sexta-feira, 28 de novembro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

The Pilot and the Little Prince


Vencedor do Prémio Hans Christian Andersen, em 2012, Peter Sís é um autor, melhor, um criador singular. Os seus livros revelam um estilo peculiar, marcado por uma narrativa desenhada, com recurso a uma multiplicidade de símbolos, na qual texto e imagem se harmonizam de forma exemplar. Histórias que se intuem geometricamente pensadas.



As biografias são uma temática recorrente na sua obra. A paixão que dela emana  por  alguns vultos da História, pela grandeza das suas vidas e das suas personalidades, pela herança que doaram à humanidade, é absolutamente contagiante.  É assim em A Árvore da Vida, único livro do autor editado entre nós, pela Terramar, onde conta a fascinante vida de  Charles Darwin, e em Starry Messengerdedicado ao grande  Galileu Galilei.



O que muitas vezes soa a maçador, quando falamos de livros biográficos,  adquire, na obra deste autor, uma dimensão de excelência. Como se desejasse não deixar ninguém indiferente. E não deixa. Os mais pequenos perdem-se extasiados nos seus livros. Nós, leitores adultos, ligamo-nos a eles com a mesma afeição que dedicamos aos objectos que fazem parte de nós.


Com uma simbologia própria,  como se de um  código de leitura se tratasse, página a página, o livro transforma-se em algo mais.  Uma parafernália de 
círculos, rectângulos, estrelas, mapas, árvores genealógicas em forma de mandalas, diários, notas... vai acolhendo pequenas histórias dentro da história. Todos estes elementos coabitam numa ordem geométrica e numa escrupulosa unicidade. 



A singularidade e riqueza visuais  aliadas ao rigor documental, transforma-nos em leitores fascinados pela vida e obra de quem fala. Vemos cada detalhe, seja qual for o sentido da orientação da leitura. Permanecemos em cada página por tempo indeterminado.



É o que acontece no seu último livro The Pilot and the Little Prince, The Life of Antoine de Saint-Exupéry. A história do autor de O Principezinho é-nos contada com uma sábia mestria e resulta num livro belo e extraordinário!



Saint- Exupéry  chegou ao mundo em 1900, altura em que a França via inventarem-se os primeiros aviões. O rapaz, que nasceu com cabelo cor de ouro e a quem a família chamava rei-sol, cresceu com a paixão  pelas asas.  Aos doze anos,  construía a sua primeira máquina voadora e ainda que as coisas não tenham corrido pelo melhor,  não se deixou desencorajar.



Mais tarde, viria a tornar-se um piloto exímio, cabendo-lhe papel de relevo como um dos pioneiros do correio aéreo. As rotas que percorria, os obstáculos que venceu, os acidentes sofridos, os amigos que teve, os sonhos realizados, são minuciosa e magicamente contados por Sís. 



O Capitão dos Pássaros, como ficou conhecido pelos nativos durante os dois anos que viveu na solidão do deserto debaixo de milhões de estrelas, atravessou glaciares, sobrevoou montanhas e florestas tropicais, venceu ventos e tempestades. Tornou-se conhecido do mundo como piloto e escritor.


A chegada da II Guerra Mundial coloca-o nos céus com outro tipo de missão, tornando-se um observador das atrocidades cometidas pelos alemães.


Recusando viver numa França sob domínio nazi, Saint- Exupéry acabaria por apanhar um barco até Lisboa para conseguir rumar a Nova Iorque. É lá que, em 1943, publica O Principezinho.


As saudades do seu país e de voar falaram mais alto e, dois anos volvidos, acaba por regressar. A França e aos céus. No dia 31 de julho de 1944, voou até Borgo, na região da Córsega, com a missão de fotografar as posições inimigas. Nunca mais voltou. 


Peter Sís escreve: " Maybe Antoine found his own glittering planet next to the stars".


Uma extraordinária e inesquecível  viagem pelo tempo e pelo espaço. Acompanhamos Saint-Exupéry nas suas arrojadas viagens,  conhecemos-lhe as rotas, descobrimos-lhe a sensibilidade de sonhador.  Já antes, na sua infância, nos tínhamos levantado de madrugada para lhe fazer a vontade e ouvir os seus poemas. 
As obras de Sís não se lêem de uma assentada. Fazem-nos ler, esmiuçar cada detalhe fabuloso. Esperamos que, tal como Saint- Exupéry, também os livros de Peter Sís  cheguem a Portugal. Desta feita, não de passagem. Que venham para ficar. Porque merecemos!
                                                      

Não esqueçam que estamos em festa e temos 6 livros magníficos para oferecer aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Estamos Em Festa, Pá!


