Para relembrar sempre, mas sobretudo para nunca esquecer. Faz hoje 75 anos que a pequena cidade basca de Guernica foi dizimada à força de ataques áereos e bombardeamentos, a mando de Franco, com o alto patrocínio de Hitler e Mussolini.
Numa altura em que a guerra civil de Espanha estava ao rubro, Guernica, situada num vale do País Basco e ponto estratégico para chegar a Bilbao, sofreu este horrendo ataque, a 26 de Abril de 1937, do qual se contam 1660 mortos, milhares de feridos e uma destruição total da área habitacional.
Numa altura em que a guerra civil de Espanha estava ao rubro, Guernica, situada num vale do País Basco e ponto estratégico para chegar a Bilbao, sofreu este horrendo ataque, a 26 de Abril de 1937, do qual se contam 1660 mortos, milhares de feridos e uma destruição total da área habitacional.
Os Hipopómatos não podiam deixar passar esta data sem falar de um livro marcante, objecto a guardar para gerações futuras. Vêmo-lo como um documento histórico de grande beleza que, sem aligeirar o terror do acontecimento, lhe confere um toque artístico único, remetendo para o sofrimento do grande pintor Picasso, que tão bem soube colocar a sua raiva numa gigante tela, à qual deu o nome de Guernica.
O livro, editado originalmente pela Éditions Michalon, aquando do 70º aniversário do ataque, veio ter às nossas mãos pela Kalandraka espanhola. Da autoria de Heliane Bernard, doutorada em História, conta com ilustrações de Olivier Charpentier. Ao longo da leitura captamos a essência da dor, da violência e da indignação, sentimentos que o ilustrador imprimiu ao seu trabalho.
Num diálogo entre a história de Espanha, nomedamente do episódio que aqui se evidencia, e a história de Picasso e da forma como o pintor sentiu a barbárie de que o seu país estava a ser vítima, esta narrativa respira mágoa e revolta.
Notem-se os pormenores, como o carvalho que existe numa praça de Guernica, árvore sagrada que simboliza a independência basca, que se manteve de pé após o ataque. Incrível!
Picasso, a quem tinha sido encomendada uma pintura de cerca de 8 metros para a Exposição Mundial de Paris de 1937, não consegue abstrair-se das notícias sanguinárias que recebe e o seu ódio para com os acontecimentos reportados fazem-no criar uma obra de homenagem às vítimas, mas também de denúncia da situação política do seu país. O seu quadro Guernica foi colocado no pavilhão espanhol da exposição em 4 de Junho de 1937. Mesmo em frente foi exposto um enorme retrato de Frederico García Lorca, poeta assassinado pelas tropas franquistas em Agosto de 1936.
O livro que aqui vos deixamos ganha ainda pelo enquadramento histórico e a análise ao quadro de Picasso, que surgem no final da narrativa, com fotografias do pintor e dos estudos elaborados para o Guernica. Aqui pode ler-se algo curioso:«Anos máis tarde, em 1940, un oficial nazi alemán contemplando unha reprodución do Guernica pergunta ao artista: «Foi vostede quen fixo isto?»,«Non, vostedes!», responde Picasso.»
«No cadro no que estou traballando e que vou chamar Guernica, e en todas as miñas obras recentes, expreso claramente o meu horror pola casta militar que afundiu España num océano de dor e morte». Picasso
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