade que parece traduzir-se num desvendar da sua essência e da existência silenciosa que partilham.
À modéstia junta-se a força com que enfrentam a adversidade do tempo, a paz com que detectan con curiosidad as suas próprias diferenças (porque há árvores de muitos tipos) e recebem os pássaros, hermanos traviesos que les traen noticias de otros frondosos colegas.
Porque é da vida que falamos, há excepções. Às corujas e cegonhas, do alto dos campanários, pouco importam as árvores. Perante a indiferença, elas buscam consolo nas suas velhas raízes.
A excepção, desta feita, são os lenhadores, que por oficio son los asesinos de los árboles y éstos les temen más que al rayo.
Pero no lo entiendo porque no conozco el idioma de los pájaros, y no le respondo porque él no conoce el lenguaje de los hombres.
Este é o momento em que a árvore, cuja copa adquire forma humana, se transforma no ser solidário em que o poeta se apoia e revê, enquanto testemunha silenciosa dessa incomunicabilidade.
Javier Zabala, de quem já falámos aqui e aqui, é reincidente. As ilustrações do livro de Francisco Garcia Lorca, Santiago, também têm a sua assinatura. Ainda que conhecendo bem o seu trabalho, é impossível não sentirmos um absoluto deslumbre pela forma como transforma o livro num poema a duas vozes.
Mário Benedetti, escritor e poeta uruguaio, morreu em Maio de 2009. Recordem-no com as crianças, ainda que silenciosamente...
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