Domingo, os Hipopómatos comemoram o seu 3º aniversário! Festejamos com livros e com vocês! Com a amável colaboração das editoras Kalandraka e Dinalivro, temos livros fantásticos para oferecer! A festa está aberta. Be our guest.





Obra vencedora do VII Prémio Internacional de Compostela para Álbuns Ilustrados. Ícaro, da autoria de Frederico Delicado, é um livro para percorrer com asas!






Queridos Extintos, da já nossa conhecida Arianna Papini, apresenta-nos 20 animais que estão em vias de extinção ou que já não existem. A beleza das ilustrações,  retratos realistas, não nos deixa esquecer como é necessário e urgente intervir!




Um dos contos de Natal mais conhecidos e amados da literatura. Uma Canção de Natal, de Charles Dickens, magistralmente ilustrado por Roberto Innocenti! Dele falámos aqui.



Prémio Branquinho da Fonseca 2013. Com texto de Ricardo Gonçalves Dias e fabulosas ilustrações da Marta Madureira, O Primeiro País da Manhã é um lugar que todos vão querer visitar.













                                



O Autocarro de Rosa Parks, escrito por Fabrizio Silei e ilustrado por Maurizio A. C. Quarello. Com a chancela da Amnistia Internacional, o livro é uma homenagem à coragem de Rosa Parks, uma mulher simples que no dia 1 de Dezembro de 1955, ao permanecer sentada, recusando ceder o seu lugar a um branco, mudaria para sempre a história do movimento pela luta dos direitos civis dos negros. 
Tudo o que não podemos esquecer e queremos que os mais novos lembrem, torna este livro obrigatório!                                                                                   


Cinderela, Uma história de amor Art Déco, com adaptação de Lynn Roberts e ilustrações de David Roberts. Um clássico transportado para os anos 30, com grande dose de humor. O anterior percurso como designer de moda confere às ilustrações de David Roberts um rigor estonteante!
O que pretendemos: Venham até aqui e falem-nos sobre LIVROS!


O quê? O que vos apetecer! Falem sobre estes ou sobre  qualquer outro livro de que gostem... dos que não dispensam ler aos vossos filhos, aos vossos alunos... de um qualquer livro de que os Hipopómatos tenham falado neste último ano... de um livro que vos diga muito, ainda que não tenhamos falado dele... sobre formas de fomentar hábitos de leitura nas nossas crianças e jovens... sobre tudo o que considerem relevante sobre eles, OS LIVROS! Mas venham!

Até dia 29, contamos com todos vocês para esta FESTA DO LIVRO! 
A atribuição dos livros nada tem a ver com o conteúdo dos comentários. Apenas a sorte ditará os 6 vencedores do sorteio. 
Como sempre, o único requisito para entrar é serem nossos seguidores. Já estamos à vossa espera!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

ABZZZZ...

O seu filho é daqueles que nunca mais adormece? ABZZZZ...
Dos que inventa sempre mais um pretexto na hora de apagar a luz? ABZZZZ...
Dos que travam batalhas intermináveis com o sono? ABZZZZ...

ABZZZZ... uma solução cientificamente testada. 


No nosso laboratório não falhou. Hipopómatos grandes e pequenos têm tido noites bem mais tranquilas desde que o livro do Planeta Tangerina,  escrito por Isabel Minhós Martins e ilustrado por Yara Kono, passou a dormir cá por casa.


Confessamos a nossa paixão por livros abecedários. De nomes, cores, bichos, ideias, sensações, formas... Coleccionamos tudo! Mas um ABC do sono? Estamos sonolentamente rendidos!


Na contracapa, as autoras deste ABC vão logo avisando que,  se tudo correr bem, o livro nos fará adormecer muito antes do abecedário chegar ao fim... 


Num abrir e fechar de olhos, deixamo-nos embalar.
B- Está provado cientificamente: os bocejos são contagiosos. 
C-O sono é um programa de arrumar o cérebro. Pensa nas vantagens: só tens de dormir umas horas e o teu cérebro arruma-se sozinho!


Um livro em discurso directo, onde as perguntas, quase sempre formuladas num registo desafiante,  parecem revestir-se de extrema eficácia. 
E tu, a que letra chegarás?
O que esperas?
E agora, o que é que vais fazer?
Enquanto não dormes não chega a manhã, não sabias?
O que é que estás aqui a fazer?
Mas os teus pais não são corujas, ou são?



Aqui e ali, uma ou outra provocação afigura-se-nos garantia de sucesso junto dos mais pequenos. Mesmo dos mais agitados! 
F- Finca-Pé -(...) Mas se queres ser um sempre-tonto-em-pé, tudo bem, tudo bem...



