Há uns tempos, cruzámo-nos com Federico Garcia Lorca, ali para os lados do Chiado. Foi na Gatafunho, onde encontrámos Santiago.
Santiago é um dos primeiros poemas de Lorca, mas nem por isso nos cansamos dele. Conta o poeta, como só ele sabe, a visita do apóstolo Santiago a uma pobre e velha camponesa.
O texto poético de Lorca é marcada por uma cadência rítmica e um fulgor desconcertantes. E encontra em Javier Zabala o parceiro certo para dotar o livro de uma genialidade que o torna imperdível.
-Al pasar me miró sonriente
y una estrella dejóme aquí dentro.
-Donde tienes guardada esa estrella?
-le pergunta un chiquillo travieso-.
-Se ha apagado - dijéronle otros-
como cosa de un encantamiento?
-No, hijos míos, la estrella relumbra,
que en el alma clavada la llevo.
La tristeza que tiene mi alma,
por el blanco camino la dejo,
para ver si la encuentran los niños
y en el agua la vayan hundiendo,
para ver si en la noche estrellada
a muy lejos la llevan los vientos.
Santiago foi premiado em Bolonha, em 2008. Mas já em 2005, Javier Zabala tinha recebido igual distinção com o "seu" Don Quijote de La Mancha. É um daqueles ilustradores que os Hipopómatos "perseguem". Achamo-lo simplesmente genial e fazemos questão de o ter sempre à mão...
A forma como Zabala pega num poema ou numa história e os ilustra confere-lhes uma nova e peculiar identidade. É assim com o poema de Lorca. É assim, igualmente, com a conhecida história de Gianni Rodari, O Homem que comprou a cidade de Estocolmo.
Gostávamos de o ver mais por cá...