Com uma letra por página, o fabuloso  e divertido texto  de Isabel Minhós Martins casa na perfeição com a magistral simplicidade das ilustrações, num registo quase infantil, bem ao jeito de Yara Kono. Tudo somado, este ABC resulta num livro original e irrequietamente imaginativo.


Enquanto as pálpebras não fecham, vamos encontrando pensamentos que são como mosquitos,  ou camas que precisam de uma boa noite de sono logo que chega a manhã. 


Já diziam os sábios mais antigos: "Quem acorda pássaros, semeia tempestades". Pleno de criatividade, por entre todos os bocejos, este é ainda um livro que se desliga sozinho! E mais não dizemos. 
ABZZZZ... Obrigatório para quem tenha insónias. E para quem não tenha.


Já estão a bocejar? Adormeceram? N-Ã-O!! Esperem... Não queremos ser "uma batata podre"!!!!


ABZZZZ...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sem Prazo de Validade


Às vezes, as crianças fazem perguntas difíceis. 
Os livros têm prazo de validade?- perguntaram-nos há uns dias. 
Depende, respondemos depois de uma pausa prolongada. Alguns não. 
Demos exemplos. Poucos. Um deles foi O País das Pessoas de Pernas Para o Ar, escrito há mais de quarenta anos por Manuel António Pina. 
Dizem-nos que se fosse vivo, faria hoje anos. E não está? Parabéns, Pina!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

The Lion And The Bird


Às vezes, os pássaros sorriem-nos. Acontece sempre que abrimos um livro como The Lion And The Bird. Não são muitas as palavras usadas pela autora, Marianne Dubuc,  mas é   imensa a história que nos conta. Daquelas que dão vontade de ser criança.


Um livro feito de silêncios, de pausas. De coisas simples e grandiosas como a amizade e a generosidade. Mas também de solidão e sabedoria, que atravessam as quatro estações do ano. 


Num dia de Outono, quando trabalhava no seu jardim, um som chama a atenção do leão para um pássaro que caíra ferido. Decide tratá-lo. Quando acaba, o resto do bando já vai longe. É o inicio de uma bela amizade.


Juntos enfrentarão o rigoroso Inverno que se avizinha e o nosso leão revela-se um exímio anfitrião.


O seu acolhedor lar passa a ser também o do amigo recém-chegado. Partilha é agora a palavra de ordem. Este leão de bom coração parece pensar em todos os detalhes para proporcionar conforto ao visitante.


Detalhes que Dubuc nos revela através das ilustrações. Com uma simplicidade deslumbrante, quase infantil, que nos rouba sorriso atrás de sorriso. As soluções encontradas para o amigo, quer a caixa junto à lareira, quer o chinelo onde dorme, dizem bem da ternura e do desvelo do leão para com o pássaro.


E nós,  como gostaríamos de ouvir a história que o leão lê ao pássaro! Imaginamos-lhe a sonoridade da voz grave e calma, ritmada pela sabedoria e pela experiência da vida. 


Lá fora, o Inverno trouxe a neve. Mas, nem por isso, os dois amigos deixam de usufruir de momentos magníficos. Winter doesn't feel all that cold with a friend.


O tempo da história é marcado pelo decurso das estações do ano. Pela sua relação directa com o fenómeno da migração. Do próprio ciclo de vida. Mais uma vez, é notável a forma sequencial como nos é transmitida a passagem da estação fria e o despertar da Primavera...


A inevitabilidade da partida do amigo. 



Perante a separação iminente, que conduzirá o amigo a novos voos e lhe retornará a solidão dos dias, 


o  sábio leão profere apenas uma frase: "Yes," says Lion. "I know."


À medida que o pássaro se afasta, desaparecendo no horizonte, o leão vai ficando cada vez mais pequeno. Adivinhamos-lhe a tristeza do vazio deixado pelo amigo, as recordações, o regresso à solitária rotina dos seus dias.  Tudo isto, através do jogo de perspectivas, dos espaços brancos em redor, da sóbria paleta de cores, brilhantemente explorados pela autora.



Brilhantismo e simplicidade andam aqui de mãos dadas. Através da cor das árvores, do tempo da colheita ou do simples cair de uma folha, conseguimos prever a proximidade de cada nova estação. 


Ao longo de um Verão, cujos dias teimam em passar lenta, lentamente, a cara do leão vai deixando transparecer sentimentos. Quase conseguimos ouvir-lhe os pensamentos. Esperança, incerteza, saudade, expectativa...


Sublime, magnífico, belo... Sem dúvida, uma das nossas escolhas 2014. Esperamos que os próximos voos sejam para Portugal. Os pássaros continuam a sorrir-nos.